Capítulo 7 - Manuela

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     Eu não havia conseguido dormir muito bem, e atribuía isso ao fato de estar em um lugar completamente estranho, com um homem mais estranho ainda.

     O fato de ter outra mulher ali a princípio me pareceu algo bom, mas quando risadas e barulhos que eu prefiro não comentar se estenderam até o amanhecer me tirando o sono, me arrependi amargamente por ter pensado nisso.

     Depois das quatro da manhã, tudo ficou estranhamente calmo, mas por mais que estivesse cansada, não conseguia pregar os olhos. Peguei meu celular e comecei a enviar mensagens para Cindy e Amber, mas não obtive nenhuma resposta.

     Fiquei mexendo em outras coisas, até o relógio marcar sete horas. Era uma manhã fria e eu tive que lutar muito para sair de debaixo das cobertas. Caminhei até o banheiro e depois de escovar meus dentes e lavar o rosto, retornei para o quarto, vestindo uma calça jeans e uma blusa preta de lã de mangas longas e tênis brancos, me sentindo preparada para encarar o clima.

     Fiz uma maquiagem básica, apenas pele e um rosa natural nos lábios, penteei meus cabelos os deixando soltos, peguei minha bolsa com todos os meus documentos e caminhei até a porta, a destrancando. Sai, cruzando o corredor e quando cheguei a cozinha, encontrei Lorenzo diante da pia.

     Ao notar minha presença, ele me olhou de relance, mas não disse nada, apenas continuou a passar manteiga em uma fatia de pão:

     ― Olá. –Disse sem graça.

     ― Olá. –Ele respondeu vagamente, colocando o pão em uma torradeira- Torradas?

     ― Sim, por favor. –Respondi, agradecendo a gentileza.

     ― Sente-se, vai demorar um pouco. –Ele disse, apontando para a mesa de vidro atrás de si.

     Contornei o balcão e fiquei super sem graça ao constatar que ele usava apenas cueca box preta e uma regata também preta, que revelava seus braços fortes e que ficava bem colada ao seu abdômen, me levando a duas conclusões: Ele definitivamente não deveria sentir frio e também não deveria ter um pingo de vergonha na cara, já que não se mostrou nem um pouco constrangido com a minha presença.

     ― Está tudo bem? –Ele se aproximou com a torrada em um prato, o colocando diante de mim, me encarando com um sorriso satisfeito nos lábios, provavelmente notando o meu desconforto.

     ― Está sim. –Disse dando uma mordida na torrada, tentando ignorá-lo- Uau, isso está muito bom!

     ― Ficaria ofendido se dissesse o contrário, é a segunda coisa mais gostosa que eu sei fazer. –Com um sorriso soberbo nos lábios ele se virou, voltando a preparar mais torradas.

     Com minhas bochechas já formigando, não me atrevi a perguntar qual era a primeira, porque levando em consideração todos os ruídos que havia ouvido durante a noite, acho que eu já sabia a resposta.

     ― Lorenzo? –Uma voz ecoou da sala e quando olhei em sua direção, vi uma mulher alta, morena, de olhos verdes, vestindo um microvestido preto e sapatos de salto alto. Ela tinha o corpo de uma modelo.

     Lorenzo caminhou até ela, a segurando pela cintura e a beijando sem pudor, bem na minha frente. Aquela cena me deixou um pouco desconcertada e eu desviei meu olhar:

     ― Quem é ela? –Ouvi a mulher perguntar.

     ― Essa é Manuela, minha esposa. –Lorenzo respondeu.

     Olhei para ele completamente indignada, sentindo pena da mulher que agora me olhava com os olhos esbugalhados, ele era louco?

     ― Me desculpe, eu... –A mulher começou a se explicar. Aquilo era muito constrangedor.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora