34 | Anos

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NOAH

3 anos mais tarde... em Nova Iorque

O laço foi cortado com sucesso. Todos os convidados aplaudiram, e eu olhei orgulhoso para ela. O seu sorriso brilhante transparecia a realização de um sonho. Concluíra o curso com um diploma de mérito da sua turma, com os projetos mais originais que alguma vez passaram pelas mãos daqueles professores. Isso custou-lhe uma viagem de mais de um mês na Ásia, por alguns países, a fazer o que ela mais gosta.

O esforço que ela fazia era notório. Passava noites em claro quando treinava para as apresentações oficiais a júris, empregava dias seguidos de trabalho num único projeto. O curso prolongara-se mais uns meses quando os estágios foram incutidos aos alunos. Deixara de ver Evelyn por longos prazos pois viajavam para diferentes estados norte-americanos. Dei-lhe toda a liberdade do mundo, mas não pudemos evitar um afastamento mútuo. Ela estava envolvida nos seus trabalhos, eu empenhado numa empresa com éticas e apresentações melhores.

Um brilho preenchia todo o seu olhar azul. O vestido elegante que ela usava estava a terminar com a minha sanidade. Queria poder chegar, abraçá-la, desejar todas as felicidades do mundo, mas ela regressara ontem a casa, não me dirigira a palavra. As coisas ainda não estavam totalmente bem para nós.

– Noah – oiço, e acordo do meu pequeno transe centrado nela. Michael e Nora observam-me, enquanto que eu reparo nas pessoas que rodeava a fotógrafa profissional premiada. – No –

– Sim, desculpem –

– Estás um pouco perdido esta noite, não estás? – Nora trazia consigo um dos gémeos mais velhos ao colo, Michael guiava o carrinho das suas princesas mais novas. O evento era ao ar livre, o que me permitia respirar um pouco de ar puro e distrair-me do ambiente que me rodeava. – Podes falar connosco, Noah –

– Como estão? E os meninos? – decido perguntar, não querendo preocupá-los.

– Estamos ótimos, e o menino e as meninas também. Mas falemos de ti. Não nos tens revelado muito – Nora era ótima para pressentir que algo se passava.

– Continua tudo na mesma. Perdemo-nos um do outro. – desabafo, pesado. – Ela dorme numa ponta da cama, eu durmo na outra. Conversamos sobre coisas banais, mas nunca nós. E eu amo-a para a perder assim...num momento tão feliz para ela. –

– Se a amas, porque não lutas? –

– Eu não posso forçá-la a algo que ela não quer e neste momento ela está a viver o auge da sua vida. –

– Está a vivê-lo faz dois anos, Noah. E vocês? Não estás feliz, ela também não. Vocês pertencem um ao outro, não vão deixar que os sonhos vos separem, estando tão perto um do outro –

– Ia tentar esta noite, mas tenho receio de levar um estalo. –

– Ora, porquê? Tenta, campeão. Vocês precisam de se entender, encontrar uma estabilidade, e não aos altos e baixos. – eu sei.

Os meus pais acenaram-me nesse momento, chamando-me para perto deles e da mãe de Evelyn, Anne, e da própria Evelyn que recolheu o seu olhar para o chão. Fui até eles, beijei a bochecha de cada um, pois ainda não me tinha aproximado durante toda a apresentação.

– Está uma noite agradável – Anne falara, depois do silêncio reinar.

– Sim, uma temperatura perfeita – a minha mãe completa, mas eu apenas presto atenção na mulher que está à minha frente, revestida de vermelho, com os seus cabelos loiros apanhados de forma elaborada para cima.

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