Capítulo 11 - Manuela

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     Em frente ao espelho do banheiro, tentava cobrir as olheiras escuras que ganhavam grande destaque na minha pele clara. Meus olhos estavam inchados, mas consegui disfarçar horas seguidas de choro com um pouco de maquiagem.

     Já se passavam das sete horas da manhã e provavelmente Lorenzo já teria ido para sua empresa. Era melhor assim, depois de ontem, seria impossível olhar para ele e fingir que estava tudo bem.

     David já havia me enviado uma mensagem, me informando que chegaria por volta das oito horas para me buscar, ele me levaria até o hotel em que me hospedaria.

     Peguei minha mala e atravessei o longo corredor, a deixando na sala, depois caminhei até a cozinha e peguei um pouco de suco na geladeira, eu não estava com muita fome. Ao olhar para a pia, fiquei surpresa ao perceber que Lorenzo não havia preparado suas torradas, como costumava fazer todas as manhãs e estranhei aquilo.

     Voltei para o quarto para pegar minha bolsa e enquanto conferia se não estava me esquecendo de nada, meu celular tocou:

     ― Olá David! –Atendi, reconhecendo o número- Já estou pronta.

     ― Olá Manu, eu já estou indo, mas antes preciso falar com o Lorenzo, eu não posso deixar a empresa sem ele estar aqui.

     ― O Lorenzo não está na empresa? Mas ele sempre sai tão cedo. –Disse, tendo um pressentimento ruim quanto aquilo.

     ― Não, tem certeza de que ele não está ai? Você me disse que vocês discutiram ontem, certo?

     ― Sim.

     ― Talvez ele tenha chegado tarde e perdido a hora. –David disse de forma hipotética.

     ― Tudo bem, espere aí que eu vou até o quarto dele conferir. –Coloquei a chamada em espera.

     Sai do quarto e caminhei até o último cômodo no final do corredor, a porta estava fechada e eu bati:

     ― Lorenzo? –Chamei por seu nome algumas vezes, mas não obtive resposta.

     Lentamente girei a maçaneta da porta e entrei, o quarto estava escuro e quando acendi a luz, me assustei ao ver Lorenzo deitado na cama:

     ― Lorenzo? –O chamei novamente, me aproximando, mas novamente ele não me respondeu.

     Ele estava com o edredom o cobrindo até a altura dos ombros, mas por alguma razão, seus lábios tremiam e sua testa e seus cabelos estavam ensopados de suor.

     Levei minha mão até sua testa e percebi que ele estava ardendo em febre:

     ― David? –Disse colocando meu celular de volta na orelha- David?

     ― O que foi Manuela? Você o encontrou?

     — Sim, mas ele não parece muito bem, ele está com febre alta. –Disse olhando para o rosto de Lorenzo, suas bochechas estavam rosadas por causa da febre.

     ― Estou indo para ai! –David disse, notando a gravidade da situação.

     ― Tudo bem. -Desliguei, colocando meu celular no bolso do meu jeans- Vamos Lorenzo, fale comigo!

     Tirei o edredom de cima dele, compreendendo o motivo de ele estar tão mal, suas roupas estavam completamente molhadas e eu me lembrei que na noite anterior ele havia saído do apartamento sob chuva forte, talvez ele tivesse bebido demais e ao chegar, nem tivesse lembrado de se trocar:

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora