Candidata Nº2

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Bree estava repreendendo a si mesma enquanto saia da aula de diplomacia, ela não podia perder a paciência toda vez que Natalie resolvesse provocá-la. Ela era mais inteligente que isso, pelo menos ela deveria ser. Bree tinha desvendado o pedido na carta da Rainha Ehlena. Como as demandas estavam alem da competência de Bree, ela tinha passado as informações a Primeira Ministra. Se tudo desse certo, Ayana estaria em casa em alguns dias. Como todas as suas amigas tinham compromissos para aquela tarde, e ela mesma já estava em dia com suas obrigações. Bree decidiu resolver uma pendência que estava deixando de lado nos últimos meses. Além da dança Bree também tinha dificuldade em realizar outra tarefa que julgava ser essencial para uma princesa, ela não sabia lutar. Essa era uma lição que ainda não estava na grade curricular, mas que entraria em breve, ela não tinha duvidas. Nós últimos quatrocentos anos todas as rainhas de Arzua foram guerreiras, elas deviam ser capazes de proteger o reino contra qualquer ameaça. Nenhuma rainha jamais deixou que outras pessoas comandassem os seus exércitos, a rainha era a personificação da guerra e Bree? Bem, ela já tinha lido muito sobre a guerra e ate mesmo sobre técnicas de manejo de espadas, mas essa era uma daquelas coisas que você não podia simplesmente ler a respeito, era necessario praticar. Como não estava acostumada a fracassar em nada que se dispusesse a fazer ela precisava aprender a usar uma espada antes que isso fosse realmente necessario, para que quando suas aulas começassem ela já dominasse o suficiente da técnica para não passar vergonha na frente das outras candidatas.

Durante vários dias ela ficou remoendo a ideia de que precisava começar a ter aulas, mas ela sempre achava uma desculpa para atrasar a tarefa, pelo menos ate aquele dia. Com um suspiro consternado ela foi para seu quarto e trocou seu longo vestido de cetim azul meia noite por uma camisa de seda e calças justas de lã de carneiro. No lugar dos elegantes sapatos de salto que acrescentavam uns bons dez centímetros a sua altura ela calçou botas de couro e saiu em direção ao térreo do palácio. Bree conhecia bem os corredores do palácio, ela nunca se perdia e sabia encontrar qualquer ala. O problema era entrar em um lugar ou outro onde sua presença não era permitida. As passagens secretas que ela descobriu ajudavam nesse assunto, mas não havia passagens para todos os cômodos do palácio. Com uma careta ela desceu o ultimo lance de escadas e virou a esquerda para um corredor quase oculto, aquela ala não era para acesso comum. Ela continuou andando sem se incomodar com as risadas e a musica que pareciam ficar mais altos a medida que ela se aproximava de seu objetivo. Parada em frente a uma porta de madeira simples ela se sentiu hesitante. Candidatas a princesa tinham plena liberdade no palácio, elas podiam ir e vir como bem entendiam para quase todos os lugares, Bree começou a se perguntar se aquilo era ultrapassar os limites. Com um dar de ombros ela respirou fundo e deu três batidas fortes na porta. Dentro do cômodo todo som cessou e ela pode ouvir que alguém veio correndo para ver que estava batendo na porta. Para o alivio da garota quando a porta se abriu ela viu um rosto conhecido.

—Lady Desmond? Perguntou o guarda Carter ao vê-la e apesar do espanto ele se curvou em uma reverencia polida. —Há alguma coisa em que posso ajudá-la? Apesar de usar Carter para a tarefa que tinha em mente ser uma boa ideia como qualquer outra, não era ele que ela queria.

—Eu estou procurando pelo guarda Aspen, Matthew Aspen. Eu sei que ele não esta a serviço de Claire hoje e gostaria de saber se ele esta aqui. As sobrancelhas do guarda Carter se ergueram de curiosidade, mas Bree não deu brecha e logo cortou toda especulação com um olhar velado. O guarda corou e disse

—Acredito que Matt esta no quarto, posso levá-la ate lá se a senhorita quiser. Ele abriu um pouco mais a porta e Bree viu que vários outros guardas fora de serviço estavam avaliando a situação, se perguntando o que uma Lady estaria fazendo na área dos dormitórios dos guardas.

—Isso seria ótimo. Respondeu ela de forma polida tentando ocultar seu desconforto por trás de uma mascara de indiferença. O guarda fez sinal para que ela entrasse e Bree o seguiu tentando ignorar os olhares que recebia enquanto passava pelo que parecia ser o salão comum dos guardas. Eles tinham bancos e mesas de madeira, comida farta e muita cerveja, não era a toa que os exércitos sempre podiam contar com novos recrutamentos. A vida dos soldados não era ruim. A ala dos dormitórios em si era quieta, exceto talvez por um ruído ou dois de alguém tocando um violão, ou que tinha encontrado uma companhia interessante na noite anterior. Quando estavam no fim do corredor, o guarda Carter bateu em uma das portas e esperou.

—Pode entrar. Matthew respondeu de dentro do quarto e Bree se moveu em direção a porta.

—Espere aqui Senhorita. Carter se colocou na frente dela, Bree deu um passo para trás e assentiu. Ele abriu a porta e entrou sem dar nenhum vislumbre do interior do quarto para Bree, ela se aproximou mais da porta para poder ouvir.

—Carter desista, não vou ajudar você a sair com a Dalila. Ela é areia de mais para o seu caminhãozinho. Começou Matthew antes que o guarda pudesse falar alguma coisa.

—Não é por isso que eu estou aqui. Você tem visita.

—Pois diga que não estou, é meu dia de folga.

—Acho que você não pode simplesmente dispensá-la.

—Por que? Quem é?

—Lady Desmond. — Houve uma curta pausa. —Bree Desmond.

—Eu sei quem Lady Desmond é, onde ela esta?

—No corredor. Bree se afastou da porta quando percebeu que eles se aproximavam e acabou vendo Lila saindo de um dos quartos, ela era uma das estilistas de Bree. A garota lhe lançou um olhar maldoso que ela respondeu com uma virada de olhos antes de se virar para sair.

—Aquela é sua estilista? Perguntou Matthew que tinha se aproximado sem ela perceber.

—Pelo visto sim. Resmungou Bree enquanto o guarda Carter saia do quarto.

—O que ela veio fazer aqui? A garota usou o mesmo olhar maldoso para responder a pergunta. Matthew e Carter coraram.

—Uma visita noturna pelo jeito. Você esta ocupado? Eu tenho uma tarefa para você. Matthew a olhou de cima a baixo e fechou a cara.

—É meu dia de folga. Ele respondeu carrancudo e Carter pareceu surpreso.

—Tenho certeza que consigo te liberar do serviço outro dia da semana, Claire vai sobreviver com apenas dois guardas por mais um dia. Os dois trocaram um olhar desafiador e por fim ele revirou os olhos e disse.

—Do que a Senhorita precisa? Ela fez uma careta para a formalidade, mas decidiu que não valia a pena começar uma discussão.

—Me encontre na ala noroeste em meia hora. Você vai descobrir. Bree não esperou a resposta e começou a caminhar para saída, quando percebeu que Carter tencionava segui-la ela disse.

—Não precisa se incomodar soldado Carter, eu consigo achar a saída sozinha. Ele parou e a garota conseguiu ouvi-lo dizer aos sussurros.

—Alguém tão pequeno não deveria ser tão assustador. Ela deixou um pequeno sorriso se espalhar pelo seu rosto quando ouviu Matthew responder.

—Não se deixe enganar pelo tamanho. Ela é ainda mais assustadora do que parece.



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Beijinhos, Carol Siqueira

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