Capítulo 28

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MALDITA DECISÃO

O tempo para repentinamente. As cortinas presas às janelas já não obedecem mais à força do vento. Tudo no quarto fica em segundo plano enquanto minha cabeça gira sem parar, assimilando a grandiosidade do que seu convite representa. Todos os olhos no quarto estão voltados para mim. Minha imaginação nunca iria tão longe a ponto de acreditar que Nicholas estaria me pedindo para compartilhar o mesmo espaço que ele como está fazendo neste exato momento.

A resposta não vacila em pular da minha boca antes mesmo que eu me dê conta do que estou dizendo.

– Não.

– Como assim, não?

Ele faz um esforço para sentar na cama, mas a dor é mais forte e o derruba de volta no colchão. Os enfermeiros logo se aproximam para deixá-lo confortável. Ele solta um gemido impotente.

– Essa mania de perseguição sua é irritante. Algum idiota está tentando ferrar com sua mente e você está dando importância demais a ele.

– Eu serei acusado agora por proteger as pessoas que amo?

– Claro que não. Acontece que há muitas formas de você fazer isso. Eu não preciso morar com você.

– Eu sou forçado a discordar.

Perco a paciência.

– Nicholas, ninguém pede para que outra pessoa compartilhe o mesmo espaço que você a menos que seja por motivos legítimos, pelo amor de Deus. Você vai o quê... Me prender em uma torre?

– Não seria nada mal.

Pelo visto, ele está encarando a minha negativa como um desafio. E isso não é nada bom para mim.

– Você percebe o quanto soa ridículo? Toda a minha família se sentiu ameaçada há um ano e nem por isso precisei me mudar. Se um dia a proposta for pelos motivos certos, eu penso na possibilidade.

Agora é a vez de ele demonstrar impaciência quando soca o colchão com força.

– Você sabe que não pretendo me casar de novo, se é isso que está insinuando.

Os olhares das poucas pessoas que presenciam nossa discussão passam de um para outro como se assistissem a um jogo de pingue-pongue calados, esperando para ver quem vai vencer a partida.

– O que encerra de uma vez essa conversa porque, eu não sei se você sabe, morar juntos é praticamente um casamento. O que muda é só a droga de um papel.

Dou as costas em direção à porta, disposta a encontrar um pouco de ar para respirar, pois aquele quarto se torna sufocante repentinamente.

– Catarina!

Ele aumenta seu tom da voz, mas, neste momento, eu não me importo se me julgam como infantil ou meu comportamento como ríspido. Tudo o que importa é minha sanidade mental e definitivamente não é naquele quarto que eu vou encontrá-la.

– Amanhã eu volto, Nicholas. Tenha uma boa noite.

Em vez de ir para o meu apartamento tomar um banho e me jogar na cama, decido descer para o jardim no térreo e respirar um pouco de ar fresco que certamente não encontraria no meu apartamento.

Maldita decisão!

No momento em que sinto o perfume das flores e penso encontrar um pouco de paz parece que há uma conspiração no mundo contra mim. O porteiro está debatendo com alguém em um tom mais enérgico que o comum, claramente tentando convencer a pessoa de que não pode entrar no prédio sem autorização.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora