Capítulo 18 - Lorenzo

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     Quatro dias haviam se passado desde o dia em que Manuela e eu havíamos dormido juntos, e ao contrário do que pensei, ela pareceu compreender que o que havia acontecido entre nós não havia passado de apenas uma noite.

     Ela não havia me feito cobranças ou exigências, e eu a agradecia por isso, já que não sabia o que faria se ela quisesse de mim mais do que eu realmente poderia lhe oferecer.

     Eu a admirava pela forma natural com a qual falava comigo pela manhã, durante o café e pela noite, quando jantávamos juntos, ela não havia mudado em nada comigo.

     Percebi que havíamos passado a conversar mais, eu já não me sentia mais tão alarmado em relação a ela, e parecia que a barreira de hostilidade que havia entre nós dois tivesse sido rompida, nos fazendo perceber o que havia de melhor no outro.

     Apesar de ser um homem livre, não consegui dormir com nenhuma outra mulher depois dela, ainda estava muito recente e apesar da Manuela não demonstrar seus sentimentos, sabia que quando uma mulher se entregava a um homem, era porque ela confiava nele e que isso era especial para elas, não queria que ela pensasse que o que havia acontecido entre nós não tivesse significado absolutamente nada para mim, porque havia:

     ― Lorenzo, você ouviu o que eu disse? –David me chamou impaciente, me arrancando de meus devaneios.

     ― Desculpe, eu me distraí por um segundo, o que você estava dizendo? –Voltei meu olhar para ele.

     ― Então, eu estava pensando que no interior do prédio poderíamos... –A fala de David foi cortada pelo toque do meu celular sobre a mesa.

     ― É o meu advogado, com licença. –O atendi, enquanto David esperava com os braços cruzados, em sinal de completa frustação- Olá doutor Otávio, novidades?

     ― Olá senhor Montenaro, estou ligando para lhe informar que consegui marcar uma nova audiência para o senhor e para a senhorita Duarte na próxima semana.

     ― Isso é ótimo!

     ― Senhor, além disso, se for da sua vontade, a senhorita Manuela poderá responder por danos morais.

     ― O quê? –Franzi a testa- Não, não quero que a Manuela seja acusada de nada.

     ― Mas senhor...

     ― Eu já disse que não, Otávio! –Vociferei- Não quero que a senhorita Duarte tenha que passar por nenhuma acusação, quero que você trabalhe juntamente com o advogado dela para garantir que ambos sairemos beneficiados dessa história, entendido?

     ― Claro senhor.

     ― Acho que nunca o agradeci por não ter envolvido o meu nome em toda essa história, mesmo que eu seja o grande culpado de tudo isso estar acontecendo. –David levantou seu olhar para mim, após eu desligar.

     ― Você é meu amigo e meu sócio, David, nos conhecemos a tanto tempo, não deixaria que uma brincadeira estúpida atrapalhasse a nossa amizade.

     ― Você pode me conhecer a anos, mas conhece a Manuela a menos de duas semanas e agora mesmo, acabou de protege-la, por quê? –David me olhou atentamente.

     Me inclinei para a frente, juntando minhas mãos sobre a mesa:

     ― Ultimamente, Manuela e eu tivemos estado bem próximos, mas acho que você já sabia disso, não é? –O encarei e ele se remexeu em seu lugar.

     ― Na verdade sim, ela me contou algumas coisinhas.

     ― Então sabe que já consigo gostar dela o suficiente para não querer que nada de ruim a aconteça. –Respondi sincero.

     ― Lorenzo, eu não estou querendo bancar o intrometido, mas você não acha que a Manuela... –Ele escolhia suas palavras com cuidado.

     ― É a garota certa para se ter um relacionamento? –Completei- Talvez, mas eu não estou preparado para me envolver com alguém agora.

     ― Você que sabe. –Ele deu de ombros- Aliás, não se esqueça que hoje à noite é a inauguração daquela boate maravilhosa e o dono faz questão da sua presença. –Ele se levantou da cadeira, indo até a porta.

     ― E os planos que você ia me mostrar?

     ― Quando você estiver menos distraído voltaremos a falar sobre eles. –Ele me lançou um sorrisinho, fechando a porta logo atrás de si.

     Por volta das cinco horas da tarde retornei ao meu apartamento e ao entrar, encontrei Manuela sentada no sofá, assistindo a um filme na televisão:

     ― Oi. –A cumprimentei, enquanto afrouxava minha gravata.

     ― Oi, você voltou cedo hoje. –Ela mencionou, abaixando o volume.

     ― Tenho que estar em uma inauguração ás sete. –Expliquei.

     ― Ah. –Ela murmurou, demonstrando uma certa curiosidade.

     ― Você gostaria de ir comigo? –Perguntei, percebendo o quanto ela deveria andar entediada naquele apartamento.

     ― Mesmo? –Ela me olhou surpresa- Inauguração do quê?

     ― De uma boate. -Enfiei minhas mãos nos bolsos da minha calça- Não é o tipo de lugar que eu costumo frequentar, mas como fui eu que desenvolvi toda a infraestrutura, os proprietários fazem questão da minha presença.

     ― Pensei que só trabalhasse para grandes empresas. –Ela arqueou uma sobrancelha para mim.

     ― Na verdade, trabalho com um pouco de tudo. –Sorri.

     ― Tudo bem, eu vou me aprontar. –Ela saiu do sofá, atravessando o corredor em direção ao quarto.

     Também me dirigi ao meu quarto e em questão de minutos, tomei um banho, vesti um jeans claro, uma camiseta branca e uma jaqueta preta, além tênis Nike brancos, penteei meus cabelos e retornei para a sala.

     Eram quase seis e meia e eu ainda ouvia o som do secador de cabelos vindo do quarto de Manuela. Já estava me arrependendo de tê-la convidado, quando ouvi o barulho do salto alto pelo corredor.

     A observei se aproximar em um vestido verde escuro que fazia sua amarração no pescoço, deixando seus braços e suas costas nuas a vista, com o comprimento um pouco acima dos joelhos, dando um grande destaque a suas pernas e realçando bem as curvas do seu corpo, seus cabelos estavam soltos e ondulados, o batom vermelho ganhava destaque na sua pele branca, suas bochechas estavam rosadas e seus olhos azuis penetrantes, seus brincos dourados balançavam de um lado para o outro, a medida que ela se aproximava de mim:

     ― Você está linda. –Murmurei a admirando.

     ― Você também não está nada mal. –Ela me lançou um sorriso tímido.

     ― Vamos? –Estendi meu braço e ela o agarrou.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora