O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas

Capítulo 33 - Manuela

     ― Bem-vinda a minha humilde residência! – David abriu a porta do seu apartamento animado, me recebendo com um abraço.

     ― Desculpe aparecer assim, mas eu não sabia mais para onde ir e definitivamente, não poderia continuar no apartamento de Lorenzo. –Murmurei.

     ― A briga de vocês foi tão feia assim? –Ele se recostou na porta, me olhando com cautela.

     ― Não sei se posso chamar o que aconteceu de briga. –Dei de ombros.

     ― Vem, vamos conversar.

     David pegou minha mala e me levou para dentro. Nos sentamos no sofá da sala e comecei a contar a ele sobre o convite que Lorenzo havia me feito para irmos jantar e do quanto parecia animado com isso, sobre o fato de ter ignorado minhas ligações quando se atrasou e sobre ter chegado tarde da noite, e ainda por cima bêbado, contei sobre a insegurança que ele sentia, as alegações que fazia sobre não ser bom o suficiente para mim e de como ele pediu que terminássemos, só não contei sobre o fato de ele ser estéril. Não achei que precisasse:

     ― Espera, ele disse que queria terminar, assim, de um hora para a outra, sem nenhum motivo? –David me questionou confuso.

     ― Na verdade, o único motivo é que ele não se sente bom o suficiente para mim, ele tem medo de que não seja capaz de me fazer feliz, quando no fundo, eu sei que ele é o único homem capaz de fazer com que eu realmente me sinta bem.

     ― Eu sinceramente não entendo, o Lorenzo é meu amigo a vários anos e eu nunca o vi assim, tão apaixonado por alguém, quanto ele é por você, ele nunca esteve tão feliz.

     ― Talvez ele não me ame tanto assim.

     ― Por favor, Manu, não diga isso. –David segurou minha mão.

     ― Então se ele me ama, porque desistiu de mim? Ele nem sequer quis tentar! –Disse com raiva, lágrimas salpicando de meus olhos.

     David me puxou, me aconchegando em seu peito, deixando que eu chorasse baixinho, enquanto afagava meus cabelos:

     ― Os homens são complicados. –Ele disse.

     ― Você não é como eles.

     ― Querida, hello! Eu disse os homens! –David brincou e eu sorri- O Lorenzo te ama, e disso eu não tenho dúvidas, mas faz tanto tempo que ele não se envolve com alguém de verdade, que ele deve sentir medo de ser um completo babaca.

     ― Ele já está sendo. –Resmunguei.

     ― Ainda assim, eu só acho que ele esteja querendo te proteger, não de algum mal ou algo assim, proteger você dele mesmo.

     ― Mas, por quê? –Me afastei de seu peito, secando minhas lágrimas e o olhando.

     ― Isso é algo que só ele pode dizer. –David se levantou, ajeitando seu belo paletó marfim e apanhando uma pasta sobre a mesinha de centro- Infelizmente, estou atrasado para o trabalho, mas prometo tentar sair mais cedo para vir ficar com você –Ele se aproximou- Tem certeza de que vai ficar bem até lá?

     ― Tenho. –Ele se inclinou, me abraçando.

     ― Procure por um bom filme na televisão, prometo passar no mercado e comprar os chocolates e a pipoca. –Ri, enquanto ele caminhava apressadamente até a porta.

     ― David? –Ele inclinou a cabeça, me olhando- Por favor, não conte ao Lorenzo que estou aqui. –Pedi.

     ― Não contarei, minha boca é um túmulo! –Ele sorriu, batendo a porta ao sair.

     Durante o tempo em que fiquei sozinha no apartamento, a única coisa que consegui fazer foi chorar. Eu amava o Lorenzo, amava de uma forma que eu nunca imaginei ser possível e o fato de ele não se achar homem o suficiente para mim, apenas porque era estéril, me doía, e a única coisa que eu queria que ele entendesse, é que estava disposta a passar por tudo isso ao lado dele.

     Eu só queria poder estar com ele.