MALDITA DECISÃO
O tempo para repentinamente. As cortinas presas às janelas já não obedecem mais à força do vento. Tudo no quarto fica em segundo plano enquanto minha cabeça gira sem parar, assimilando a grandiosidade do que seu convite representa. Todos os olhos no quarto estão voltados para mim. Minha imaginação nunca iria tão longe a ponto de acreditar que Nicholas estaria me pedindo para compartilhar o mesmo espaço que ele como está fazendo neste exato momento.
A resposta não vacila em pular da minha boca antes mesmo que eu me dê conta do que estou dizendo.
– Não.
– Como assim, não?
Ele faz um esforço para sentar na cama, mas a dor é mais forte e o derruba de volta no colchão. Os enfermeiros logo se aproximam para deixá-lo confortável. Ele solta um gemido impotente.
– Essa mania de perseguição sua é irritante. Algum idiota está tentando ferrar com sua mente e você está dando importância demais a ele.
– Eu serei acusado agora por proteger as pessoas que amo?
– Claro que não. Acontece que há muitas formas de você fazer isso. Eu não preciso morar com você.
– Eu sou forçado a discordar.
Perco a paciência.
– Nicholas, ninguém pede para que outra pessoa compartilhe o mesmo espaço que você a menos que seja por motivos legítimos, pelo amor de Deus. Você vai o quê... Me prender em uma torre?
– Não seria nada mal.
Pelo visto, ele está encarando a minha negativa como um desafio. E isso não é nada bom para mim.
– Você percebe o quanto soa ridículo? Toda a minha família se sentiu ameaçada há um ano e nem por isso precisei me mudar. Se um dia a proposta for pelos motivos certos, eu penso na possibilidade.
Agora é a vez de ele demonstrar impaciência quando soca o colchão com força.
– Você sabe que não pretendo me casar de novo, se é isso que está insinuando.
Os olhares das poucas pessoas que presenciam nossa discussão passam de um para outro como se assistissem a um jogo de pingue-pongue calados, esperando para ver quem vai vencer a partida.
– O que encerra de uma vez essa conversa porque, eu não sei se você sabe, morar juntos é praticamente um casamento. O que muda é só a droga de um papel.
Dou as costas em direção à porta, disposta a encontrar um pouco de ar para respirar, pois aquele quarto se torna sufocante repentinamente.
– Catarina!
Ele aumenta seu tom da voz, mas, neste momento, eu não me importo se me julgam como infantil ou meu comportamento como ríspido. Tudo o que importa é minha sanidade mental e definitivamente não é naquele quarto que eu vou encontrá-la.
– Amanhã eu volto, Nicholas. Tenha uma boa noite.
Em vez de ir para o meu apartamento tomar um banho e me jogar na cama, decido descer para o jardim no térreo e respirar um pouco de ar fresco que certamente não encontraria no meu apartamento.
Maldita decisão!
No momento em que sinto o perfume das flores e penso encontrar um pouco de paz parece que há uma conspiração no mundo contra mim. O porteiro está debatendo com alguém em um tom mais enérgico que o comum, claramente tentando convencer a pessoa de que não pode entrar no prédio sem autorização.
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Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogo
RomansaNicholas Ferraz é o mais novo jogador do Avantes Futebol Clube. Para ele, não foi nada fácil alcançar os holofotes no mundo do futebol nem descobrir que a fama poderia lhe aproximar de pessoas interessadas apenas em seu dinheiro. Presenciar a ex- e...