O meu final de semana com Lorenzo em Paraty foi magnifico. No sábado de manhã, depois de tomarmos o café da manhã com sua família, ele levou a mim e o sobrinhos para conhecermos o centro histórico de Paraty.
Conhecemos a história, vimos artesanatos e compramos algumas lembrancinhas. Por volta da hora do almoço decidimos voltar, Lorenzo havia estacionado sua Land Rover um pouco distante, já que era impossível ver a real beleza daquela cidade através da janela de um carro.
O sol estava mais quente e as crianças já começavam a demonstrar cansaço, portanto paramos em uma pequena sorveteria para que elas pudessem se refrescar:
― Seus filhos são lindos! –A senhora dona do estabelecimento falou, olhando de Emma e Gregório para mim.
Lorenzo e eu nos entreolhamos e sorrimos:
― Obrigado. –Ele agradeceu a senhora, segurando minha mão sobre a mesa.
No caminho até o carro, observei Lorenzo caminhar a frente segurando a mão dos sobrinhos e conversar com eles e como que de imediato, soube que quando chegasse a hora, ele seria um pai maravilhoso.
Ao anoitecer, ele me levou a um restaurante bem tradicional para jantar e olhares curiosos se voltaram para nós quando um entregador chegou com um buquê enorme de rosas vermelhas, que Lorenzo havia encomendando da floricultura da sua mãe. Mas tarde naquela noite, quando fomos para a cama, transamos lentamente, com as flores já depositadas em um vaso em um criado mudo ao lado da cama.
No domingo, o pai de Lorenzo nos convidou para um passeio na Romilda, os seus primos haviam ido embora pela manhã, então só fomos nós, seus irmãos, seus respectivos esposos e seus sobrinhos, dona Abigail também foi, depois de muita insistirmos.
Fomos para uma ilha próxima de Paraty, que por sinal estava bem cheia e escolhemos um canto mais tranquilo da praia para ficarmos, onde passamos o dia assando carne na grelha, nos banhando em águas cristalinas e observando as crianças correrem pela areia.
Ao entardecer, quando partimos, Romilda teve um pequeno problema no motor, o que causou um ataque de nervos em dona Abigail, enquanto Lucas e o marido de Larissa tentavam ajudar o senhor Romilton a concertar o problema:
― Vem cá. –Lorenzo me guiou até o convés, onde nos apoiamos a beira do barco observando o sol se pôr no horizonte, o céu já havia se transformado em um misto de tons de laranja e rosa.
― Isso é tão lindo. –Murmurei, enquanto ele me abraçava por trás.
― Não mais que você. –Ele disse e eu me virei, o encarando e enroscando minhas mãos ao redor do seu pescoço.
― Não me lembro de ter me sentido tão feliz antes. –Disse, admirando o tom dourado que emanava de seus olhos e de seus belos cabelos castanhos.
― Nem eu. –Ele levou sua mão ao meu rosto, o acariciando.
― Devo voltar em breve para os Estados Unidos. –Disse, sentindo um medo súbito de que tudo aquilo acabasse no instante em que partisse.
― Mas ainda não foi.
― E quando for? –Balbuciei tristonha.
― Vai ser como se nunca tivesse ido –Ele disse calmo, colando sua testa na minha- Não se preocupe, vamos dar um jeito, até porque eu não consigo mais viver sem você.
― Ah Lorenzo! –Disse com lágrimas nos olhos, o beijando, sentindo meu coração bater mais forte e apaixonado, tendo certeza de que também não conseguiria mais ficar sem ele.
Na segunda de madrugada nos despedimos de seus pais e de seus irmãos, já que seu irmão havia adiantado suas férias e passaria mais alguns dias ali em Paraty.
No caminho de volta para o Rio de Janeiro, percebi um resquício de tristeza no olhar de Lorenzo e compreendi que por mais que ele buscasse não demonstrar, sabia que sentia falta de estar sempre com a família. Nestes três dias, havia conhecido um lado dele caseiro e família, que em outras circunstâncias jamais poderia ter tido a oportunidade de conhecer.
Ao chegarmos ao seu apartamento, ele só pegou algumas coisas e depois de se despediu de mim com um beijo longo, indo para a sua empresa.
Depois de desfazer nossas malas, me sentei no sofá, revivendo todos os acontecimentos dos últimos dias na minha cabeça, tendo noção de que o meu relacionamento com Lorenzo havia chegado a outro nível, nós nos amávamos e sabia que se quiséssemos, poderíamos fazer nosso relacionamento mesmo que a distância dar certo.
Me espreguicei, fechando os olhos e sorrindo, tendo noção do quanto eu o amava e fazendo uma anotação mental para ligar o mais rápido para Cindy e Amber, para compartilhar o fato de Lorenzo e eu estarmos namorando, ri, imaginando que elas quase teriam um mini ataque cardíaco por eu ter ocultado essa informação delas durante tanto tempo.
Pensei em ir até o quarto apanhar meu celular, mas fui contrariada pelo meu cansaço e no instante seguinte, acabei pegando no sono.
Não me lembro de ter sonhado com nada, quando o telefone de gancho tocou sobre o balcão da cozinha, me levantei cambaleante esfregando os olhos, não tendo a menor ideia de quanto tempo havia dormido:
― Alô? –Atendi com uma voz grossa, que definitivamente não parecia ser minha.
― Olá senhorita Manuela –Pela voz reconheci que era o porteiro- tem um rapaz aqui na portaria que gostaria de subir para vê-la, ele esteve aqui no sábado e ontem, mas disse a ele que a senhorita e o senhor Lorenzo estavam viajando.
― Para me ver? –Disse, achando toda aquela situação muito estranha, eu não conhecia ninguém no Rio e desde que me mudei, também não tinha mais nenhuma amizade no Brasil.
― Sim. –O porteiro confirmou.
― Pode me dizer como ele se chama?
O ouvi cochichar com o homem pelo celular, antes de finalmente me responder:
― Ele disse que se chama Eric, Eric Rezende.
Com o choque, acabei me desvencilhando para trás, quase deixando que o telefone caísse da minha mão. Eric? O que esse infeliz teria vindo fazer ao Brasil? E como descobriu onde eu estava? Senti minha cabeça rodar e meu estômago revirar:
― Senhorita Duarte? –O porteiro perguntou após alguns segundos, preocupado.
― Peça para ele me esperar na recepção, já vou descer.
Disse, convicta de que eu precisava descer até lá e colocar um basta no que quer que ele tivesse ido fazer ali.
Não deixaria mais que nem ele, nem ninguém tentasse me colocar para baixo outra vez. Eu estava feliz, estava amando e ninguém tiraria isso de mim. De novo não.
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O que acontece em Vegas, nem sempre fica em Vegas
RomanceDepois de descobrir que o relacionamento de quase três anos não havia passado de uma farsa após pegar o seu namorado na cama com outra, tudo o que Manuela queria era poder passar um final de semana tranquilo em Las Vegas ao lado de suas duas melhore...