Capítulo 36 - Manuela

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     Conferia as horas no meu relógio de pulso, com a mesma frequência que cruzava e descruzava minhas pernas. Estava no aeroporto, aguardando meu embarque, enquanto rezava em silêncio para que Lorenzo aparecesse.

     Eu o amava e mesmo depois de todas as coisas que ele havia me dito, eu continuava acreditando que aquele não era o nosso fim. Não poderia ser:

     ― Chamada para o voo 261 rumo a Los Angeles, Califórnia. –Uma voz eletrônica anunciou.

     ― Talvez ele ainda apareça. –David me olhou de relance, tentando me passar alguma energia positiva.

     ― Eu duvido disso. –Disse ao constatar que já se passavam das dez horas da manhã.

     Baixei a cabeça, percebendo que talvez o nosso amor não tivesse sido tão forte quanto eu havia imaginado e talvez, eu tivesse atribuído importância demais ao que eu significava para ele.

     Com um aperto no coração, apanhei minha mala, me levantando:

     ― Manu, você não acha que é melhor esperar mais um pouco? –David também se levantou.

     ― Não, ele já teve a chance dele. –O olhei séria- E quer saber de uma coisa, se ele quisesse mesmo ficar comigo, ele não teria me deixado virar as costas ontem no tribunal, quando disse a ele que estava indo embora.

     ― Manu... –David tentou me acalmar, mas eu o interrompi.

     ― Eu amo o Lorenzo, muito mesmo, mas acho que está na hora de começar a dar mais prioridade aos meus sentimentos, e agora, tudo o que eu mais quero, é poder voltar para casa e deixar tudo isso para trás.

     ― É isso mesmo que você quer?

     Refleti por alguns instantes antes de responder:

     ― Gostaria de dizer que sim –Lhe lancei um sorriso fraco- Mas quando chegar lá, provavelmente vou fazer um bom brigadeiro de panela, me embrulhar na minha cama e chorar tudo o que tenho para chorar.

     Sem dizer nada, David me deu um abraço forte, enquanto eu chorei baixinho no seu ombro:

     ― Sei que mais cedo ou mais tarde, ele vai se arrepender por ter deixado uma mulher tão incrível quanto você escapar. –Ele sussurrou

     ― Mas, mesmo que isso aconteça, pode ser tarde demais, eu não posso esperar a vida toda por alguém que não quer ser amado. –O encarei.

     ― Eu sei que não, faça o que tem de fazer e se serve de consolo, se eu fosse hetero, você com certeza seria o tipo de mulher que eu gostaria de namorar.

     ― Seu bobo! –Ri, lhe dando um tapinha- Posso te pedir um favor?

     ― O que você quiser.

     ― Será que você poderia ficar de olho no Lorenzo, pelo menos por um tempo? Sei que ele vai precisar conversar com alguém sobre o que sente e você é a pessoa certa para isso.

     ― Claro, assim posso dar uns puxões de orelha nele.

     Sorri, retribuindo seu abraço:

     ― Vou sentir saudades David, se cuide.

     ― Também vou sentir sua falta, Manu, minha casa nunca esteve tão arrumada quanto nos últimos dias que você ficou lá. –Com o tempo, havia aprendido que o humor utilizado por David, não passava de um meio para esconder seus sentimentos- Promete que não vai se esquecer de mim? –Ele disse com os olhos marejados.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora