Capítulo 40 - Lorenzo

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     Assim que o avião pousou no aeroporto de Los Angeles, depois de aproximadamente quatorze horas de viagem, peguei minha bagagem e chamei um táxi, onde pedi que ele me levasse até o hotel em que havia feito minha reserva.
     Já no quarto, depositei minha bagagem em um canto e me aproximei da janela, afastando as cortinas. O Sol bateu forte no meu rosto e ao olhar para tantos outros prédios que haviam ao meu redor, imaginei se o apartamento de Manuela deveria ficar próximo dali.
     Eu mal podia esperar para vê-la, a ansiedade que sentia, fazia parecer que a qualquer momento meu peito fosse explodir.
     Conferi as horas no meu relógio de pulso, eram pouco mais de quatro horas da tarde e mesmo que quisesse ir atrás dela agora, David já havia me informado de que ela estaria no hospital até mais tarde, além disso, eu estava um caco, não havia dormido nada na noite anterior, já que após meu choque de consciência, peguei o primeiro voo que encontrei, que saiu do Rio de Janeiro por volta de meia noite e os poucos cochilos que dei durante a viagem, não se comparavam em nada com uma boa noite de sono.
     Depois de tomar banho, me joguei na cama, imaginando como Manuela reagiria quando me visse. Se tudo corresse bem, nós dois poderíamos sair para jantar, em um restaurante da escolha dela, já que era óbvio que ela deveria conhecer a cidade melhor do que eu, que até então só havia estado ali uma vez.
     Sabia que ela deveria estar chateada comigo por tê-la deixado ir embora e por alegar que não a queria mais na minha vida, mas com calma e paciência, sabia que conseguiria convence-la do contrário. Eu a amava e esperava que ela ainda me amasse também.
     Não demorou muito para que eu apagasse, eu estava cansado e meu corpo clamava desesperadamente por algumas horas de sono, tanto que quando acordei já se passava de oito e meia da noite.
     Cambaleante, fui até o banheiro, onde passei uma água no rosto e vesti uma calça jeans, camisa social azul escuro e calcei meus sapatos, parando em frente ao espelho para ajeitar meus cabelos e depois passando um pouco de perfume.
     Eu estava nervoso, como nunca havia estado em toda a minha vida, nem mesmo na primeira vez em que sai com uma mulher lembro de ter me sentido tão desconfortável.
     Eu não sabia o que esperar, Manuela poderia ficar super feliz em me ver e me aceitar de volta no mesmo instante, assim como já poderia ter desistido completamente de mim e nem mesmo querer me ver.
     Após descer para o saguão do hotel, usei meu inglês um pouco enferrujado para perguntar a recepcionista onde poderia encontrar uma floricultura aberta àquela hora da noite, por sorte, ela sabia de uma e me garantiu que não ficava muito longe dali.
     No caminho, pedi ao taxista que parasse lá e acabei comprando um lindo buquê de rosas vermelhas, eu não sabia ao certo quais eram as flores preferidas de Manuela, mas afinal, que mulher não gostava de rosas?
     Passei o endereço do prédio que Manuela morava para o taxista e durante o caminho, não pude deixar de pensar em mil e uma maneiras de como a nossa noite poderia acabar, a maioria, nem tão boas assim. Balancei a cabeça, tentando afastar todos os pensamentos negativos, eu só desejava que á essas horas ela ainda estivesse acordada.
     Ao estacionar em frente ao prédio, paguei a corrida ao taxista e depois de respirar fundo, desci, torcendo para que pelo menos um dos pensamentos positivos que havia tido sobre aquela noite de fato se realizasse.
     Entrei e ao parar em frente ao porteiro, seu olhar se direcionou primeiro para o buquê e depois para mim:
     - Boa noite, estou aqui para ver uma pessoa, o nome dela é Manuela Duarte. -Disse ao homem, que me olhava desconfiado.
     - A senhorita Duarte está com uma visita agora.
     - Será que pode telefonar para ela e dizer que estou aqui? Tenho certeza de que ela vai gostar de me ver, meu nome é Lorenzo Montenaro.
     - Só um instante. -O porteiro apanhou o telefone, ligando para o apartamento de Manuela, provavelmente percebendo o quanto vê-la era importante para mim.
     O observei tentar uma vez, duas... Mas por alguma razão, Manuela não atendia:
     - Ela não está atendendo agora, mas se o senhor quiser aguardar um pouco... -O porteiro disse, apontando para um sofá que havia na recepção.
     Não tive outra alternativa a não ser aguardar um pouco, me sentei no sofá no instante em que duas mulheres passaram, olhando com curiosidade para mim e provavelmente se perguntando para quem deveria ser o buquê, elas aguardaram o elevador chegar e quando a porta se abriu, fiquei chocado ao ver Eric surgir por detrás das suas portas.
     Ele caminhou atordoado pelo salão e ao me ver sentado no sofá, parou surpreso, um sorriso satisfeito surgindo em seus lábios:
     - Lorenzo? -Ele se aproximou- Juro que de todos os lugares do mundo, aqui era o último em que esperava te encontrar. -Ele disse, colocando as mãos nos bolsos da sua calça.
     Me levantei, não o deixaria me intimidar:
     - Eu vim ver a Manuela.
     - Mesmo? -Ele arqueou uma sobrancelha para mim- Fico feliz que vocês dois tenham saído amigos de toda essa situação, só lamento que ela não tenha me contado isso, afinal, nós dois estamos juntos...
     - Vocês dois estão juntos? -O interrompi.
     - Claro! Voltamos pouco depois de ela retornar a Los Angeles.
     Dei um passo para trás, chocado, eu realmente não esperava por aquilo:
     - Cara, você não sabia? -Eric se aproximou, analisando minha expressão.
     - Não, não sabia. -Disse cabisbaixo.
     - Espera, esse buquê... Você não veio aqui com a intenção de reconquista-la, veio? -Meu silêncio disse tudo e Eric gargalhou alto- Eu sinto muito, de verdade, não deveria estar rindo da sua situação, é constrangedora.
     Queria socar o rosto dele, mas minha confusão em saber que Manuela havia voltado com aquele idiota era tão grande, que me impedia de fazer o que fosse:
     - Não pense que estou querendo te confrontar Lorenzo, longe de mim fazer algo assim, mas entre mim e você, vamos combinar que não foi difícil para ela escolher com que ela queria ficar.
     - Você é um idiota. -Disse, o fazendo rir.
     -Posso até ser, mas é comigo que ela está agora e é comigo que vai ficar.
     - Quer que eu tente telefonar outra vez, senhor? -O porteiro perguntou, confuso, nos observando curioso conversar em outra língua.
     - Bem, depois da noite que tivemos, duvido muito que ela vá atender, já deve estar dormindo a essas horas, estávamos comemorando nossa volta e eu acabei exagerando um pouco, acho que a deixei exausta.
     - Eu vou acabar com você! -Rosnei, avançado para cima dele.
     - Por quê? Por contar detalhes calientes de mim e da minha namorada? -Ele me enfrentou, me olhando no fundo dos olhos.
     Sob o olhar atento do porteiro, que já parecia entender que o que acontecia ali era uma discussão e pronto para intervir caso partissemos para a agressão física, encarei Eric com fúria, antes de lhe dar as costas e sair do prédio.
     Joguei o buquê de flores na primeira lata de lixo que encontrei na rua e junto com ele, toda a minha história com Manuela.
     Chamei um táxi e depois de pegar minhas coisas no hotel, fui diretamente para o aeroporto, onde comprei uma passagem para o próximo voo que ia para o Rio de Janeiro.
     Não havia mais nada para mim em Los Angeles, e eu não queria gastar meu tempo chorando sozinho em um quarto de hotel, afinal, no instante em que a deixei partir, sabia também do risco que tinha de perde-la para outra pessoa, só não esperava que fosse tão rápido e principalmente, que fosse para um canalha como Eric.
     De todos os fins que havia imaginado para aquela noite, aquele era o último que eu esperava.

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