Capítulo 6 - Manuela

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     Depois de conseguir alguns dias de licença do hospital, eu não tive outra alternativa a não ser embarcar para o Brasil, dois dias depois da minha conversa com David.

     Meu destino era o Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo em que estava me sentindo radiante por poder estar retornando ao meu país depois de tanto tempo, confesso que sentia um certo medo em ter que encarar o Lorenzo, que eu sequer conhecia, mas sabia que deveria estar uma fera comigo e com David, por termos feito algo tão estúpido.

     Assim que desembarquei e adentrei ao saguão, avistei David ao longe. Ele se destacava na multidão com uma calça branca e uma camiseta cor de rosa e tênis dourados, seus cabelos também estavam impecavelmente arrumados:

     ― Ei David! –Me aproximei, o pegando de surpresa.

     ― Manuela! –Ele me abraçou animado- Como foi a viagem? –Ele me olhou atentamente.

     ― Ótima.

     ― Já esteve no Rio de Janeiro antes?

     ― Nunca! É a primeira vez, pena que tenha sido nessas circunstâncias. –Disse cabisbaixa.

     ― Me desculpe fazê-la passar por isso –Ele disse calmamente- Eu nunca imaginei que algo assim poderia acontecer.

     ― Nem eu, parece impossível.

     ― Agora sabemos que não é. –Ele forçou um sorriso, colocando suas mãos nos bolsos da calça.

     ― Ele também está aqui? –Perguntei olhando ao redor.

     ― Lorenzo? Não, ele estava ocupado com algumas coisas na empresa e me pediu que viesse até aqui busca-la –Ele deu uma olhada rápida em seu relógio de pulso- Mas a essas horas, ele já deve estar em seu apartamento.

     ― É para lá que vamos agora?

     ― Sim.

     ― Tem alguma coisa que eu preciso saber antes de ficar cara a cara com ele?

     David refletiu por alguns instantes:

     ― Ele já é bastante grosso e irônico no dia-a-dia e lembre-se que ele está bastante chateado com toda essa história, então meu conselho é que não se importe com as provocações dele, vamos tentar resolver tudo isso o mais rápido possível.

     ― Tudo bem. –Disse receosa, tentando imaginar o tipo de homem com o qual eu estava prestes a me deparar.

     Depois de sairmos do saguão, caminhamos até o estacionamento, onde David colocou minhas coisas no bagageiro do seu carro e instantes depois, já estávamos andando pelas ruas do Rio de Janeiro.

     Durante o percurso nos mantivemos em silêncio, não havia muito o que dizer. E enquanto David dirigia, eu tentava manter minha mente calma, reparando nas belezas que aquele lugar guardava.

     David havia mencionado que o apartamento de Lorenzo ficava de frente para a praia de Copacabana e eu tentei imaginar o quanto ele não deveria ter investido para poder viver em um lugar assim.

     Quando paramos em frente ao prédio, olhei pela janela do carro, observando o sol que já começava a se pôr no horizonte, ainda haviam muitas pessoas na praia e assim como eu, todas pareciam contemplar os tons de laranja e rosa que mesclavam todo o céu e também o mar.

     Imaginei também a vista que as pessoas que moravam naquele prédio poderiam apreciar todos os dias, e me lembrei de que por mais que a vista que tinha do meu apartamento em Los Angeles fosse bela, não chegava nem aos pés da que aquelas pessoas tinham ali:

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora