Candidata N°1

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Ayana estava se sentido perfeitamente bem na hora do jantar e ainda assim, tinha recusado à oferta da Primeira Ministra de se juntar as outras garotas para a refeição. Seu corpo estava completamente restaurado e seu rosto tinha voltado a sua perfeição habitual, mas a garota ainda se sentia bastante fragilizada. Ela conseguia ouvia os passos pesados do lado de fora de seu quarto, sem duvida os guardas que estavam ali para protegê-la, e ainda assim ela não conseguia evitar de olhar cada canto do cômodo a procura do perigo. Sua mãe costumava dizer que todas historias tinham que vir de algum lugar, por tanto, todas elas deviam conter ao menos um pingo de verdade. Ayana por sua vez tinha preferido acreditar do contrario, que Sombras eram apenas Sombras e não apresentavam nenhum perigo. Como ela tinha estado enganada. Depois de ter se deparado com o lobo feito de sombras, que não possuía nenhuma alma em seu corpo, Ayana tinha aprendido a sua lição. Ela não se deixaria enganar novamente.
Depois de comer a refeição que as criadas trouxeram Ayana se deitou preocupada com os pesadelos que não a deixariam dormir e apesar disso ela sonhou com sua casa. Com bosques verdes e brilhantes onde a luz do sol reinava, com borboletas belíssimas de asas azuis tão escuras que quase pareciam negras.
A próxima coisa que Ayana percebeu era que deveria ter fechados as cortinas antes de dormir. A luz bateu direto em seus olhos fazendo com que ela se encolhesse, ela teria voltado a dormir, mas minutos depois as criadas entraram dizendo que ela tinha que se apressar se não quisesse se atrasar para o café da manha. Elas seguravam um vestido lilás com bordados dourados, era de seda pura e deveria ser uma das roupas mais belas que Ayana já tinha posto os olhos. Ela se levantou da cama sabendo que cedo ou tarde deveria voltar a rotina do palácio e deixou que as criadas a arrumassem. Seu cabelo curto e cacheado foi parcialmente preso com presilhas douradas enfeitadas com ametistas, o vestido caia com perfeição, acentuando as curvas que ela tinha e moldando as que não estavam lá. Como sempre ela tinha sido moldada novamente a imagem de uma lady. Aquilo ainda a incomodava mais do que qualquer outra coisa, mais ate do que as constantes implicâncias de Natalie.
Ela ainda estava olhando sua imagem no espelho quando a porta atrás dela foi aberta. Ayana estava esperando Selene ou qualquer uma das garotas, mas não era nenhuma delas que estava ali. Parado na porta de seu quarto como olhos espantados estava o duque. A garota já o tinha visto algumas vezes, na noite da festa das luzes e ainda quando ela acordava no meio da noite e ele estava parado perto de sua cama, mas nunca tinha realmente prestado atenção nele. Victor era alto, mais alto do que qualquer um dos príncipes, seu cabelo tinha uma cor de ouro envelhecido entre o castanho e o loiro e tinha os olhos. Eles eram calmantes e familiares, em um tom tão reconfortante que era como se eles já se conhecessem a séculos. Ayana não pode espantar a sensação de que ela já tinha visto aquele olhar em algum lugar antes. Ao perceber que o estava encarando em seu reflexo por um tempo considerável Ayana corou e o duque pareceu embaraçado.
—Eu não sabia que você tinha acordado. Ele resmungou em uma voz tímida e grave, era exatamente o tipo de voz que se esperava de uma pessoa como ele. Uma voz feita para distribuir ordens. Ayana fez um gesto suave para as criadas que ainda estavam ajeitando seu vestido e elas se afastaram. Ela se virou e encarou o duque. Victor parecia ainda mais alto quando ela o olhava de frente.
—Acredito que a noticia ainda não foi divulgada, a Primeira Ministra quis me dar algum tempo.  O duque assentiu e como se de repente tivesse percebido a falha em seu comportamento ele disse.
—Me desculpe por entrar sem ser anunciado. Me permita começar novamente, meu nome é Victor Duque de Carrigton. Ayana sorriu um pouco com simpatia ao perceber o desconforto do garoto.
—Sei quem você é, não é como se eu não tivesse reparado na sua presença no meu quarto nas ultimas semanas. O duque começou a estalar os dedos inquieto e Ayana estava começando a se sentir mal por ele.
—Como você...? Quer dizer... Você estava acordada? Ela ajeitou o vestido e deu um passo na direção dele.
—Você sempre gagueja tanto ou eu te deixo desconfortável? Victor a olhou nós olhos por um longo minuto, mas por fim relaxou e riu.
—Confesso que talvez eu esteja um pouco desconfortável com a ideia de você achar que sou algum tipo de perseguidor pervertido.
—Bem perseguidor com certeza, já pervertido é difícil dizer. E respondendo a sua pergunta eu estava acordada algumas vezes, em outras você me acordava quando abria a porta. Ele assentiu enquanto dava um passo para dentro do quarto. —Mas não acho que esteja na posição de reclamar já que, pelo que eu entendi, foi você que salvou minha vida.  O duque desviou o olhar e abaixou a cabeça constrangido.
—Isso não te tira o direito de reclamar. Só por que um cara salvou sua vida não quer dizer que ele pode se esgueirar para o seu quarto todas as noites e te ver dormir. Um sorriso brincava em seu rosto mesmo através do constrangimento.
—Engraçado você dizer isso. Ayana tentou manter o ritmo da conversa. —Já que aparentemente foi exatamente isso que você fez.
—Então deixe-me oferecer as minhas mais sinceras desculpas. Eu apenas fiquei... Digamos intrigado, pela senhorita.
—Por mim ou pela possibilidade da minha morte eminente?
—Um pouco de cada. Seria um tremendo esforço desnecessário se eu a tivesse salvado apenas para que a senhorita morresse logo depois.
—Seria não é mesmo? Os dois estavam rindo aquela altura e os guardas de Ayana pareciam impacientes o que significava que ela já estava atrasada.
—Mas sinceramente Lady Ishad, fico mais de feliz em saber que a senhorita se recuperou com perfeição de seus ferimentos.
—Por favor me chame de Ayana. E saiba que é do fundo do meu coração que eu te agradeço por ter salvo minha vida.
—Acredito que apreciaria muito mais seu agradecimento se você voltasse a fazê-lo durante, quem sabe um almoço hoje? Ao meio-dia? Por mais que o duque parecesse ser muito agradável ela se viu pensando em maneiras de dispensa-lo. Ela se lembrava com clareza do que Dimitri tinha dito sobre ele e Ayana não estava nenhum pouco inclinada a ser mais um brinquedo da realeza. Mas aquilo não precisava tomar maiores proporções, era apenas um almoço de agradecimento e ela ainda teria a oportunidade de bagunçar um pouco a mente de Natalie.
—Não sei se Sua Alteza sabe, mas minha agenda é bem cheia, principalmente depois de todas essas semanas em que me afastei dos meus deveres.
—Acho que se vou chamá-la de Ayana é mais do que correto que você me retribua o favor e me chame de Victor. E quanto a sua agenda, não se preocupe. Posso cuidar disso.
—Já que você parece tão confiante não tenho porque me objetar. O duque sorriu para ela e lhe ofereceu o braço.
—Agora que nossos planos para o almoço já foram concluídos, devemos nós atentar ao horário por que tenho quase certeza que estamos perdendo o café da manha.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora