Capítulo 35 - Lorenzo

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     Eram as primeiras horas da manhã, quando sai de meu apartamento e dirigi em direção ao tribunal, depois de estacionar o carro, desci, ajeitando meu paletó, notando o quanto o dia estava nublado, com nuvens escuras no céu, que anunciavam o temporal que estava por vim.

     Após entrar, notei que o local não estava muito cheio, mas mesmo assim me pediram para aguardar, até que a audiência que estava ocorrendo se encerrasse.

     Não demorou muito para que uma forte chuva começasse a cair e instantes depois, vi através da porta de vidro quando um táxi estacionou e Manuela saltou para fora, correndo rapidamente para a entrada.

     Quando entrou, a vi blasfemar, algumas pessoas que também estavam sentadas ali analisaram seu estado com pena, mas apesar de sua roupa e de seus cabelos estarem completamente ensopados, ela ainda estava igualmente linda.

     Quando ela olhou em minha direção, nossos olhares se encontraram, era a primeira vez que nos víamos, desde que ela havia saído do meu apartamento, mas ao invés de dizer ou fazer algo, ela apenas baixou a cabeça e seguiu por um corredor, que levava aos banheiros.

     Sabia que ela ainda estava bastante chateada comigo e por mais que eu soubesse que estava fazendo o melhor para ela, não era assim que ela via o fim do nosso relacionamento.

     Sem conseguir me conter, me levantei abruptamente e segui pelo corredor, a porta do banheiro feminino estava entreaberta e quando entrei, encontrei Manuela tentando secar seus cabelos no soprador do banheiro. Ele vestia uma calça social preta flare e sapatos de salto alto, ela já não vestia mais seu blazer, que havia sido totalmente molhado pela chuva e que agora se encontrava sobre a pia, ela estava vestida em uma camiseta branca, que também havia sido molhada e que que realçava de forma sexy os contornos dos seus seios. Ao me ver entrar, ela se afastou do soprador, ajeitando seus fios:

     ― Oi. –Murmurei, colocando minhas mãos nos bolsos da minha calça, me aproximando.

     ― Não deveria estar aqui, eles podem te prender por isso, sabia? –Ela disse séria, pegando alguns papeis toalhas, os deslizando por seus braços para se secar e depois os atirando na lixeira.

     ― Não é a primeira vez que eu entro em um banheiro feminino. –Brinquei, mas ela não sorriu.

     ― Imagino que não tenha sido para conversar. –Ela me alfinetou.

     ― Bem, isso faz muito tempo... –Dei de ombros, parando diante dela- Por que não veio falar comigo quando chegou?

     ― Para quê? –Ela levantou seus belos olhos azuis para mim- Faz uma semana que você deixou bem claro que nós dois não temos mais nada para conversar.

     ― Eu sei que você ainda está chateada comigo, mas hoje, depois que tudo isso acabar, eu pensei que...

     ― Pensou que nós poderíamos ser amigos? –Ela me interrompeu- Lorenzo, você acha mesmo que depois de tudo o que vivemos, eu me contentaria apenas com a sua amizade? –Seus olhos ficaram marejados e eu senti uma pontada no meu coração.

     Uma mulher abriu a porta do banheiro e entrou, mas ao nos ver parados ali e perceber o estado de Manuela, deu meia volta e saiu:

     ― Manuela...

     ― Não Lorenzo! –Ela fiz sinal para que eu parasse, parecia exausta de tudo aquilo- Por favor, não tem nada que você possa dizer agora que seja capaz de fazer com que eu me sinta melhor.

     ― Então talvez eu possa fazer. –Dei um passo em sua direção e mesmo enraivecida, quando a envolvi em um abraço, ela não relutou, parecia ter ficado até mesmo sem reação.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora