Candidata Nº1

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A porta do quarto bateu com um estrondo atrás deles, Ayana riu ainda no colo de Asmyr. Ele a colocou no chão com suavidade e a encarou, vendo muito mais que seus olhos, mais que a cor neles. Ele via sua alma.

—Você quer que eu vá dormir em outro lugar? Ayana o olhou confusa, se sentindo insegura e exposta de repente.

—Por que eu ia querer isso? Ele coçou a cabeça parecendo desconfortável, aquela era a primeira vez que Ayana o via assim.

—Você bebeu muito daquele vinho e essa noite... Ela é feita para o sexo Ayana foi criada para isso. Não quero tirar vantagem de você. Que galante. Ela pensou dando um passo para trás. Asmyr. O Senhor da Noite. Príncipe da corte feérica. Bestial, selvagem e inconsequente estava ponderando se devia ou não tomar algo o que queria, tomá-la, por que não queria tirar vantagem dela. Ela quase riu, apesar das mudanças nela serem mais obvias Ayana sabia que também estava mudando o príncipe. A garota deu um passo para trás e sorriu de um jeito perigoso e sensual que tinha aprendido com o príncipe. Lentamente ela deslizou a alça do vestido para os lados e deixou que o tecido fino caísse aos seus pés. Além de suas tatuagens ela não vestia nada além de uma simples calcinha de renda. O olhar de Asmyr foi felino e lento e suave enquanto ele observava desejoso o que Ayana estava mostrando. Ele foi ate ela e lhe envolveu. Ela estava esperando força, ímpeto e selvageria e em seu lugar recebeu suavidade, delicadeza e uma pontada de provocação. Os lábios dele não tinham pressa contra os dela, estavam explorando o longo caminho que eles tinham percorridos juntos. Ela sentiu seus pés serem elevados no ar, sentiu suas asas serem pressionadas contra a cama de flores dele e o sentiu. Sentiu os beijos quentes e delicados que Asmyr espalhou por cada parte de seu corpo, sentiu o êxtase quando ele encontrou exatamente o lugar onde ela queria ser beijada e sentiu como se o mundo estivesse explodindo de baixo dela e ela fosse incapaz de fazer qualquer coisa que não fosse aproveitar.

***

Ayana estava acordada quando a primeira luz do sol entrou no quarto e beijou Asmyr nos cabelos. Ele estava imerso em um sono profundo, a boca ligeiramente aberta parecendo exausto. E deveria mesmo. Eles não tinham dormido muito a noite. Quando Asmyr finalmente tinha caído na cama, cansado pelo esforço de satisfazê-la, de se satisfazer, ele tinha pegado no sono em segundo. Ayana por outro lado não tinha conseguido dormir, quando fechava os olhos tudo que ela via era o rosto de Victor a sua frente, irritado, frustrado e triste. Desde que chegara a corte ela raramente pensava nele, existia algo fundamentalmente incomodo em invocar o nome dele ali, como se fosse errado, estrangeiro naquele terreno. Em um mundo onde loucura era a palavra de ordem a sanidade de seus sentimentos por Victor rapidamente fora escondida, enterrada por uma montanha de emoções loucas como as dos feéricos. Apesar de ter nascido Naturalis ela tinha sido feita em feérica, em fada, em um tipo diferente do seu. Ela não podia se evitar de pensar que enquanto ela estava na cama de Asmyr, nua e deliciosamente satisfeita com o que fizera na noite anterior, Victor estava em Arzua preocupado com a segurança dela, esperando por ela. Victor que tinha dito que a amava de uma maneira tão linda e pura, dizendo que entendia sua arte, que entendia a sua historia e agora fora traído. Ela tinha dito que o amava e realmente se sentia assim, mas haviam tantos tipos de amor... Não seria nenhuma surpresa se ela tivesse confundido as coisas, se o desespero para escapar de sua escuridão e tristeza a fizesse amar qualquer um que enxergasse luz nela. Culpa, era isso que ela estava sentindo. Culpa por talvez ter enganado alguém que a amava, culpa por tê-lo traído, por ter gostado de fazer, culpa por ter certeza que se pudesse voltar no tempo ela faria tudo de novo. Ela tinha esperado poder culpar o vinho que a deixara mais desinibida, ou a noite cheia de magia e sedução dos feéricos, mas Asmyr tinha lhe dado uma opção. Ele estava disposto a deixá-la sozinha naquela noite e ela não tinha aceitado, da mesma maneira que não tinha aceitado voltar para casa quando ele lhe oferecera a liberdade semanas antes. Ayana estava cansada de negar, cansada de fingir estar com medo ou irritada. Era como Asmyr sempre dizia, não tinha ninguém olhando ali, ela finalmente podia ser ela mesma. Ninguém a julgaria na corte, ninguém encararia seus atos com traição. Ela era mais livre ali, mas ela não pertencia aquele lugar.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora