Capítulo 11

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Gustavo Henrique narrando...

Levo meu baseado a boca e dou uma tragada nele fechando os olhos logo em seguida, depois solto a fumaça.

De longe avisto Bernardo e a outra garota juntos, rindo como se já se conhecessem, o mesmo carregava duas mochilas nas mãos.

Eles pararam em frente da pracinha, trocaram algumas palavras em seguida vi BN acariciar as bochechas dela, minuto depois ele retira o celular do bolso e anota alguma coisa.

💬 Falei que era vadia como as outras 💬

Alguns minutos depois Bernardo caminha na minha direção com um sorriso largo no rosto, ele se aproxima e levanta a mão para fazer um toque comigo mas eu mando o papo reto.

GH: Tava fazendo o quê com ela? — jogo o cigarro no chão e piso com o pé —

BN: Mina se ofereceu para me pagar um boquete por 300, reais, aceitei na hora chegado — diz —

Meu maxilar se tranca automaticamente, fecho os punhos, pprt aquela mina é do tipo santa em casa, vadia na rua.

GH: Ela fez o quê — pergunto —

BN: Ih se estressa não rapá, brincadeira pó. Encontrei ela descendo o morro os os seus bagulhos aí lhe ajudei só isso — justifica —

GH: Porquê tu tirou o celular do bolso então — ele ri  abanando negativamente —

BN: Ih, pra pedir o número da gata que eu peguei no baile mermão, calfoi tá de caso com a garota é? — diz —

GH: Respeita minha história, sou homem de ter caso com mulher, sai dessa parcero — me exalto —

Olho para frente  a garota estava conversando com uma loira e uma ruiva, dou uma analisada rápida no seu corpo e me lembrei do dia em que a gente transou.

Pprt viajei no corpo da novinha, abusada do caralho mas têm um corpo firme.

BN: Vai dizer que tu transou com a Yasmine— franzo a testa —

GH: Quem é essa? — pergunto —

BN: Otário, nome dela — reviro os olhos —

* * *

Fiquei observando ela por um bom tempo enquanto BN jogava com alguns homens da boca, Yasmine se levantou junto com as amigas e uma delas falou algo no seu ouvido ela riu e olhou na minha direção, nossos olhares se cruzaram e ela trancou a cara no momento, ficamos um bom tempo encarando um ao outro até ela piscar e quebrar aquele clima que tinha em seguida a mesma dá de costas e começa a caminhar até a entrada do beco 7.

Fiquei de bobeira junto com BN, até que patrão convoca geral na sua sala, desconfiei na hora, quando ele faz isso é papo de invasão ou X9 na parada

Entro no escritório e todo mundo tava lá, Leonardo estava encostado ao lado de um armário com as mãos nos bolsos e cara de paisagem.

Lobão: Papo reto aqui pra vocês, desapareceram 100 mil reais do cofre ontem a cara, o esquema da invasão contra o morro da Sabão e Paraisópolis também desapareceu... Aqui na favela nós não cria — diz frio e encara todo mundo com fogo nos olhos —

Conheço Lobão a mó cota, sempre foi gente boa comigo quando era um simples garoto de chinela e pipa na mão abandonado e só, ele me ajudou e muito, foi nessa época que eu entrei pró trafico era minha única saída pra sobreviver na merda onde estava.

Ele têm cata de manso, ajuda geral aqui no morro quando é preciso, se dá bem com os moradores mas basta dar um vacilo pra ele acabar contigo, mata sem dó!

pode ter cara de boa pessoa mais é o contrário, não têm pena de

Ele é conhecido como Lobão porque gosta de arrancar a cabeça dos inimigos com as mãos, já assisti à essa tortura muitas vezes. Matou a mulher e a filha de 3 anos ninguém até hoje sabe o motivo.

Foi com ele que eu aprendi a ser um moleque frio, não ter sentimentos, a me vingar de muita gente que me humilhou e maltratou no passado.

Encaro a expressão de cada vapor dentro da sala, principalmente os olhos de Léo, ele parecia estar nervoso ou algo do tipo.

Lobão: Ninguém va abrir o bico — diz sem paciência nenhuma — Você aí dá frente avança.

Chama um vapor qualquer e o mesmo o encara com medo mas depois caminha na sua direção.

Lobão: Tu desconfia de alguém, ou sabe de alguma coisa?

Xxx: Não patrão! Sei de nada não — diz o encarnado firme nos olhos —

Lobão: Têm família?

Xxx: Tenho sim patrão, um menor recém nascido e uma garota de 3 anos — responde e Lobão retira seu ferro da cintura —

Lobão: Pema que o pai não vai poder ver o crescimento deles — diz morando na direção dele e atirando sem motivo nenhum —

O corpo do mlk cai no chão, geral ficou calado , não comentou nada mas todo mundo estava espantado por essa atitude.

Lobão: Isso foi apenas um aviso, se eu botar as mãos no arrombado que está por trás disso tá fudido na minha mão! Todo mundo fora daqui, menos você GH.

Todo mundo saiu da sala me deixando só com Lobão, me sento em frente dele e encaro a janela que dava vista a floresta.

Lobão: Tá desconfiado de quem — quebra o silêncio —

GH: Não sei pode ser qualquer um que tenha acesso a boca e ao teu escritório — digo —

Se eu falar que tô desconfiando de Leonardo ele vai falar que não é verdade, que Léo é um dos seus melhores vapores e que é pura implicância.

Lobão: Tu e BN vão ficar de olho em cada gesto e passo aqui na boca, qualquer vacilo ou desconfiança é pra levar pró galpão, tu vai ser meu braço direito, sub-dono daqui — digo e arregalo os olhos — Sabe que se tô de dando esse cargo é porque te faço confiança e sei que você merece — diz —

GH: Mais... — ele me corta —

Lobão: É pegar ou largar — ele diz —

Não vou dizer que não quero comandar aqui, receber o respeito das pessoas, subir no meu cargo ou quem sabe ter a cabeça de Leonardo como troféu mas por mim tanto faz, nunca fui de sonhar alto como  vejo a maioria fazendo, entrei pró trafico não por dinheiro nem mulheres e sim por necessidades. Me lembro da primeira pessoa que matei com apenas 10 anos, até hoje tenho pesadelos com essas pessoas ou o dia do assassinato se me arrependo? Nem um pouco, fiz porque sentia que precisava se fazer, mil vezes eles do que eu! Muitos daqui do morro sabem da minha história, mais não ousam falar ou tocar nesse assunto por terem medo de mim.

Troquei alguns papos com Lobão e depois acelerei a minha moto em direção da minha goma.

Grávida De Um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora