A Herdeira Do Trono

Candidata Nº1

—Incendia.

 Ayana sussurrou assim que a porta do estúdio fora aberta, seus quadros estavam expostos e emanavam cores por todos os lados. A maioria deles era escuro e sombrio, mas aqui e ali uma pontada de luz e cor se destacava. Os dois entram em silêncio e ela reparou enquanto o duque corria os olhos pelo cômodo.

—Você pintou todos esses aqui? Disse ele enquanto seus dedos exploravam a textura dos quadros.

—A maioria sim. Os dois estavam parados admirando uma das pinturas, ela era em tons de dourado e lilás. Muito lilás, como manchas de tinta derramadas no chão. Sombras ondulantes se erguiam acima dele e pálidos raios dourados se estendiam através das Sombras. Recriando os pesadelos dela.

—O que são esses? Ele quis saber, como se de alguma forma ele fosse consciente que ela precisava desabafar sobre eles.

—O ataque das Sombras. Nas adegas. Um lampejo de brilhou nos olhos dele.

—Eu consigo ver o que você fez. Você é o lilás, por que essa é sua cor, e há o sol que estava entrando pelas janelas quando elas atacarem você.

—Essa foi também a primeira vez que nos vimos. Esta vendo aquele pontinho esmeralda ali? Aquele é você, seus olhos pelo menos, eles são a ultima coisa que me lembro de ter visto antes de desmaiar. Algo estava mudando no duque, sua percepção estava ficando aguçada e Ayana se sentia cada vez mais exposta e apesar de ser uma sensação assustadora e intimidante ela também era hesitante e fazia cada parcela do corpo da garota se derreter como neve ao sol.

—É assim que você expressa o que sente, é assim que você conta sua historia. Como um diário narrado em imagens, que estão ocultas as quais o significados apenas você sabe. E eu estou aqui, eu sou parte da sua historia e apesar de não poder lê-la com clareza eu sei que ela é bela porque você pôs sua alma nela. Na sua arte e em sua historia e tudo que sua alma toca é lindo, você Ayana Ishad tem a alma mais pura e encantadora que já vi em minha vida e acho que é por isso que você se tornou tão importante para mim. E eu acho que você se sente assim também, porque é isso que sua historia me diz. Foi isso que você mostrou para mim. Ela estava encarando o garoto a sua frente, ele tinha os olhos mais incríveis do mundo, verdes como esmeraldas e eles brilhavam com intensidade mesmo longe da luz do sol. Ayana foi criada para ser brisa, ela era calma e tranquila, não ficava irritada e nunca gritava. Ela foi criada para ser brisa e Victor era fogo. Ardendo com intensidade e paixão, ele era a luz do sol que fazia com que a pele dela pegasse fogo, ele estava derretendo lentamente a calmaria dela e fazendo com que a garota ficasse tão intensa quanto ele.

— Você é importante para mim, porque dentre todas as pessoas do mundo você foi a primeira que me enxergou. Você viu além do meu rosto e ficou, não foi uma beleza fútil e escondida que te fez ficar. Eu estava desfigurada quando você me conheceu. Você ficou por que viu algo mais e eu estava encantada por isso, eu queria saber o que você tinha visto, por que eu mesma só vi apenas a beleza por anos. Você provou para mim que eu sou alguém que vale apena, que é uma pessoa com qualidades acima de tudo. E eu vou sempre vou lembrar disso. E ali no meio da historia dela, como Victor havia dito, os lábios dos dois se encontraram e ouve fogo correndo pelas veias, houve a excitação crescendo em cada uma das células dela. Ambos sentiram as batidas do coração ficarem mais pesadas e as respirações se aceleraram, mas não foi nada disso que eles notaram e sim o pequeno clique, bem lá no fundo. Quase imperceptível aos menos sensíveis, o clique de uma chave entrando com perfeição na fechadura, o clique de duas engrenagens completando uma outra. De duas almas que há muito tempo estavam perdidas e finalmente se encontraram.

Ayana tinha pedido a Victor que a desse um minuto antes de voltar para a festa. Ela conhecia cada canto do seu ateliê e sabia que alguma coisa ali não estava certa. Seus quadros eram os mesmos, pendurados nós suportes, pálidos e inofensivos a luz da lua a única diferença era o vulto sombrio perto da janela.