Acordei com uma fresta de luz que passava pelas cortinas na janela e aquecia o meu rosto. Abri os olhos lentamente, me virando para o lado, vendo Lorenzo ajeitar sua gravata em frente ao espelho.
Ele vestia um terno cinza, que lhe caia muito bem e ao se virar e perceber que estava acordada, ele caminhou até mim, beijando a minha testa:
― Bom dia. –Ele disse, se sentando na beira da cama para me olhar.
― Bom dia. –Respondi envergonhada, pensando no quanto meus cabelos deveriam estar desgrenhados- Já vai para a empresa? –Murmurei.
― Já, mas acho que voltarei mais cedo hoje.
― Por quê?
― Pensei em te levar para jantar.
Me sentei, me cobrindo com o lençol:
― Mesmo? –O encarei.
― Mas é claro, acho que não é justo que você cozinhe todos os dias. –Ele deu de ombros- Além disso, eu ainda não te mostrei quase nada do Rio de Janeiro e quero que você conheça algumas coisas antes de ir embora.
― Eu iria adorar isso. –Murmurei.
Lorenzo tocou meu rosto e hesitou por alguns instantes, antes de finalmente me beijar, provavelmente se perguntando se eu gostaria daquilo, mas acho que já tínhamos intimidade o suficiente para não precisarmos mais pedir permissão um ao outro:
― Eu preciso ir. –Ele murmurou por entre meus lábios.
― Tudo bem.
― Nos vemos a noite? –Ele se levantou, apanhando sua maleta.
― Com certeza.
Depois que Lorenzo se foi, caminhei até o seu banheiro e deixei a banheira enchendo, enquanto ajeitava sua cama. Quando retornei, fechei a torneira e coloquei um pouco de sal relaxante que encontrei no armário.
Entrei, deixando que a água me cobrisse até o pescoço e fechei os olhos, repassando em minha cabeça os acontecimentos dos últimos dias.
Lembrei de quando cheguei ao Rio e conheci o Lorenzo, do quanto o achei convencido e idiota e de como jurei a mim mesma que em hipótese alguma me envolveria com um homem como ele, recordei também nosso beijo na praia e de como me senti excitada ao sentir seu toque, da primeira vez que fomos para a cama, da forma como ele se mostrou enciumado na boate quando me viu dançando com outro homem e de como terminamos a noite nos amando em sua cama, tudo isso em um intervalo de poucos dias.
Sabia que estava me arriscando ao me envolver com alguém como ele, Lorenzo já havia deixado claro que não era o tipo de homem que se apegava, quando ele estava com alguém era por puro prazer e ontem, quando me pediu que deixasse que as coisas entre nós acontecessem naturalmente, sabia que no final, tudo se resumiria a sexo.
Eu já era madura o suficiente para reconhecer isso e também sabia que não deveria ter deixado essa história ir tão longe, mas a verdade é que eu me sentia muito atraída por ele.
Lorenzo era inegavelmente um homem bonito e apesar de toda a pose, sabia que no fundo, ele era um homem confuso e cheio de problemas e era todo esse mistério que havia envolta dele que não me deixava me afastar.
Por outro lado, com ele eu estava vivendo novas experiências, fora Eric, eu nunca havia me envolvido com outro homem. No começo do meu relacionamento com Eric ele sempre procurava diferentes formas de me surpreender e tempos depois, era como se o nosso relacionamento tivesse caído na rotina, já com Lorenzo, tudo parecia novo e intenso, ele sabia como me tocar e me beijar, mesmo sem me conhecer muito bem e o fato de não termos nem um vínculo nos prendendo um ao outro, fazia com que tudo isso se tornasse ainda mais interessante e libidinoso, e eu gostava disso. Gostava das sensações que ele me despertava.
Entendia que esse desejo que sentíamos um pelo outro estava com seus dias contados, já que tudo chegaria ao fim no instante em que eu voltasse para os Estados Unidos.
Eu nunca me imaginei indo para a cama com alguém que não fosse o meu namorado, mas dada a forma que meu relacionamento acabou, acho que eu merecia aproveitar minha nova fase de solteira sem remorso e Lorenzo era o homem certo para isso.
Na hora do almoço preparei um lanche e passei o resto do dia vendo tv, conversei com Cindy e Amber e colocamos nossos assuntos em dia, elas também perguntaram sobre Lorenzo e apesar de saberem do beijo, não achei que precisavam saber o que estava acontecendo entre nós dois.
Por volta das seis e meia Lorenzo chegou, se dirigindo ao seu quarto para se arrumar, também fui para o meu quarto e tomei um banho, colocando um vestido preto longo, com um decote discreto nos seios e que realçava bem as curvas do meu corpo, calcei meus scarpans também pretos, e enquanto terminava de me maquiar, uma leve batida na porta quase me fez borrar o batom:
― Pronta? –Lorenzo surgiu, se encostando no portal da porta, cruzando os braços para me olhar.
Me virei rapidamente, percebendo o quanto ele estava lindo e sexy em sua camisa branca, blazer preto, jeans e sapatos sociais, havia um relógio em seu pulso e seus cabelos estavam perfeitamente arrumados, e eu me perguntei como ele poderia parecer tão despojado e apresentável ao mesmo tempo:
― Agora estou. –Murmurei, desprendendo meu coque e deixando meus longos fios louros soltos.
O restaurante ao qual Lorenzo me levou ficava bem no centro da cidade, era um lugar bastante luxuoso, com manobristas e tudo e antes mesmo de entrar, soube que a comida ali deveria ser caríssima.
O lugar estava cheio, com mulheres e homens bem vestidos, bebendo vinhos e champanhes caros e eu fiquei mais aliviada quando Lorenzo segurou minha mão, para que pudéssemos entrar juntos:
― Boa noite, posso ajuda-los? –Um mulher bem vestida se aproximou com uma prancheta nas mãos.
― Boa noite, fiz uma reserva mais cedo, Lorenzo Montenaro. –Ele disse e a mulher o olhou como se tivesse cometido um grande engano.
― Claro senhor Montenaro, por aqui.
A mulher nos guiou pelo longo salão, até uma mesa que ficava próxima a alguns instrumentos musicais, logo depois um garçom nos trouxe uma carta de vinhos e Lorenzo demonstrou ter um certo conhecimento sobre bebidas quando fez sua escolha. A garrafa chegou junto com os músicos, que encantavam a todos com suas melodias:
― Isso é tão lindo! –Comentei, bebericando meu vinho.
― Imaginei que fosse gostar. –Ele me lançou um sorriso, provavelmente notando o quanto eu estava fascinada com os sonetos que tocavam ao fundo.
― Não sabia que gostava de música clássica. –O olhei com curiosidade.
― Eu gosto de muitas coisas.
― Obrigada por ter me trazido aqui. –Toquei sua mão sobre a mesa.
― Não precisa me agradecer, precisávamos nos divertir fora do quarto também. –Ele disse brincalhão e eu corei, imaginando que alguém nas mesas ao lado pudessem ter ouvido- Calma, estou brincando. –Ele sorriu, percebendo meu desconforto.
― Sinceramente, as vezes não sei quando você está brincando ou sendo sincero. -Dei um longo gole na minha taça, tentando ignorar seu sorriso travesso.
― Sophia, espere a mamãe! –Uma voz feminina soou ao fundo, enquanto uma menina loirinha, de mais ou menos dois aninhos de idade passou por nossa mesa correndo em direção aos banheiros.
A mulher se aproximou a passos largos, era alta, ruiva, olhos verdes e estava muito elegante em seu vestido de paetês e em seu Louboutin, e eu tive a leve sensação de que já a conhecia, só não conseguia me lembrar de onde.
Ao nos ver, ela parou abruptamente:
― Lorenzo? –Ela o encarou.
Olhei para ele aguardando sua resposta, eles se conheciam?
― Olá, Katie. –Ele disse vagamente.
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O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas
RomanceDepois de descobrir que o relacionamento de quase três anos não havia passado de uma farsa após pegar o seu namorado na cama com outra, tudo o que Manuela queria era poder passar um final de semana tranquilo em Las Vegas ao lado de suas duas melhore...