04 | Recuperar

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NOAH

O jantar de ontem ainda se encontrava nas minhas mãos. Não sabia ao certo o que fazer com ele, uma vez que somente eu provei uma das fatias deliciosas da pizza. Decidi então guardá-lo para que mais tarde Evelyn possa comer uma refeição completa; quando acordar.

A rapariga com uma cor de cabelo peculiar tinha adormecido no sofá ontem cedo, não comendo nada mais do que a refeição que lhe havia oferecido primeiramente. Já passavam das nove horas da manhã e eu achei que estava na hora de ela comer algo; não pode ficar com a barriga vazia tantas horas, muito menos agora que sei que ela não se sente muito bem. Peguei num tabuleiro e preparei um pequeno almoço, um pouco diferente dos ovos mexidos que eu costumava comer, colocando um sumo de laranja natural para que possa ajudar na sua constipação. Dirigi-me ao quarto de hóspedes, agora ocupado por Evelyn e encontrei-a acordada, com os seus olhos vermelhos e a sua mão sobre a testa.

- Bom dia - comecei por dizer, sorridente. Logo a preocupação permaneceu no meu rosto quando ela não me respondeu com o mesmo sorriso. - Estás bem? - pousei o tabuleiro sobre a cómoda e dirigi-me a ela.

- Um pouco... quente - responde e eu fico sem entender logo ao início às suas palavras.

Ainda com receio que ela fosse recuar ao meu toque, aproximei lentamente a minha mão do seu rosto, sentindo o calor nas minhas mãos; o que me dizia que ela estaria com a temperatura corporal fora do normal. Apressei-me a procurar um termómetro num dos armários da casa de banho, e tão depressa tinha encontrado um, logo corri para a sua beira, onde vi pequenas lágrimas formar-se nos seus olhos.

- Diz-me o que sentes - pedi, calmamente.

- Dor - as suas mãos pararam no seu tórax onde permaneceram, deixando pequenas massagens. O pequeno aparelho apitou, avisando já ter terminado a sua tarefa.

- 39,5° C - o meu olhar arregalou perante este resultado. - Vais-me desculpar, mas - iniciei, e quando ela se apercebeu estava sobre o meu colo, enquanto eu a carregava para o meu carro.

- O que estás a fazer? - pergunta, a sua voz fraca.

- Precisas de ir ao hospital - vi no seu olhar que ela estava pronta a protestar - Não podes contestar, eu tenho de ter a certeza que ficas bem - ela encolheu-se mais um pouco e deixou que eu a guiasse até ao destino principal.

Pelo caminho ligara ao meu médico de família, o qual me recomendou levá-la ao seu hospital; poderia ser, pelos seus sintomas, uma pneumonia. Só tamanho palavrão fez-me acelerar mais um pouco, e depois de cinco minutos no trânsito, finalmente vi o indicar do NYC Oswen Private Hospital. Chegados lá, rapidamente os nossos corpos se dirigiram ao interior, à medida que carregava a rapariga ao meu colo. Ela estava cada vez mais fraca e eu censuro-me porque não me apercebi antes que não se tratava somente de uma constipação.

- Dr. Francis está à nossa espera - avisei, assim que encontrámos a primeira secretária para informações. O local estava relativamente normal, o habitual, sem alguma confusão e apenas algumas pessoas à espera de consultas.

Esperámos alguns minutos para que ele acabasse a sua última consulta antes de iniciar o seu turno nas urgências. Assim que ele nos viu, no corredor, rapidamente nos acolheu no seu consultório. Evelyn estava sonolenta e por essa mesma razão tomei o dobro de atenção ao que Dr. Francis Oswen dizia.

- E como suspeitávamos, tratasse de uma infeção. Vou precisar ainda de algum tempo para confirmar o tipo desta; preciso de uma autorização para que realize exames - ele dirigia-se a Evelyn. Ela assentiu.

Ela fez algumas análises e radiografia aos seus pulmões, e passado cerca de uma hora, deitada numa cama do hospital para permanecer em repouso e hidratada, finalmente os resultados haviam sido concluídos. Uma grave pneumonia havia-se apoderado do seu corpo. Ela precisava de repouso absoluto até os medicamentos começarem a surtir efeito, daqui a alguns dias.

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