Candidata N°18

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Rebecka estava presa em cada palavra que Natalie Randall dizia, não porque a garota fosse particularmente agradável, e sim porque o pai dela era dono de um dos mais importantes comércios de tecidos do país. Rebecka não era interesseira, mas acreditava em se aliar com pessoas importantes. Ela estava longe de casa com pessoas desconhecidas e traiçoeiras em cada lado e por isso ela precisava construir para si uma espécie de segurança. Ela não confiava que Natalie a protegeria a todo custo, mas enquanto Rebecka parecesse de importância para ela, à garota estava segura o suficiente. O pai de Natalie conhecia pessoas no palácio, segundo ela, cada um dos vestidos usados naquela noite foram feitos com tecidos que ele forneceu e por isso Natalie achou que fosse boa ideia procurar briga com Claire Labonair. Rebecka nem sempre fora rica, e durante a sua infância pobre ela aprendeu exatamente com que podia e não podia mexer. Claire não era o tipo de garota que alguém poderia querer como inimiga, ela não parecia presa a regras e havia algo no jeito que a garota olhou para Natalie antes de respondê-la que fez os pelos da nuca de Rebecka ficarem arrepiados. Bree, que já era amiga intima de Claire, Rebecka conhecia desde pequena e sabia que tão pouco era alguém para criar inimizade, ela era vingativa e astuta e nunca, nunca mesmo se esquecia quando alguém a ofendia. Apesar de não serem muito espertas as novas amigas de Rebecka eram bonitas e talentosas como ela, mas eram difíceis de aguentar. Willa era burra como uma porta, Karen não tinha opinião própria, Lívia nunca falava nada e Natalie. Natalie não calaria a boca nem se a vida dela dependesse disso. O som da voz dela estava arranhando os ouvidos de Rebecka aquela altura e com a desculpa de ajeitar o vestido ela conseguiu se afastar um pouco dom som irritante. De frente para o espelho Rebecka não pode deixar de notar que estava bem impressionante, nem em seu recital mais importante ela se vestira com tanto luxo. Seu vestido era dourado e nude, com borboletas bordadas em fios de ouro na sua saia. A cor era perfeita para ela valorizando as matizes negras de sua pele, seus cabelos longos, cacheados e rebeldes foram deixados soltos o que só revelava mais a beleza exuberante da cor cobre dele. Karen se aproximou dela como se tivesse a intenção de prender um fio solto de seu penteado e sussurrou.
-Pelos deuses a voz de Natalie vai acabar me deixando louca. Rebecka não pode evitar de sorrir, talvez Karen não fosse tão sem opinião assim, mas não teve tempo para respondê-la. Uma mulher de cabelos grisalhos e com um vestido preto e azul surgiu no corredor
Ela era baixinha e tinha um olhar perigoso no rosto.
-Boa Noite senhoritas. Começou ela com uma voz sucinta que fez todos no cômodo se calarem de uma vez só. Rebecka fez uma careta, ela era uma Controle. Era um tipo de magia, como a Sonara de Rebecka, mas ao invés de torná-la sensível a musica a fazia controlar as pessoas com palavras, ninguém gostava de ter Controles por perto. -Eu sou a Senhora Edna Gardner e durante os próximos cinco anos, serei a responsável pela educação de vocês. Rebecka sentiu a tensão no corredor crescer, apesar de ninguém dizer uma palavra sequer. -Se as senhoritas puderem me acompanhar, no devemos começar com a celebração do solstício*. Ninguém se objetou e o farfalhar das saias os vestidos e o bater das botas dos guardas no chão foram os únicos sons ouvido enquanto eles desciam as escadas bifurcadas que davam para o térreo do palácio. A habitação era enorme, um labirinto complexo e denso, construído para deixar intrusos perdidos. O nome do palácio se dava ao fato dele, assim como toda a capital, ser feito de cristal e vidro o que fazia com que elas reluzissem com as cores do arco-íris sempre que fossem iluminados.
Cada uma das pessoas em Arzua era regida por uma magia própria, algumas pessoas chamavam de bruxaria, mas havia algumas pessoas, pessoas mais antigas que diziam que era algo mais. Se nas demais cidades do país o uso de magia era singelo e controlado devido ao fato de que a maioria das pessoas não detinha conhecimento o suficiente para administrar bem seus dons na capital a magia era forte e efervescente e estava presente em toda parte. Nos comandos precisos e inquestionáveis da senhora Gardner, na luminosidade opressiva dos edifícios e na estufa onde Rebecka e as outras garotas entraram para realizar a celebração. Rebecka era uma Sonara, regida pela magia dos sons, mesmo assim ela pode perceber a magia Florata que pulsava como um coração a sua volta. Flores de todas as formas e cores lotavam a estufa, liberando um cheiro doce e poderoso por todo lugar. A cima dela um domo de cristal se erguia protegendo as flores do clima gelado do lado de fora e deixando o céu azul escuro e sedoso como veludo a mostra.
-Boa noite Senhoritas. Disse a Primeira Ministra que estava parada de frente para todas elas. -Eu sei que não houve tempo o suficiente para nos conhecermos bem e também sei que magia é algo muito pessoal, mas me sentiria imensamente honrada se vocês aceitassem chamar esse inverno comigo. Ela estava certa, magia era pessoal. Geralmente feita no seio da família ou com amigos íntimos, mas Rebecka podia apostar que ninguém recusaria. Ela não apostaria errado.
-Obrigada. A mulher voltou a falar com um meio sorriso. -Acredito que todas vocês saibam o que fazer. Todas as garotas assentiram, era um feitiço fácil afinal. Agradecer ao outono por sua presença, se despedir dele e por fim convidar o inverno. Na estufa havia espaço o suficiente para realizar as danças harmoniosas e a medida que Rebecka cantava as palavras tão antigas que ela nem se lembrava como as aprendera, a magia se condensou acima dela multicolorida e poderosa. Uma cor especifica para cada pessoa que conjurava formando uma teia densa e complexa que enchia a estufa. No minuto seguinte a teia explodiu e lá fora minúsculos flocos de neve começaram a cair. Era inicio do inverno, mas ele não era a única coisa que estava começando aquela noite e Rebecka sabia bem disso.


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Beijinhos, carol siqueira

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