Juro que não fazia ideia da quantidade de casais que buscavam o divórcio todos os dias. A fila no cartório para resolver situações matrimoniais era imensa e eu não conseguia me conformar com o fato de que todos ali buscavam um meio de colocar um ponto final na sua relação com o outro.
Desde a discussão, Lorenzo e eu não havíamos nos falado mais, o que ficou ainda mais constrangedor depois que nos sentamos na sala de espera, aguardando a nossa vez.
Ao meu lado, percebi pela forma impaciente com a qual ele ritmava com os dedos das mãos no braço da cadeira, que ele se sentia tão incomodado com minha presença, quanto eu com a dele:
― O que você faz aqui no Rio? –Perguntei, mesmo sem saber se ele me ignoraria ou se me responderia, mas feliz por de certa forma tentar quebrar aquele silêncio insuportável.
― Eu sou engenheiro civil. –Ele disse vagamente.
― Trabalha para alguma empresa?
Lorenzo me olhou rapidamente, provavelmente se perguntando por que eu havia começado a demonstrar tanto interesse:
― Na verdade, eu tenho minha própria empresa, a Construtora Montenaro.
O fato de ter dado o próprio sobrenome a empresa, só parecia reforçar o ego que ele tinha:
― Parece interessante. –Disse vagamente.
Lorenzo se recostou em sua cadeira, desta vez me encarando:
― Posso perguntar o que você faz em Los Angeles?
― Eu sou médica. –Respondi.
― Médica? –Ele disse surpreso- Uau, isso sim parece ser interessante!
― Bem, é sim, você se surpreenderia com as coisas que podem acontecer em um hospital. –O olhei, e o fato de ele realmente parecer interessado no que eu fazia, fez com que eu desviasse meu olhar instantes depois.
― Mas, por que você foi embora do Brasil? –Apesar de ser uma pergunta inocente, fez com que eu recordasse tempos difíceis- Desculpe, eu disse algo de errado? –Ele perguntou delicadamente ao notar minha expressão se enrijecer, parecendo ser um homem completamente diferente do ogro de mais cedo.
― Eu perdi meus pais em um acidente de trânsito quando tinha apenas quatro anos de idade, fui criada praticamente pela minha avó, e quando ela faleceu aos meus dezoito anos, não tinha mais nada que me prendesse aqui.
― Eu sinto muito. –Suas palavras pareciam sinceras.
― Obrigada. –Agradeci.
― É a nossa vez –Lorenzo se levantou da cadeira, ao ver nossa senha surgir em um monitor.
Caminhamos até a porta que havia logo a frente, Lorenzo a abriu e logo percebi a figura de um senhor de idade, sentado a sua mesa, analisando o que deveriam ser mais e mais processos. Depois de fechar a porta, nós o cumprimentamos e nos sentamos diante dele:
― Em que posso ajuda-los meus jovens? –Ele perguntou, como se não soubesse o porquê de as pessoas irem até ali.
― Nós gostaríamos de dar entrada a um pedido de divórcio. –Lorenzo disse com formalidade.
― Posso saber o motivo de estarem buscando o divórcio? –O senhor perguntou, nos olhando atentamente.
― A verdade é que tudo não passou de uma grande mal-entendido, não era para nós dois estarmos casados. –Me apressei em dizer.
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O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas
RomansaDepois de descobrir que o relacionamento de quase três anos não havia passado de uma farsa após pegar o seu namorado na cama com outra, tudo o que Manuela queria era poder passar um final de semana tranquilo em Las Vegas ao lado de suas duas melhore...