― Estou surpresa, acho que nunca vi tantas frutas e verduras na sua geladeira antes. –Minha mãe comentou, apanhando um copo de água na geladeira e depois se sentando a mesa, diante de mim.
― A Manuela gosta de cozinhar.
Minha mãe deslizou seus dedos pela borda do copo, me olhando com interesse:
― Ela é sua namorada?
― Não. –Respondi vagamente, mesmo que tentasse explicar o tipo de relacionamento que tínhamos, ela não entenderia.
― Mas você gosta dela? –Minha mãe era pura curiosidade.
― É, eu gosto. –Me remexi na cadeira, desconfortável.
― Então o que está esperando meu filho? Não acha que já passou da hora de encontrar alguém com que queira construir uma família e se estabilizar?
― O que a senhora está querendo dizer? –Arqueei uma sobrancelha para ela.
― O que estou querendo te dizer filho, é que um dia todos nós ficamos velhos, eu fico preocupada em te ver sozinho, quando seus irmãos já se casaram e já tem filhos, sabe que seu pai e eu não vamos viver para sempre.
― Mãe, a senhora sabe que eu não quero me envolver com ninguém agora.
― Então porque a alguns anos atrás estava disposto a se casar? –Ela me questionou.
― É difícil explicar. –Desviei meu olhar.
― Será que não é você que está tornando isso difícil? –Ela me olhou atentamente.
― Talvez, mas não se preocupe mãe, eu estou bem, de verdade. –Segurei sua mão sobre a mesa- O que te trouxe ao Rio?
― Eu vim participar de uma exposição de orquídeas com algumas amigas, você sabe como eu amo plantas.
― É, eu sei. –Sorri.
― E aproveitei para vir até aqui te ver, estava com saudades.
― Como estão todos em Paraty?
― Estão bem, até insisti para seu pai vir comigo, mas depois que se aposentou, ele não sai da marina, reformando aquela lata velha que ele chama de barco.
― Não sei por que está dizendo isso, a senhora também não sai de dentro daquela floricultura para nada! Sempre que ligo para lá a funcionária me diz que a senhora está nos canteiros, cuidando das flores.
― Depois de anos de trabalho duro, tudo o que você quer é relaxar um pouco. –Ela me lançou um sorriso tranquilo.
― Mas a senhora não veio até aqui para saber da minha vida amorosa e reclamar da lata velha do papai, veio?
― Não, também vim para te lembrar de que sexta-feira faremos a sua festa, já convidamos todos os familiares e amigos.
― Mãe, eu já disse que não precisa, sexta vai ser um dia comum, como qualquer outro, não há nada de especial nessa data.
― Como não? É o dia do seu aniversário e você vem me dizer que não há nada de especial nisso? E as dez horas em que eu fiquei em trabalho de parto para te dar à luz? Isso também não é nada de mais? –Sempre que minha mãe queria me convencer de algo, ela contava aquela história.
― Mãe...
― Nem tente me convencer do contrário Lorenzo, é seu aniversário e nós vamos comemorar, além disso meu filho, você precisa relaxar, você tem trabalhado muito e garanto que um fim de semana em Paraty é tudo o que você precisa.
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O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas
RomanceDepois de descobrir que o relacionamento de quase três anos não havia passado de uma farsa após pegar o seu namorado na cama com outra, tudo o que Manuela queria era poder passar um final de semana tranquilo em Las Vegas ao lado de suas duas melhore...