Capítulo 7

1.5K 264 44
                                    

NOVE MENTIRAS E NENHUMA VERDADE

Uma semana se passa desde que Nicholas mudou para o meu prédio e quase todas as noites em que ele não está concentrado jantamos juntos seja no meu apartamento ou no seu. Ele tem feito um bom trabalho em tentar respeitar os limites da nossa amizade, evitando aparecer na academia ou lá em casa de surpresa e, de vez em quando, me pego pensando se é isso mesmo o que eu quero.

Não vou negar que a vontade de estar com ele é cada vez mais crescente dentro de mim a ponto de me fazer ansiar para que as noites cheguem mais rápido e me decepcionar quando ele não pode estar lá. Eu sou uma massa de confusão incapaz de explicar a qualquer um o que está acontecendo comigo quando nem eu mesma saberia dizer.

Ah, Nina, por que sua vida tem que ser tão complicada?

Nessa manhã, a academia está menos movimentada do que de costume, provavelmente por conta do feriado que se aproxima. Estou aproveitando a tranquilidade para selecionar alguns currículos de educadores físicos para as escolas particulares que têm me procurado, mas parece que minhas horas de calmaria estão contadas quanto ouço uma espécie de confusão com vozes descontroladas praticamente gritando.

– Você não pode entrar aqui. Ela não quer lhe ver.

– Quem é você para me dizer o que eu posso ou não posso fazer, idiota? Você é o cara que está indo para a cama com ela agora?

Não! Não pode ser.

– Ou você respeita Catarina ou vou quebrar sua cara. Eu estou aqui para fazer meu trabalho e uma das funções é impedir que você entre.

– Estou louco para descobrir como pretende fazer isso.

Chego ao final das escadas apenas para me deparar com César desafiando meu recepcionista em posição de luta. Sinto arrepios cruzando a minha espinha, mas, neste momento, estou pronta para erguer todas as armaduras e enfrentá-lo como poucas vezes me dispus. Ambos são fortes, musculosos, e se começarem uma briga ali mesmo será praticamente impossível que alguém os separe. Felizmente ainda sou capaz de intervir.

– Ei, parem já com esse barulho. Posso saber o que está acontecendo?

O olhar de César corre para o meu, então ele abre o sorriso safado que foi o responsável pela minha perdição há algum tempo. Sondo meu coração em busca dos sentimentos que eu havia lhe entregue, das batidas fortes quando recebia o peso do seu olhar, como está fazendo agora, e o fato é que me sinto vazia, nem uma faísca acende dentro de mim. A raiva é muito mais forte do que qualquer resquício de sensação que eu poderia nutrir.

– Você impediu a minha entrada na academia, amor? – ele dá um passo adiante e eu recuo. – Ainda temos tanto para conversar.

Amor? Ele só pode estar de brincadeira.

Tiago me observa, aguardando apenas a autorização para colocar esse trapo humano para fora. Engulo em seco, ciente do que eu deveria fazer, mas simplesmente não faço. Eu devo ser louca por ainda querer ouvir algo insano que esse homem tenha a dizer, por essa necessidade de ter as minhas perguntas respondidas.

– Deixe-o entrar, Tiago.

Meu recepcionista está confuso e, certamente, sabe que não estou tomando a decisão certa.

– Catarina... Tem certeza?

– Sim – volto minha atenção a César que ostenta um riso vitorioso. – Vou te dar dez minutos no meu escritório e nada mais. Eu tenho muito o que fazer e não posso ficar de bate-papo. Você sabe o caminho.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora