14 | Regressar à realidade

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NOAH

– Eu não quero sair daqui! – dramatizei, deixando o meu corpo cair de novo na cama, onde havia adormecido a noite anterior, e na qual me havia levantado à alguns segundos.

Evelyn arrumava, agilmente, todos os seus pertences na mala de viagem. Carregava com ela um semblante sério, e não consegui decifrar as emoções que ela sentia neste momento. Se era desconforto, tristeza por ter de abandonar em tão pouco tempo este país, ou até mesmo algo que mexia com o seu interior e que a incomodava.

– Está tudo bem? – eu decido questionar quando percebo que algo de errado se passa.

– Sim – ela dá-me um sorriso forçado.

Impus ao meu corpo para que se levantasse. No momento em que me aproximei dela, guiei o meu olhar para a sua face preocupada.

– Diz-me, o que se passa? –

– Eu não sei... – encolhe os ombros. – Sinto um leve friozinho na barriga por estar a deixar este país. – acaba por confessar. Põe as roupas de lado e suspira.

– Eve – sussurro, vendo no seu rosto surgiu um pouco de nostalgia. – é normal que tenhas receio do que possas vir a enfrentar na nova cidade que irás descobrir somente agora, mas lembra-te que eu estou sempre aqui contigo – eu tenho reconfortá-la. Não sei o quão segura ela está para a poder tomar nos meus braços e dar-lhe toda a minha confiança quanto ao futuro brilhante que ela terá.

– Tenho saudades dos meus pais – as suas pequenas mãos dirigem-se aos seus olhos e limpam a lágrima que ameaçava cair. – Quando tudo era bom, e eu me queixava por não ser livre –

– Mas tu és livre... – digo, não compreendendo as suas compreensões.

– Não o sou... Estou presa a ti, sou como uma sanguessuga na tua vida. – ela analisa o anel no seu dedo, e o seu estado pensativo preocupa-me. – à cerca de três semanas estava nas ruas, à beira do precipício. Se não fosse por ti, não sei se não estaria por aí num desses bancos de hospitais onde os cadáveres nunca são requisitados. Provavelmente iria para a mesa de cirurgiões inexperientes, e iriam cortar-me aos bocadinhos. – ela hiperboliza, enquanto que eu a observo bastante impressionada pela sua imaginação. – Agora? Agora estamos casados e eu nem sei realmente quem eu sou, ainda... Sou uma criança, talvez – vagueia, e sei que se distraiu na sua própria mente.

– Posso saber a tua data de aniversário? – eu questiono, embora, ao preencher os seus papéis eu tenha verificado algumas vezes.

– Dentro de um par de meses, porquê? –

– E quantos anos fazes? –

– 20 – ela olha-me confusa. As suas sobrancelhas erguidas.

– A fase da infância completa-se aos doze anos, segundo alguns conhecedores, inicia-se a adolescência depois de uma fase de transição, até ao período jovem adulto, que tem o seu auge aos vinte anos de idade – explico, tentando que ela perceba a mensagem a passar-lhe. – a tua coragem para saíres de casa dos teus pais, que todo o conforto te ofereciam, e vires para um país tão frio, seres recebida de tal forma, só mostra o quão matura tu és, e nada comparada com todos os outros seres humanos que por aí andam a arruinar as suas vidas por afirmarem serem jovens, ainda –

– O ponto não é esse... – Evelyn afirma, convicta. Alguns segundos depois, ainda permanece silêncio no ar. – talvez seja. No entanto... – debate, mas nos instantes seguintes nada deixa a sua boca senão pequenos suspiros.

– Evelyn – chamo a sua atenção, e ela vira o seu corpo completo para mim. Abri os meus braços, bem como um sorriso no meu rosto, convidando-a a ser recebida pelos meus braços.

– Se a qualquer momento, sentires que o que estás a fazer é errado, abdica de tudo, sim? Eu não quero, jamais, que tu deixes de amar ou viver a tua vida porque eu apareci e decidi usar-te como marido para poder seguir os meus sonhos. Precisas de seguir os teus – sinto as vibrações da sua voz contra o meu peito.

– Eu nunca irei sentir isso – deixo a frase pairar no ar, enquanto a recolho para mim, sentindo-me bastante mais tranquilo, com o seu corpo pequeno a recolher todas as boas energias para este, expulsando todas as suas inseguranças.

– Nós deveríamos... ainda perdemos o voo – ela apressa-se a largar-me, e correr, literalmente, até à sua mala.

____________Madrugada, Nova Iorque______________

Naquele momento só conseguia pensar no quão bom seria fechar os meus olhos, após sete horas de viagem, onde as insónias me possuíram. O avião aterrou por volta das três horas da madrugada, aqui na américa. Estava para além de exausto, a entrar numa frustração, quando me deparei com o trabalho que me aguardava aqui. Todas as vezes que fechava os olhos, contas e mais contas vagueavam na minha mente. Ficheiros para enviar, relatórios para fazer e corrigir. Porquê eu? Porque é que eu tinha de assumir tais responsabilidades, sabendo o quão imaturo eu ainda me sentia e de facto era.

– Então filho, pareces sonolento – ao ouvir a voz da minha mão, levantei o meu olhar do chão, olhando em frente.

– O que é que...? – as palavras saem arrastadas, e eu tenho a certeza que não consegui acabar o que tinha para dizer em mente.

– Viemos buscar-vos ao aeroporto – o meu pai diz o óbvio, segurando as malas de Evelyn.

– Ele não fechou os olhos durante a viagem toda, eu acho – ouço a rapariga de cabelos platinados segredar com a sua sogra.

– Nesse caso, ainda bem que viemos. Parecem exaustos, e nós vamos levar-vos a casa –

Uns minutos mais tarde estávamos na estrada, de regresso a casa, e sem qualquer consciência nos meus atos, como se de um pequeno bebé se tratasse, coloquei a minha cabeça sobre o ombro de Evelyn. Só voltei a acordar para a realidade quando ela, fraca, pegava no meu corpo para nos dirigirmos à entrada.

– Eu levo – peguei nas suas malas. Ela negou, e poucos segundos depois Porter estava ali, ao nosso lado, pronto para servir-nos e encaminhar-nos para casa.

– Dorme bem – caí sobre a cama, sentindo o colchão afundar, e os meus cabelos serem acariciados. Eu iria, definitivamente, dormir. Extraordinariamente.

[eu peço imensa desculpa pelo atraso!

ando tão atarefada, que nem tempo tenho em pensar em algo para poder completar a história, daí a demora e os pequenos capítulos que vos tenho dado.

de qualquer das formas, eu espero que continuem ainda desse lado, adoro-vos!

beijinhos,

skyler <3


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