Capítulo 31 - POR NICHOLAS

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ADEUS

Um dia o sacerdote me perguntou se eu tinha certeza de que a mulher diante de mim era aquela com quem eu pretendia passar o resto dos meus dias e eu disse sim. O tão esperado sim era para o amor, uma vida a dois, a união que só teria um final quando a morte assim o determinasse.

Mas eu estava enganado.

Eu estava completamente enganado.

Não digo isso pela traição que veio em seguida ou pela percepção de que eu compartilhava a vida com uma mulher fútil, que não valorizava as coisas mais simples, como minha família, nem mesmo fazia planos que envolvessem mais que apenas nós dois.

Meu grande engano veio do sentimento que eu pensava carregar comigo e que poderia ser suficiente para viver aquela farsa que eu chamava de casamento com Roberta. Eu pensava que a amava. Hoje eu sei que tudo não passou de uma troca de interesses entre nós dois.

Eu queria exibi-la diante de todos.

Ela queria minha fama e dinheiro.

A dor de ter flagrado minha própria esposa com outro não chega nem perto da que eu estou sentindo ao ouvir o adeus de minha Catarina. É como se tudo não passasse de um pesadelo do qual eu quero acordar, mas estou preso. É sufocante, dilacerante, está roubando meu ar.

– Parabéns, Nina! – bato palmas, deixando-a confusa.

– Por quê? Não é meu aniversário.

– Eu sei, mas preciso te parabenizar pela sua tentativa de atuação. Pena que você não seja tão boa atriz.

– Você acha que estou atuando apenas por que quero acabar com nossa relação? Foi assim que você se sentiu quando terminou com Roberta?

Ela quer me atingir. Eu conheço esse jogo.

– Por que não desiste de uma vez? Você é uma péssima mentirosa. Nunca conheci alguém mais transparente e honesta, capaz de falar com os olhos muito mais que palavras seriam capazes de fazer.

Catarina desvia o olhar rapidamente, mas percebo seu esforço para voltar a me encarar e continuar com o teatro. Ela respira fundo, antes de prosseguir com a farsa:

– Nicholas, a coisa é bem simples. Tenho pensado sobre nós e cheguei à conclusão que você não pode ser o homem que eu preciso ao meu lado. Não é tão difícil de entender.

Aproximo-me dela com a cadeira de rodas e seguro sua mão, forçando-a a estreitar nossa distância.

– Quem?

­– Quem, o quê?

Ela franze a testa.

– Quem está te obrigando a fazer isso?

Ela nega, abanando a cabeça, enquanto olha para o teto dando sinais de impaciência.

– Ninguém.

– Eu quero nomes. É César, Roberta... Sem segredos, lembra?

Ela puxa sua mão da minha, deixando-me com sensação de abandono.

– Essa conversa não vai chegar a lugar algum. Acabou! Como tudo na vida, teve começo e agora está tendo um fim.

Não. Ela não pode fazer isso comigo, justo no momento que mais preciso dela ao meu lado. Catarina não pode ser tão covarde e recuar. Essa atitude não é própria dela, mas é uma droga eu estar preso a essa cadeira e não poder fazer nada para descobrir.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora