Candidata Nº1

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Minúsculas feéricas estivais rodeavam Ayana ajeitando os últimos detalhes em seu vestido. Ela se recusara a entrar nele a principio, mas fora a própria rainha que mandara o maldito vestido. Ayana suspeitava que se não o colocasse os cavaleiros feéricos a arrastariam nua para o salão de festa. Não que o vestido em si apresentasse muita cobertura. A muito tempo Ayana tinha se acostumado a pintura azul escura, quase negra, que Asmyr desenhara nela logo que ela tinha sido convidada para corte. Elas subiam por suas pernas e braços em aspirais complicados e belos, uma língua antiga e secreta que a garota não entendia. Era como as asas que ela carregava entre as omoplatas, não estiveram lá o tempo todo, mas agora eram parte dela. Naquele momento em particular ela estava grata, tanto pelas longas asas como pelas tatuagens, elas ofereciam um pouco de cobertura para sua pele onde o vestido falhava. Como a maioria das roupas que Ayana usara desde que fora trazida a corte o vestido tinha um decote nas costas para acomodar as asas. Ele era da cor de uma nevoa escura e azulada, que a fazia parecer pálida e branquela. O tecido era fino e completamente transparente, exceto no seios onde ofereciam um pouco mais de modéstia,a pesar do decote ousado que era idêntico ao das costas. Na barra do vestido, que se arrastava no chão, foram costuradas ametistas, safiras e obsidianas. Seus cabelos, que passavam dos ombros agora, estavam trançados em forma de uma coroa e ajustada no meio dele havia uma tiara simples coroada por uma pedra da lua. Não havia nenhuma maquiagem em seu rosto, a não ser o pó de fada, que a fazia reluzir sempre que se movia. Uma alfinetada na cintura fez com que Ayana desse um pulo.

—Acho que vocês já acabaram. Se empertigou ela, inquieta pela presença de tantas pessoas em seu quarto.

—E nós não recebemos ordens da senhorita, Lady Lilás. Ayana queria amassar aquela pequena feérica nas palmas de suas mãos como se ela fosse um inseto.

—Minha cara Alfeia, achei que tinha dito a você que Ana é nossa convidada. E não acredito que você foi ensinada a tratar convidados com tanto desrespeito. Ayana prendeu a respiração ao ver Asmyr parado na porta de seu quarto, seu cabelo pálido e selvagem estava gloriosamente desarrumado, como se ele estivesse voando apenas a alguns minutos antes. Ele vestia uma camisa de seda azul tão escura quanto as tatuagens em meu corpo, a calça preta de couro, estava apertada contra os músculos fortes das coxas. Preto e azul escuro, eram as cores de Asmyr, as cores dela. Afinal ele era o senhor da noite. As cores pareciam exatamente certas para ele, elas destacavam cada um dos traços claros do seu cabelo e olhos, além da cor de mel derretido de sua pele. —Lady Ana, você esta maravilhosa. Parecia um elogio e apesar disso, Ayana podia ver a provocação brincando nos olhos do príncipe, junto com um flerte descarado.

—O mestre disse que a queria impecável e assim foi feito. Cantarolou uma das feéricas estivais como se ela própria fosse responsável pela beleza de Ayana.

—Ah sim Ensely querida, vocês agiram com perfeição. Vou mandar uma nota a minha irmã dizendo o quão sortuda ela é por ter servas como vocês. As feéricas zuniram de felicidade e deixaram o quarto, mas não sem antes rodopiarem ao redor de Asmyr. Muito perto de sua boca.

—Foi você que enviou o vestido? Perguntou Ayana incrédula. Asmyr entrou no quarto, lenta e predatoriamente. Ayana sentiu o calor inundar seu rosto, ela queria tanto ser melhor em esconder suas emoções.

—O que? Você não gostou? Típico, tão típico dele não responder nenhuma de suas perguntas. Ela podia ver que ele tinha mandado a maldita coisa nos olhos dançantes dele e apesar disso ele jamais diria as palavras.

—Eu estou quase nua! Para que se dar ao trabalho de escolher uma roupa se todo mundo vai ser o que esta de baixo dela? A cor em seu rosto já não tinha mais nada a ver com a proximidade do príncipe feérico.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora