Capítulo 6

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ESTABELECER REGRAS

Hoje, mais uma semana de trabalho e correria se inicia e, como todas as segundas-feiras, eu apenas gostaria de ficar na cama e dormir até mais tarde. Só que, como todas as segundas-feiras, eu tenho um milhão de coisas para fazer.

Os primeiros raios de sol do dia batem em meu rosto, obrigando-me a levantar da cama, minha cabeça pesada por pensamentos dicotômicos que teimavam em oscilar entre César e Nicholas e que mal me deixaram dormir. Pensamentos divididos entre o que não tive e o que eu poderia ter. Pensamentos que me diziam que, se estivesse com qualquer um dos dois, o resultado de um coração partido seria o mesmo.

Ouço sons de móveis arrastando de frente ao meu apartamento, sendo levados para o apartamento que estava vazio ao lado. Vou ao banheiro e lavo meu rosto inchado depois de fazer minha higiene matinal, em seguida, busco uma boa xícara de café na cozinha capaz de me acordar de uma vez. Os móveis continuam sendo arrastados, fazendo um barulho infernal tão cedo pela manhã. Que merda está acontecendo? Alguém decidiu se mudar praticamente de madrugada?

Abro a porta ainda vestida de baby doll com os cabelos despenteados e sobressalto ao me deparar com Nicholas com a mão estendida para bater na porta. Ele abre seu sorriso detonador capaz de me desarmar e me desestabilizar. Estou quase me beliscando porque tenho a impressão de que ainda estou dormindo e sonhando.

– Bom dia, Tomatinho. Tem uma xícara de café e de açúcar para me emprestar?

– Nick, você tem ideia de que horas são? Apenas seis da manhã. O que está fazendo aqui?

– Ei, um cara não pode querer compartilhar o café da manhã com sua melhor amiga? Eu já fui recebido de um jeito melhor nesta casa. E você nem estava despenteada.

Suspiro fundo, sem saber o que dizer. Eu adoro quando ele está perto, adoro seu bom humor, não vou negar. Mas meu instinto grita perigo sempre que isso acontece.

– Precisamos conversar, Nicholas. Esse seu jeito invasivo e controlador não está funcionando. As pessoas estão começando a nos apontar como um suposto casal que vive em um relacionamento aberto. Você mesmo viu as acusações daquela sua namorada.

– Em primeiro lugar, ela não é minha namorada. Se você quer saber, eu a levei para casa naquele dia e fui para a minha no minuto seguinte depois de perder toda minha paciência com o que ela insinuou.

Dou de ombros.

– Não lembro de ter perguntado como você terminou aquela noite.

– Mas deve ter feito suposições. Em segundo lugar, desde quando você se importa com o que as pessoas dizem?

– Você é uma figura pública. Deveria se importar.

– Estou pouco me lixando para o que falam de mim, Catarina. Não posso deixar de viver como acho conveniente por conta de mexericos.

– Como você acha conveniente? Tomar café com sua melhor amiga às seis da manhã é o bastante de conveniência para você?

– Por que não?

Olho para um lado e para o outro do corredor. Alguns homens estão começando a caminhar carregando caixas e mais caixas, móveis provavelmente novos se os embrulhos forem um indicativo. Como imaginei, tem alguém fazendo mudança praticamente de madrugada. Que droga!

– Entre e tome um café. Não vamos continuar essa conversa no corredor do meu prédio.

– Eu não posso – ele coça a garganta e começo a pensar que vai dizer algo que não vou gostar de ouvir. – Estou de mudança e preciso coordenar os carregadores. Se puder me conseguir uma xícara de café aqui mesmo, eu seria muito grato, vizinha.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora