Capítulo 22

1.3K 197 18
                                    

JULIANA

Faz dois meses desde que passamos dias inesquecíveis na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, e o namoro com meu pretinho básico está cada vez melhor. Ele é daquele tipo que manda uma mensagem ousada, deixando-me louquinha durante o dia, que faz promessas de noites quentes, mas quando está ao meu lado se torna o romântico mais bobo que já conheci. Eu não posso dizer que ainda me sinto atraída por ele porque isso seria um eufemismo. Na verdade, estou verdadeiramente fascinada e surpresa em descobrir que um homem pode ser um amante maravilhoso e, ao mesmo tempo, um amigo admirável.

Apenas duas coisas têm me consumido: os encontros ocasionais com César nos lugares mais inusitados teimando que precisa conversar comigo, mesmo que eu me esquive todas as vezes e a conversa recente de Nicholas sobre a possibilidade de se mudar para outra casa agora que está legalmente separado de Roberta.

Da última vez que encontrei César, ele chegou a segurar meu braço com força para que lhe desse atenção, mas a aproximação inesperada de Nicholas fez com que me soltasse e fugisse antes que fosse visto, deixando uma ameaça implícita em seu olhar.

Quanto à mudança do meu pretinho, confesso que me entristeço só em imaginar que não o verei todos os dias como tem sido nos últimos meses, embora compreenda que ele precise ter seu próprio espaço.

– Eu chamei vocês aqui para informar que já temos provas suficientes para colocar César atrás das grades. Se Nina autorizar, eu dou andamento ao pedido de mandado agora mesmo.

Paula estende um documento para mim, o qual pego de sua mão com receio. Tudo o que eu queria era apenas que César me deixasse em paz e eu pudesse reconstruir minha vida sem ter que lembrar todos os dias o quanto ele sugou de mim. A cadeia nunca foi o destino que eu queria para ele, mas não consigo enxergar outro meio de afastá-lo do meu caminho.

– Você acha que se o chantagearmos com esse documento poderíamos mantê-lo afastado? Quer dizer, César cometeu muitos erros, mas sempre tem outra saída além da prisão, não acham?

– Não para psicopatas como ele – Eros responde com a impaciência de quem quer abrir meus olhos. – Se deixar esse homem solto, ele pode aplicar golpes parecidos com outras mulheres, sem falar no risco que você está correndo.

– Eu... Eu só...

Nicholas pega uma caneta da mesa de Paula e me oferece, encarando-me com determinação. Sei que estou agindo como uma tola sentimental, mas, de alguma forma, eu não sinto que estaria fazendo justiça se ele fosse detido. A coisa mais importante que ele tirou foi o amor próprio que estou tentando recuperar a duras penas.

– Chega de ser complacente com César, Catarina. Lugar de ladrão é na cadeia.

Balanço a cabeça em concordância.

– Vocês têm razão. Assim como foi fácil me usurpar, ele pode achar que também será com outras mulheres. Esse tipo de atitude acaba se tornando um hábito. Espero ser a única que ele teve oportunidade de lesar.

– Lamento lhe informar, mas você não é a primeira – Paula refuta. – nosso investigador particular identificou mais uma passagem pela polícia por estelionato. Ele pagou fiança e respondeu em liberdade. Se houver uma próxima, é mais fácil de mantê-lo na cadeia.

– Minha Nossa Senhora!

Uso a mesa de Paula como apoio para assinar a procuração, entregando a ela em seguida. Eu não posso dizer que estou sentindo raiva de César porque ele não desperta em mim nem mesmo o pior dos sentimentos.

Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora