Capítulo 13

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PRECISAMOS EXPLORAR ISSO

As avenidas de São Paulo se abrem diante de mim, mas é como se eu estivesse trancada em um mundinho só meu, estritamente particular. Minha mente insiste em ficar longe, mas eu não podia me dar ao luxo de me fechar no apartamento e ficar a sós com meus botões quando eu tinha um ensaio de casamento para ir, então vesti a primeira roupa que encontrei pela frente e saí de casa.

Neste momento, estou em um Uber, trafegando por todo o caminho completamente desatenta enquanto trago de volta a cena desta manhã no apartamento de Nicholas. Não é como se eu pudesse continuar me enganando, fazendo uma tonelada de perguntas a mim mesma e fechar os olhos enquanto as respostas só podem ser encontradas aqui dentro.

Mas eu não podia permitir que as regras fossem quebradas sem saber que jogo eu estava jogando. Não podia deixar me levar pela forte atração como uma adolescente inconsequente. Eu precisava levantar o cartão amarelo antes que eu criasse falsas expectativas e recebesse um vermelho mais adiante. Ninguém podia acusar Nicholas de mentiroso quando ele sempre deixou claro o tipo de relação passageira e superficial que estava em busca.

Então eu o empurrei de cima de mim.

Contra todas as probabilidades, eu o afastei.

Foi a minha vez de recusar toda carga de ressentimentos que ele trazia consigo ainda que minha pele implorasse pelo seu contato. Meu orgulho voltou a batalhar com o coração e, daquela vez, o primeiro saiu vencedor. Eu sabia como aquilo iria acabar. Eu não queria ver o mesmo filme duas vezes.

– Não estou disposta a ser mais uma na sua lista de erros cometidos, Nicholas. É melhor pararmos por aqui – falei aquilo olhando em seus olhos.

Senti orgulho de mim mesma por estar aprendendo a enfrentar as situações de cabeça erguida. Ao menos uma lição eu aprendi depois da minha relação doentia com César: a me amar mais do que qualquer outra pessoa.

– Catarina, como você pode dizer isso? Para mim, você não é igual às outras.

Ele ainda me mantinha presa no tapete, seu cheiro me inebriando, fazendo meu instinto lutar para me manter ali, dar-lhe um sonoro sim e nos permitirmos viver uma fantasia.

Sim. Aquilo seria uma fantasia e minha queda seria das grandes quando tivesse que voltar à realidade.

– Desculpe, Nicholas. Para mim, você é igual aos outros.

Suas mãos se afrouxaram em meus braços e um gemido espontâneo escapou dos meus lábios quando o peso de seu corpo deixou o meu. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me convencer de que estava fazendo a coisa certa. Quando abri, o observei enquanto andava de um lado para o outro, passando as mãos pela cabeça, um tanto exasperado.

– O que eu preciso fazer para te provar do contrário?

Sacudi a cabeça em negação.

– Brigue com suas próprias convicções e depois lute por mim. Descubra o que realmente quer porque ninguém melhor do que você sabe o que eu almejo. Se achar que ainda vale a pena, me conquiste. Se não estiver disposto, estou feliz em ser apenas sua amiga.

– Eu quero mais de você, Nina.

– Por enquanto, isso é tudo que você pode ter.

O rosto decepcionado de Nicholas foi a última imagem mental que fiz dele antes de deixar seu apartamento sem terminar o café da manhã nem o que estávamos prestes a começar. E agora estou aqui, a caminho de mais um ensaio de casamento, perdida em lembranças.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora