A Primeira Ministra

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A carta em cima da mesa da Primeira Ministra cheirava a rosas, um tipo muito especifico de rosas, as da Corte do Sol Nascente. As fadas e os Naturalis tinham uma relação instável desde o inicio dos Novos Tempos. Quando a Primeira Família chegou daquele lado do mundo, quase não havia magia no continente. Os humanos viviam em paz com as fadas das Cortes e vez ou outra eles trocavam favores entre si, com a chegada dos Naturalis os feéricos trocaram de lado. Eles sempre escolhiam o lado vencedor de uma guerra e naqueles tempos os humanos não tinham condições de vencer. As rosas da Corte já eram famosas, o veneno letal para qualquer espécie e sem cura aparente era cobiçado e muito. Com cores vibrantes e um odor especifico aquelas flores eram o símbolo das Onze Corte Feéricas. O que por si só fez a Primeira Ministra estremecer, apesar de já ter ideia do que a carta diria. Ayana Ishad estava desaparecida desde a festa feérica e não era nenhum segredo que os feéricos adoravam um jogo. A mulher se sentou em sua mesa e abriu a carta, tomando cuidado para tocá-la o mínimo possível.

"Cara Primeira Ministra,

Ouvi dizer que a festa que Sua Excelência deu em honra ao meu povo foi divina, eu não duvido, Arzua sempre foi um país de muita graça e bom gosto. Agradeço por sua cordialidade, espero poder estar presente na próxima ocasião. E apesar de estar realmente grata, o verdadeiro motivo dessa carta, é para informar que um novo jogo começou. Como já deve ter notado, você perdeu uma de suas preciosas candidatas a princesa, devo dizer que Lady Ayana é encantadora apesar de carecer de modos. Não se preocupe vou educá-la com esmero no tempo que passarmos juntas. Caso queira ter sua candidatada de volta é preciso pagar o resgate. As pistas estão em seu magnífico palácio de cristal, fiquei atenta às rosas, você não vai querer se ferir com os espinhos e lembre-se. Quanto mais procuramos, menos a chance de achar alguma coisa. Tick tack, minha cara, o jogo já começou e você ainda esta na linha de largada.

Com eterno carinho Rainha Ehlena."

A Primeira Ministra amassou a carta com força. Ela odiava aqueles malditos jogos desde que tinha assumido o cargo. Os feéricos eram aliados excelentes, poderosos e imortais, mas a maneira como faziam acordos a tirava do serio. Os sequestros eram mais frequentes do que ela gostava de admitir, isso sem falar nas crianças trocadas que existiam pelo país, isso ela nem conseguia controlar. Nunca era uma simples questão dos Feéricos dizerem o que queriam daquela vez. Eles tinham que criar um maldito jogo cheio de enigmas, pegadinhas e pistas que as vezes levavam meses para serem desvendados. E enquanto isso Ayana era refém em um lugar hostil e com costumes que ela não conhecia. Ayana que podia muito bem se chamar Evangeline e ser Herdeira do Trono. Como já sabia o que esperar quando Ayana desapareceu depois da festa, a Primeira Ministra já tinha homens vasculhando cada canto do castelo a procura de qualquer sinal de algo que pudesse ser uma pista. Aquele jogo precisava acabar o mais rápido possível, daquela vez eles não tinham meses para resolver o problema. Os feéricos sempre retornavam as pessoas que sequestravam, o problema é que eles nem sempre retornavam sãos, ou inteiros para falar bem a verdade. De acordos com as leis que pesavam sobre os dois povos, Ayana não poderia ser morta contanto que não matasse ninguém, não podia ser feriada, contanto que não ferisse. Ayana não era uma das garotas que mais arrumava confusão no palácio, mas se provocada ela era tão perigosa quanto qualquer uma das outras, isso sem falar os danos a sua mente. Tudo que era cultivado pelos feéricos nas Cortes provocava reações estranhas em quem não era de lá, portanto se Ayana comesse ou bebesse qualquer coisa oferecida a ela, sua mente começaria a fugir de controle. E ainda tinha a magia estranha e ancestral que eles possuíam, que os tornavam capazes de seduzir a mente de qualquer um ate convencê-la a obedecer suas vontade. Quando esse tipo de controle era exercido na mente de alguém por tempo de mais a pessoa enlouquecia. Independente de qual fosse a razão Ayana precisava ser resgatada o mais rápido possível. Mas antes disso A Primeira Ministra tinha que cuidar das vinte e cinco garotas que ainda estavam no palácio e ficavam cada vez mais agitadas com o sumiço da amiga. Ao olhar para o relógio, ela viu que eram quase oito e meia, se corresse ela as alcançaria no café da manha. A mulher trancou a sala ao sair e desceu as escadas o mais rápido que pode, impaciente para riscar mais uma das tarefas da sua lista do dia. Ao chegar a sala de jantar, ela reparou que algumas das garotas não estavam presente, mas aquilo não era um problema. A noticia se espalharia rápido.

—Bom dia meninas. Ela começou em tom polido, tentando ser firme e ao mesmo tempo calorosa. As cabeças se voltaram rapidamente em sua direção, ela não pode deixar de notar que a Tríade do Oeste estava ali, juntamente com o duque Victor, esperando para ouvir o que ela tinha para dizer.

—Bom dia, Primeira Ministra. Elas responderam em um coro.

— Vossas Altezas. Ela cumprimentou fazendo uma reverencia rápida na direção dos príncipes e do duque. Os quatro apenas fizeram um movimento com a cabeça em sua direção.

—Bem, vou ser rápida por que não quero atrapalhar a programação de vocês. Para aqueles de vocês que estão preocupados a respeito do paradeiro da Lady Ayana eu trago boas noticias. Aquilo era um eufemismo, mas ela não queria assustar ninguém. —Lady Ayana foi escolhida pela rainha Ehlena para uma pequena viagem as Cortes Feéricas. Sinto muito por não ter informado antes, mas confesso que havia me esquecido da solicitação que a rainha me enviou a alguns dias atrás.

—Ninguém vai a passeio nas Cortes. Começou Bree. A Primeira Ministra guardou o suspiro para si mesma, aquela garota era inteligente de mais para o seu próprio bem.

—As pessoas que são especialmente convidadas pela rainha vão Lady Bree. A garota franziu as sobrancelhas como se não estivesse completamente convencida, mas se calou.

—E devemos acreditar que você simplesmente se esqueceu que uma de suas convidadas iria para lá? O rosto do duque estava vermelho pela irritação, ele se importava com Ayana e ele não estava errado em se preocupar.

—Tenho muitas coisas em minha mente Duque Victor, vinte seis candidatas a princesa e as atividades particulares de cada uma é só mais uma delas. Mas não se preocupe, Lady Ayana estará de volta em breve.

—E quando será em breve? A Primeira Ministra sabia que deveria se esquivar, mas pelo ângulo dos questionamentos do duque ela sabia muito bem o que estava acontecendo.

—O tempo que for necessario. Agora, se não me engano todos vocês tem obrigações a cumprir e Senhora Gardner não gosta de atrasos. Apesar dos cochichos e burburinhos as garotas e os príncipes se levantaram e deixaram a sala de jantar. O duque por outro lado esperou que a sala estivesse vazia para se levantar e ir na direção da Primeira Ministra.

—Eu perguntei quanto tempo. Se elevou ele com a voz irritadiça e baixa.

—Ate que a recompensa seja entregue.

—Então isso é um jogo? Pelo amor dos deuses. Ele resmungou. —Quão próxima você esta de descobrir o que ela quer?

—A carta só chegou hoje, então eu não sabia onde procurar.

—Acho bom você resolver isso logo e trazer Ayana de volta o mais rápido possível ou eu não respondo por mim. A Primeira Ministra deu um passo para trás para vê-lo melhor e disse.

—É melhor você não fazer ameaças aqui. Você pode ser um duque, mas esse não é seu país. Vou retornar Ayana para casa porque esse é o lugar dela e você vai ficar quieto sobre o assunto ou vou garantir que você nunca mais coloque o pé no mesmo cômodo que ela novamente. Estamos entendidos Vossa Alteza? Os olhos dele brilharam em fúria e por fim o garoto recuou.

—Como quiser, Sua Excelência. Retrucou ele e ela se virou o deixando para trás. Ela já fazia aquele trabalho a muito tempo e apesar disso ela jamais se cansaria de colocar garotos como o duque em seu devido lugar. 



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Beijinhos, Carol Siqueira

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