Capítulo 16 - Lorenzo

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     ― Eu adorei o projeto Lorenzo! Isso com certeza vai ficar incrível! –Um cliente disse, admirando o projeto que eu havia desenhado para a sede da sua empresa- Quando você acha que dará início a construção?

     ― Amanhã mesmo, já estou mobilizando todo o meu pessoal.

     ― Isso é ótimo! –Ele disse satisfeito.

     ― Com licença senhor. –Minha secretária surgiu a sala.

     ― Bem, eu já vou indo, obrigado pelo excelente trabalho Lorenzo. –Meu cliente se levantou, me cumprimentando.

     ― Eu que o agradeço pela confiança.

     No instante seguinte ele passou por minha secretária, nos deixando a sós:

     ― Eu já disse para não me interromper quando estiver com um cliente no meu escritório. –A olhei firme.

     ― Desculpe senhor, mas um advogado ligou dizendo que conseguiu marcar a primeira audiência do seu processo de divórcio para hoje as quatro e meia, ele também disse que não conseguiu entrar em contato com sua esposa para avisá-la.

     Conferi o relógio em meu pulso, notando que já se passavam das três e meia:

     ― Certo, cancele todos os meus compromissos de hoje e os agende para amanhã e confirme com o David se as ideias dele para aquela multinacional já estão prontas, o presidente virá amanhã para avaliá-las.

     Quando levantei meu olhar para minha secretária, ela me olhava pasma:

     ― Está tudo bem? –A encarei.

     ― Está senhor Montenaro, é que eu não sabia que o senhor era casado. –Ela disse calmamente.

     ― Acredite, nem eu sabia. –Respondi, saindo a tempo de ver o seu rosto se transformar em um misto de confusão.

     Deixei o escritório, caminhando até o estacionamento e discando o número do ramal do meu apartamento, para alertar Manuela de que já estava chegando para buscá-la, mas nas cinco tentativas, ela não me atendeu, tentei também o seu celular, mas não obtive nenhum sucesso:

     ― Só pode ser brincadeira! –Disse sem paciência, dando partida no carro e dirigindo em direção ao meu apartamento.

     Ao chegar, estacionei o carro na rua e cruzei o saguão rapidamente, pegando o elevador para o andar do meu apartamento, mas quando entrei, não vi nenhum sinal de Manuela, chamei seu nome várias vezes e a procurei em todos os cômodos, mas ela com certeza não estava ali.

     Ao olhar o relógio de parede sobre o balcão, vi que já eram quatro e vinte e mesmo que ela aparecesse agora, não chegaríamos a tempo na audiência.

     Apanhei uma cerveja na geladeira e me apoiei na bancada da cozinha, tentando me acalmar, aquela falta só serviria para atrasar ainda mais todo o processo:

     ― Olá senhor Montenaro, estou ligando para confirmar se o senhor e a senhorita Duarte já estão a caminho, a audiência começará em alguns minutos. –Meu advogado telefonou.

     ― Desmarque a audiência, a senhorita Duarte teve um imprevisto e não poderá comparecer.

     ― Tudo bem senhor.

     ― Quanto tempo até a próxima audiência? –Perguntei.

     ― Eu não sei senhor, alguns dias.

     Aquilo me deixou fervendo de raiva, como Manuela poderia ter sido tão irresponsável e sumir assim, sem dizer a ninguém para onde ia?

     Eram quase seis horas da tarde e eu estava sentado no sofá, quando a porta do apartamento se abriu e ela surgiu, vestindo um short jeans e a parte de cima do seu biquíni:

     ― Chegou cedo. –Ela disse ao notar minha presença.

     ― Mas é claro, estou aqui te esperando desde as quatro horas! –Disse áspero- Onde você estava?

     ― Eu estava na praia, o que aconteceu? –Ela me olhou, sua voz calma.

     ― Aconteceu que nós perdemos uma audiência importante para o nosso processo de divórcio! –Me levantei, a encarando impaciente.

     ― Eu deixei o telefone aqui quando sai, mas o advogado ainda não tinha me mandando nada.

     ― É óbvio, ele mandou quando você já estava lá, curtindo a praia no meio da semana!

     ― Ei, por que você está tão bravo comigo? –Ela se aproximou, e apesar de eu estar sendo extremamente grosseiro, ela não agia do mesmo modo que eu.

     ― Essa audiência era importante, daria um grande passo no processo. –Coloquei as mãos nos bolsos da minha calça, falando de forma mais educada, notando o quanto eu estava sendo um babaca com ela.

     ― Eu sei e juro que se soubesse, não teria saído, mas é que eu precisava pensar um pouco. –Manuela desviou seu olhar do meu e eu soube que ela se referia ao que havia acontecido entre nós dois no dia anterior.

     ― Manuela, sobre ontem... –Respirei fundo, a olhando de forma terna, mas ela me interrompeu.

     ― Esquece isso, foi só um beijo, não sou uma garotinha iludida. –Ela disse tentando passar por mim, mas eu a segurei pelo braço, a impedindo.

     ― Eu sei que pode ter significado algo para você, mas acredite quando digo que você não iria querer se envolver com um cara como eu. –A olhei firme.

     ― Você não sabe o que eu penso disso tudo –Ela disse baixo- Acho que já sou grande o suficiente para saber onde estou me metendo. –Ela se soltou de mim, atravessando o corredor e indo para o quarto.

     Fechei meus olhos, refletindo sobre suas palavras. Não nego que havia gostado de beijá-la, havia sido intenso e diferente de qualquer outro que já havia dado, e por mais que eu estivesse tentado a ter algo com ela, sabia que não era certo:

     ― Quer saber, dane-se! –Murmurei em conflito comigo mesmo, caminhando de forma inconsequente até seu quarto.

     E quando me sentei na beira da cama esperando que ela saísse do banho, procurei não ouvir minha sanidade.

     O que quer que acontecesse dali em diante, seria decidido por Manuela.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora