As Sombras

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  O inverno do lado de fora era forte, com rajadas congelantes, neve fofa se prendia ao chão e lagos límpidos tinham virado gelo.Esse era um inverno como as Sombras não viam a dezesseis anos. Era o tipo de inverno que só poderia ter sido chamado por alguém das linhagens antigas, alguém que tinha o sangue do Pacto correndo em suas veias.  Por alguém da magia fundadora. De algum jeito a criança fora encontrada, a pequena e poderosa herdeira da qual as Sombras só tinham visto um vislumbre. 

Evangeline Vishous.

 Por muitos anos acreditava-se que a herdeira tinha sido perdida, morta ou simplesmente tão bem escondida que não poderia ser achada. Mas a garota vivia e sua magia, ainda que destreinada, era forte. As próprias Sombras tinham se garantido que aquela criança fosse honrada não apenas com a magia de seus pais, mas também com o tipo de magia que dera origem a aquele mundo. Ninguém se compararia a ela em magia e autoridade, aquela tinha sido uma herdeira especial e agora ela estava novamente onde deveria estar. Uma vez que ela se sentasse no trono e deitasse a coroa em sua cabeça, ninguém no mundo seria tão poderoso quanto ela. Era o que dizia a canção de sonhos e sangue, uma canção tão velha quanto o mundo. O Pacto dos fundadores com as Sombras era delicado, cheio de critérios e pormenores. O preço de sangue e sonhos só podia ser cobrado da Primeira Família, tanto dos que descenderam de Vishousa como os que descenderam de Phurya, ao mesmo tempo. Uma parte precisava da outra para ser cobrada. Com a Princesa desaparecida, ninguém podia representar os Vishous e por muito anos as Sombras ficaram esfomeadas. Se satisfizeram com um alimento fraco e escasso que possuíam. Não mais. Já era hora das Sombras terem o que mereciam, de serem pagas pelo que fizeram e a herdeira os proveria. De um jeito ou de outro.  





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Beijinhos, carol siqueira  

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