Capítulo 32 - Lorenzo

10K 991 9
                                    

     Os segundos de silêncio que se seguiram foram torturantes e naquele momento, eu só desejava que Manuela me dissesse qualquer coisa.

     Parada diante de mim, ela se aproximou, segurando minha mão:

     ― Então é isso? –Ela disse com os olhos marejados- Poxa Lorenzo, por que você não me disse antes? Eu poderia tê-lo ajudado a superar tudo isso.

     ― Por que você não está brava comigo? Eu menti para você! –Por alguma razão, eu só queria que ela discutisse comigo.

     ― Foi por isso que bebeu? Para que eu ficasse tão histérica a ponto de não precisar me contar a verdade? –Ela me questionou.

     Baixei a cabeça, ela estava certa em cada palavra que havia dito:

     ― Lorenzo, eu te amo –Ela segurou em meu queixo, me fazendo olhar para ela- E não é isso que vai me fazer te amar menos, ouviu? –Ela acariciou meu rosto com seus polegares e se inclinou, me beijando ternamente.

     Eu sabia que o sentimento que Manuela tinha por mim era verdadeiro, assim como o meu amor por ela, só que por mais que a amasse e desejasse passar cada momento da minha vida ao seu lado, eu não poderia privá-la de ser feliz:

     ― Eu não posso fazer isso com você, não seria justo. –Disse em murmúrios, encerrando nosso beijo, acariciando seus cabelos.

     ― Lorenzo, existem tratamentos para isso... –Ela começou a dizer, mas a interrompi.

     ― Eu sei, na época, quando descobri que era estéril o meu médico me disse isso.

     ― Então o que te preocupa?

     ― Você. –Toquei seu rosto- Eu te amo e por mais que agora você diga que me ama, que essa chama que existe dentro de nós nunca vai se apagar, a verdade é que nenhum de nós é capaz de dizer o que poderá vir a acontecer.

     ― Lorenzo, eu já disse que sou apaixonada por você...

     ― Eu sei, mas até quando? –A encarei profundamente- Manuela, você é uma mulher jovem, saudável e algum dia, você vai querer ter seus filhos e quando eu não puder te dar o que você mais desejar –Dizia com a voz embargada- Eu não vou suportar você me odiando, e principalmente saber que a culpa de tudo isso é minha.

     ― Eu nunca te odiaria por isso, Lorenzo. –Ela disse com os olhos cheios de lágrimas, tocando meu peito.

     ― Não tem como você saber.

     ― Então é assim? –Ela deu um passo para trás, me encarando- Você vai jogar tudo o que nós vivemos fora, por medo do futuro? Você não acredita no meu amor por você?

     ― Manuela, entenda que é complicado...

     ― Não, Lorenzo! Se você realmente quisesse ficar comigo, isso não deveria ser um obstáculo! Está bem que nós não sabemos como será o nosso futuro, mas me diga, que casal sabe? Nos amar e acreditar um no outro deveria ser suficiente.

     Me mantive em silêncio, baixando meu olhar e em prantos ela se aproximou, sua maquiagem borrada, segurando meu braço em busca de uma resposta:

     ― Por favor, me diga que não desistiu de nós. –Ela dizia em meio a soluços.

     ― Eu sinto muito. –Murmurei.

     Manuela deu um passo para trás, chorando muito, passando por mim a passos largos, entrando no quarto de hóspedes, batendo a porta com força ao fechá-la.

     Pensei em ir até lá, mas como eu poderia confortá-la naquele momento, se o motivo de tanto dor era eu?

     Caminhei até meu quarto e depois de me deitar, levei minhas mãos à cabeça, chorando descontroladamente.

     Só Deus sabia o quanto eu a desejava, fosse na minha cama, fosse a sua companhia, sentindo seu amor, seu carinho, eu só queria estar com ela, mas por ter me feito assim, um homem estéril, talvez não estivesse nos planos dele que nós dois ficássemos juntos.

     Eu sabia que com o tempo, ela iria superar tudo isso, encontrar outra pessoa e ser feliz, enquanto eu estava fadado a viver em uma vida de pecado e solidão.

     No dia seguinte, depois de acordar, passei pelo corredor e vi que a porta do quarto de Manuela estava aberta, mas nem suas coisas e nem ela estavam mais lá.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora