Capítulo 10 - Manuela

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     ― Qual é Manu, ele não pode ser tão ruim assim. –Amber disse com cautela.

     ― Tenho certeza de que você está exagerando. –Cindy concordou.

     Já se passava das duas horas da tarde e desde então, eu só havia saído do meu quarto para almoçar.

     Pela manhã ouvi quando Lorenzo passou pelo corredor e depois quando estava na cozinha preparando suas torradas, mas eu achei que não seria uma boa ideia me juntar a ele, por isso, só tomei café da manhã depois que ele saiu para o trabalho.

     Ficar ali, com ele, estava sendo terrível, em todas as vezes que conversávamos, acabávamos brigando no final e eu não estava disposta a continuar bancando a educada, enquanto ele agia como um imbecil comigo:

     ― Ei, eu chamo vocês no skipe para me animarem e vocês duas se rebelam contra mim? É isso? –Protestei encarando as duas pela tela do meu notebook.

     ― Manu, você é a nossa amiga e sabe que sempre estaremos do seu lado, a Cindy e eu só achamos que você implicou com o Lorenzo, só isso. –Amber disse, me deixando ainda mais transtornada.

     ― Eu impliquei com ele? –Me sentei na cama, me recostando na cabeceira, segurando o notebook firme em minhas mãos- O cara é um idiota! Ontem mesmo eu até preparei um jantar para ele, como um pedido de desculpas e ele fez a maior desfeita!

     ― Estou achando que você só ficou chateada com ele, porque ele não elogiou sua comida. –Cindy disse em tom brincalhão.

     ― De qualquer forma, amanhã mesmo vou dar um jeito de sair daqui, David vai me ajudar a encontrar um hotel com um bom preço, não dá para continuar no mesmo lugar que aquele homem.

     Uma batida na porta interrompeu meu desabafo:

     ― Manuela? –Ouvi a voz de Lorenzo chamar.

     ― Falando no diabo –Sussurrei baixinho, para que ele não ouvisse- Depois nós nos falamos. –Encerrei a conversa, me levantando da cama e caminhando até a porta.

     A abri e ali estava Lorenzo, parado diante de mim, com as mãos nos bolsos da sua calça de tergal cinza, camisa branca, sapatos sociais pretos e um relógio de luxo diferente no pulso, seus cabelos castanhos perfeitamente arrumados:

     ― Apareceu um negócio e como perante a lei somos casados, preciso que você venha comigo para assinar uma papelada. –Ele disse rapidamente e eu tive a sensação de que aquele deveria ser o tom que ele usava com os funcionários da sua empresa.

     O encarei indignada e de certa forma, decepcionada comigo mesma, era óbvio que ele não estava ali para me pedir desculpas, se é que alguém como ele sabia o significado de se desculpar:

     ― Só me dê um minuto. –Disse, procurando evitar mais discussões.

     Como se tratava de negócios, tentei parecer o mais social possível, ao vestir uma calça flare preta, sapatos de salto alto grossos também pretos, uma blusa branca, com alguns detalhes em babados e um casaquinho preto, penteando e deixando meus longos fios louros soltos.

     Depois de pegar minha bolsa, caminhei até a sala, onde Lorenzo me aguardava em pé, encostado no balcão da cozinha.

     Dentro da Range Rover, a caminho do local em que ocorreria a negociação, o silêncio era desconfortante, mas diferente da última vez, não estava disposta a ser eu a puxar assunto e acabar com aquele clima ruim.

O que acontece em Vegas, nem sempre fica em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora