Depois de tomar um banho e me vestir, sai do meu quarto, pronto para me encontrar com Lorena, que já havia me telefonado duas vezes para saber se eu já estava a caminho. Ela era filha de um cliente, havíamos nos conhecido a alguns dias em um evento e desde então, ela não havia parado de me telefonar.
Ao cruzar o corredor, passando em frente ao quarto de Manuela a ouvi em prantos, me aproximei, batendo à porta:
― Manuela? –A chamei, sem sucesso.
Ao girar a maçaneta e constatar que a porta estava destrancada, não pensei duas vezes antes de entrar.
Ela estava deitada de lado na cama, chorando alto e eu tive a certeza de algo muito ruim deveria ter acontecido para ela estar daquele jeito:
― Manuela? O que aconteceu? Por que está chorando assim? –Disse me aproximando.
― Vá embora, por favor.
― Não até você me dizer o porquê de estar assim. –Insisti.
― Você tem um encontro, vá logo! –Ela disse com a voz embargada.
― Não tenho mais. –Me sentei na beira da sua cama, a olhando.
― Por favor, eu só quero que me deixe sozinha! –Ela se sentou me encarando raivosa, seu rosto vermelho.
― Não, não quer! –A confrontei- Manuela, você cuidou de mim quando eu precisei, me deixe cuidar de você agora! –Pedi, meu olhar preso ao seu.
Com lágrimas nos olhos, ela se inclinou me abraçando, chorando desesperadamente em meus braços.
Não disse nada, apenas retribui seu abraço, mantendo minhas mãos em suas costas, acariciando seus cabelos, queria que ela soubesse que eu estava ali e que se sentisse segura com isso.
Apoiada ao meu peito, aos poucos suas lágrimas cessaram e sua respiração se regularizou, parecia cansada demais para fazer ou dizer qualquer coisa, não a forcei, apenas levei minha mão ao seu queixo, trazendo seu olhar de volta para mim.
Seus olhos azuis estavam avermelhados e inchados e ela os desviou ao se encontrarem com os meus:
― Isso foi tão ridículo. –Ela disse se afastando, se encostando na cabeceira da cama.
― Não é ridículo mostrar que se está sofrendo.
― Eu estou bem agora, você já pode ir. –Ela disse de forma impaciente, evitando meu olhar.
― Você ainda não me disse o que aconteceu.
― Eu não quero falar sobre isso. –Ela abraçou seus joelhos.
― E por que não? –Quis saber.
― Porque foi horrível! –Ela me encarou com os olhos marejando- Não precisa fingir que se importa, você não me deve nada...
― Eu não estou fingindo. –Me esquivei, me encostando na cabeceira da cama, logo ao seu lado- Vamos, me conte. –Segurei sua mão.
Manuela me olhou indecisa, antes de finalmente continuar:
― Recebi algumas fotos de Eric com uma mulher que eu conheço, eu achei que já havia superado o nosso término, mas vê-lo com outra me mostrou que não e enquanto eu estou aqui, chorando como uma tonta, ele está lá, vivendo a vida. Ele foi especial para mim, me dói saber que infelizmente eu não fui. –Ela fechou os olhos e uma lágrima rolou por seu rosto.
― Ei, não fique assim –Segurei seu rosto em minhas mãos, a olhando profundamente- Esse cara só está tentando te desestabilizar, buscando de alguma forma chamar a sua atenção, porque tem medo de que você o esqueça.
Em meio a tanta tristeza, seus lábios carnudos se comprimiram em um sorriso lindo:
― Por que você não é legal assim sempre? –Seus olhos azuis me fitaram agradecidos.
― Eu sou legal –Retruquei- Ás vezes mal compreendido, mas... –Disse em tom brincalhão, a fazendo rir- Ainda não havia reparado no quanto sua risada era linda. –Pensei em voz alta, atraindo seu olhar confuso.
― Você só está dizendo isso para me animar. –Ela me olhou tímida.
― Não, não estou. –A encarei, reparando em cada detalhe do seu rosto perfeito. Quando ela havia ficado tão linda?
Nossos olhares só se desviaram quando o celular tocou em meu bolso:
― Alô? –Atendi, enquanto Manuela mexia em seu cabelo, em sinal de completo desconforto.
― Aonde você está Lorenzo? Eu já estou te esperando a quase uma hora! –Lorena reclamou do outro lado da linha.
― Eu tive um imprevisto, mas já estou indo.
― Tudo bem, estarei te esperando com aquele vinho que você ama. –Ela desligou.
― Tudo bem se eu for? –Olhei para Manuela, esperando seu consentimento.
― Claro, você já fez demais por mim –Ela me olhou agradecida- Além disso, acho que não conseguiria sobreviver com o fato de que estraguei a noite de alguém. –Ela me lançou um sorriso fraco.
― Certo, se precisar de qualquer coisa, me ligue. –Me levantei, a olhando uma última vez, como se quisesse ter certeza de que ela havia compreendido que podia contar comigo. Depois de ter certeza que ela ficaria bem, deixei seu quarto.
Mais tarde naquela noite, deitado na cama com Lorena, enquanto ela dormia calmamente depois de termos transado, não conseguia deixar de pensar em Manuela.
Eu só conseguia pensar nos seus olhos azuis e no quanto eles a tornavam angelical e inocente, no cheiro doce e perfumado de seus cabelos e do seu corpo abraçado ao meu.
Não nego que havia despertado um certo desejo por ela e que por um breve segundo, senti uma vontade incontrolável de unir meus lábios aos seus e beijá-la.
Balancei minha cabeça, tentando afastar meus pensamentos, Manuela já havia sido iludida demais e eu não queria ser mais um na sua lista, porque era isso que eu fazia a todas que acreditavam em mim: Eu as decepcionava.
E eu não queria decepcioná-la, não ela.
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O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas
RomanceDepois de descobrir que o relacionamento de quase três anos não havia passado de uma farsa após pegar o seu namorado na cama com outra, tudo o que Manuela queria era poder passar um final de semana tranquilo em Las Vegas ao lado de suas duas melhore...