Candidata Nº18

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Rebecka ainda tentava assimilar o horror de ver o corpo de Claire ser carregado pelos corredores do palácio quase sem vida. O peito aberto jorrando sangue enquanto a ferida pulsava. A ferida das Sombras que poderia facilmente tê-la matado, mas a Primeira Ministra tinha uma solução. Rebecka estava disposta a apostar que Stefan faria o feitiço que salvaria a vida de Claire, mas ao invés disso, ele saiu do quarto sem dizer uma palavra e voltou com Bree ao seu encalço. O feitiço que Bree tinha realizado fora tão poderoso que Rebecka ainda podia sentir o pulso ao seu redor, como se ainda houvesse resquícios dele ali. Na cama, a cor parecia voltar gradativamente as feições de Claire. Bree tinha colocado Stefan para fora e ordenou aos criados que trocassem e limpassem Claire. Ela, Rebecka e Selene ajudaram e supervisionaram o processo. Durante todo aquele tempo a Primeira Ministra apenas observou com a mesma expressão petrificada e vazia que usava desde que chegara ao quarto. Quando percebeu que ninguém lhe dava atenção a mulher se moveu em direção a porta e saiu. Rebecka deixou que Bree e Selene se encarregassem de cuidar de Claire e seguiu a Primeira Ministra. Alguma coisa ali não cheirava bem, a mulher sabia de alguma coisa. Talvez ela ate soubesse como, exatamente, Sombras estavam se infiltrando no território do palácio. Rebecka suspeitava que aquele portal no corredor, que ela encontrara a tantas semanas atrás, não era o único.

A Primeira Ministra foi direto ate seu escritório e fechou a porta atrás de si. Rebecka testou a maçaneta esperando encontrá-la fechada, mas a porta se abriu com um rangido suave. A garota entrou não sabendo o que esperar, mas a Primeira Ministra apenas a encarou por um momento e disse.

—Eu não achei que começaria de novo tão cedo. Nós ainda temos tempo. Rebecka já tinha ouvido aquelas palavras vindo da Primeira Ministra antes. No dia em que ela descobrira o portal. —Tempo ate a divida de Sangue e Sonhos ser cobrada. Resmungou ela enquanto se afundava um pouco mais em sua cadeira.

—O que? Rebecka tinha se aproximado da mesa da mulher e começava a suspeitar que ela estava delirando.

—Como você acha que elas construíram tudo isso Desse Lado do Mundo Lady Michaels? Como acha que a Primeira Família criou reinos repletos de magia, em um lugar tão estéril quanto aqui?

—Todos os seis irmãos tinham magia. As historias contam que juntos eles usaram um poderoso feitiço para trazer magia Do Outro Lado do Mundo para cá.

—"Eles usaram um feitiço sombrio, alimentado pelo sangue que lhes corria nas veias e pelos sonhos que tinham." — Citou a Primeira Ministra em referencia a um livro de historia. Rebecka já ouvira aquilo milhares de vezes. — Um feitiço sombrio, quer dizer que Wrath, Pryde, Vishousa, Payne, Phury e Ghreed mexeram com forças que não conheciam. Quando eles criaram aquele feitiço, para realizar os sonhos que tinham, eles também criaram algo mais. Um tipo de escuridão única e faminta. Um tipo de escuridão que jamais nasceria, ela precisaria ser criada.

—As Sombras. 

Sussurrou Rebecka sem realmente acreditar no que estava ouvindo. A Primeira Família era sagrada entre os Naturalis. Eles fugiram de um grande mal que os afligia Do Outro Lado do Mundo e vierem encontrar abrigo ali. Juntos os seis irmãos tinham erguido um império, se juntado e construído dois grandes países. Com o tempo, quatro dos seis irmãos se perderam no tempo, levando com eles o segredo da imortalidade. Os Naturalis ainda viviam bem mais que os humanos, mas não tanto quanto os feéricos. Apenas Vishousa e Phurya sobreviveram. Juntas elas colocaram ordem no mundo e não pararam de governar ate que seus filhos se provassem capazes o suficiente para reinar. Alguns dizem que elas não morreram, apenas foram para um lugar de paz, deixando as responsabilidades para seus filhos.

—Quando perceberam o que tinham criado, os irmão tentaram concertar. Quatro deles tentaram caçar e extinguir aquele mal. Eles jamais voltaram. Vishousa e Phurya foram mais espertas. Elas fizeram uma aliança com as Sombras, elas as proveriam, as alimentariam e em troca disso elas jamais atacariam seu povo. O preço pela segurança eram dez sonhadores, dez crianças nascidas no meio do povo das rainhas. Elas deveriam ser entregues como oferendas, cordeiros se sacrificando por seu povo. A cada cinquenta anos uma nova oferenda seria oferecida, mas só poderia ser paga pelo sangue das duas irmãs restantes da Primeira Família.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora