MAIS QUE TUDO
Três dias. Esse é todo o tempo que Nicholas está no hospital e que tem se comportado como uma criança malcriada resmungando o tempo inteiro, pedindo para receber alta. Ele não fica parado um minuto depois reclama de dor a cada vez que se move mesmo que o médico tenha recomendado cerca de trezentas vezes que se mantenha imóvel.
Felizmente hoje ele está com sorte e o médico acaba de liberar sua ida para casa. Eu imagino que o principal motivo dele querer sair do hospital seja por conta das ameaças que estávamos sofrendo mesmo que Eros tenha se prontificado a resolver esse assunto. Ele é a droga de um homem teimoso do tipo que precisa resolver tudo por conta própria ainda que seus movimentos estejam limitados.
– Os seguranças estão aí fora?
Esta pergunta foi feita todos os dias desde que chegamos ao hospital, mas, especialmente hoje, já é a segunda vez que ele me inquire isso.
– Claro. Você sabe que eles estão se revezando durante todos esses dias. Aliás, se não me engano, a vigilância intermitente foi ordem sua.
– Eu sei. Só queria saber se estão cumprindo direito. Eu não faço ideia com quem estamos lidando por enquanto, Nina. Não posso baixar a guarda.
– Tem que se cuidar, isso sim. Como pretende bancar o super-herói se não se permite respirar um pouco?
Ele fecha os olhos, soltando todo o ar dos seus pulmões.
– Eu ainda não vi Juliana hoje? Onde aquela moleca se enfiou?
– O pessoal está no apartamento preparando a sua chegada e ela fez questão de coordenar o pelotão dizendo que não ia permitir que ninguém mexesse em suas coisas. Eu não tive como retrucar porque se tem uma coisa que sua irmã tem é determinação. Aquela lá é capaz de passar por cima de qualquer um.
– Esta é Juliana. Eu não a descreveria melhor.
– Hum-rum – o médico entra no quarto, limpando a garganta. – Estou vendo que tem alguém ansioso para ir para casa. Deixe-me ter certeza se estou tomando a decisão certa.
Ele examina as pernas de Nick superficialmente, apertando em alguns lugares para descobrir se ele ainda está sentindo dor. Nicholas é tão teimoso que é capaz de fingir que não sente nada para não correr o risco de passar mais alguns dias aqui.
– Eu estou pronto para ir, doutor. Não tente me segurar no hospital porque já estou no limite da minha paciência.
Dr. Leonardo sorri.
– O fato de você estar de alta não significa que vai voltar a ter uma vida normal por agora. Indiquei ao seu clube que contrate o serviço de home care para te acompanhar e parece que eles já estão com tudo pronto para que você seja atendido em casa. A batalha ainda não terminou, Nicholas.
– Obrigado, doutor. É muito importante que eu esteja em um ambiente familiar. Apenas preciso de todos os dados de quem vai entrar e sair da minha casa porque terão que passar pela segurança antes.
– Entendo. Veja isso com a advogada do clube, pois é ela quem está à frente da contratação da empresa de home care.
– Maravilha! Podemos ir?
– Pode sim, mas parece que tem algumas pessoas querendo vê-lo lá fora.
Ele se tranca em uma carranca, detestando a ideia de que alguém possa atrasar sua saída em mais um minuto que seja.
– Eu não quero ver ninguém. Pode pedir para ir embora, por favor.
– Que pena. Eu pensei que gostaria de ver seus pais. Eles estão tão ansiosos para te encontrar.
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Nicholas: Quando a atração muda as regras do jogo
RomanceNicholas Ferraz é o mais novo jogador do Avantes Futebol Clube. Para ele, não foi nada fácil alcançar os holofotes no mundo do futebol nem descobrir que a fama poderia lhe aproximar de pessoas interessadas apenas em seu dinheiro. Presenciar a ex- e...