Lívia
Uma semana se passou desde o dia em que fui morar na fazenda. Estava deitada na minha cama, tarde da noite, vestida com a camisa de um homem arrogante que nunca mais olhou na minha cara, pensando nele, graças a um livro de romance que eu havia lido. Eu não estava apaixonada nem nada, só tinha curiosidade de saber a sensação de estar vestida com a camisa do namorado e era totalmente sem sentido, eu sei.
Eu não poderia deixar de me sentir idiota por isso. Eu mal conhecia o cara e já estava assim, e além de tudo, ele era um grosso.
Ouvi um barulho lá em cima e rapidamente me sentei, um pouco receosa de que pudesse ser outra pessoa a estar lá, o Demétrio não parecia ser barulhento, ele nunca fazia barulho quando ia lá, eu sabia que ele ia as vezes, pois sentia seu cheiro da varanda. Decidi ir até o pequeno terraço para discretamente ver quem era.
Subi bem devagarinho e avistei alguém de costas, o reconheci de imediato. Meu coração idiota acelerou, ao mesmo tempo que me senti aliviada por ser ele e não um estranho. Estava sem camisa, e não consegui evitar não notar o quão grande ele era e quão másculo também, eu só queria que ele se virasse, para ter uma visão melhor da escultura em forma de homem.
O que estava acontecendo comigo? Eu nunca havia tido pensamentos indecentes até olhar para aquele homem rude.
— Ei... — chamei baixinho e ele se virou, lançando-me um olhar surpreso, acho que ele não me esperava e pela primeira vez olhou diretamente para mim.
Ficou em silêncio por alguns segundos me encarando, parecia que estava perdido nos meus olhos, ele não disse uma só palavra durante um minuto inteiro, só me avaliava com o olhar, passeando por cada centímetro do meu corpo que estremeceu com aquele olhar intenso, ele nunca havia me olhado nos olhos de verdade. Acabei ficando sem graça e me encolhi, abraçando meu próprio corpo, na medida que senti meu rosto ficar quente, eu não sabia o que falar ou fazer.
— O que está fazendo aqui? — falou finalmente, com a voz meio rouca e sussurrante, pela primeira vez não soou com arrogância.
— Eu ouvi um barulho e... — me interrompeu.
— Poderia ser um ladrão. Você não deveria ser tão curiosa assim.
— Verdade... Desculpa, eu já vou. — abaixei a cabeça e me virei para descer.
— Moça? Acho que essa camisa que está vestindo é minha. — disse tentando conter um sorriso, pela primeira vez vi aquela expressão em seu rosto.
Não sabia onde enfiava minha cabeça.
— Oh, é verdade. Eu... É... — eu fiquei tão envergonhada nessa hora que nem sabia o que dizer — Me desculpe, toma! — encontrei as palavras, tirando rapidamente a camisa e estendendo para ele.
Eu estava vestindo apenas um shorts curto e uma blusa fina, sem sutiã por baixo. Percebi o olhar dele percorrendo o meu corpo e desviei o olhar, com minhas bochechas esquentando cada vez mais.
— Acho que você pode me devolver amanhã. Está frio. — falou desviando seu olhar de mim.
— Não. — exclamei firmemente — Pegue sua camisa. — insisti — Eu me confundi, pensei que era uma outra, tinha uma parecida em meu guarda roupa. — menti.
Mas, pelo menos em algum momento eu deveria não ser uma total idiota. Demétrio pegou a camisa, franzindo o cenho e eu me afastei.
— Então, eu vou indo. Tenha uma boa noite. — disse isso andando de costas para descer, sem querer tropecei em algo e quando estava prestes a cair, senti braços fortes me segurando. As mãos tão grandes que quase contornavam minha cintura.
Naquele momento nossos olhos se encontraram mais uma vez, ele parecia hipnotizado me olhando, seus olhos parando em meus lábios. Senti sua respiração bem perto da minha, o que fez meu corpo todo estremecer e esquentar naquele momento. Meu coração batia tão forte que quase doía.
O vento da brisa mansa da noite passava sobre nossos corpos, seus olhos foram realçados pelo brilho do luar perfeito que havia no céu, juntamente com cada detalhe do rosto másculo perfeitamente escupido. Nossa, eu poderia me apaixonar facilmente por aquele homem. Ele era lindo. Mas apenas de boca fechada, pois quando a abria, perdia todo o encanto para a grosseiria.
Ele pareceu meio desconcertado quando voltou a si e me ergueu, se afastando no processo.
— Olhe para onde você anda garotinha, talvez da próxima vez eu não esteja lá para te pegar. — piscou os olhos.
— Ok. Eu deveria tomar mais cuidado mesmo. Me descul... — novamente fui interrompida por ele.
— Você sabe quantas vezes você já pediu desculpas? Melhor você ir dormir. — balançou a cabeça.
— Você tem razão, não tenho nenhum motivo para pedir desculpas, quando nunca te tratei como o idiota que é. — falei, irritada.
Me virei e desci as escadas, fechei as portas duplas da varanda e me deitei na cama. Eu não iria mais tolerar tal tratamento da parte dele. No entanto, mais uma vez iria dormir pensando naquele maldito bruto.
No dia seguinte, acordei com alguém batendo de leve na minha porta. Me levantei e abri, encontrando meu pai.
— Oi filha. Bom dia. Desculpa te acordar meu bem. Mas preciso falar com você.
— Bom dia. Sem problemas pai, entra. — respondi bocejando.
— Eu recebi uma ligação da cidade ao lado, fui informado de que a filial da nossa fábrica de leite está com problemas e eu preciso ir até lá, só o proprietário pode resolver.
— Ficará muito tempo por lá?
— Alguns dias.
— Poxa... Mas tudo bem, eu vou ficar bem. Só vou sentir saudades. — sorri.
— Eu também, princesa. Irei hoje às 18:00, podemos passar o dia juntos hoje, o que você acha?
— Eu adoraria! — respondi animada.
— Estarei te esperando para tomármos café da manhã juntos.
— Já estou descendo.
Quando meu pai saiu do quarto, fui tomar banho. Me arrumei, coloquei uma calça jeans, uma blusa de botões, uma bota e desci para tomar café com o meu pai.
***
O dia com ele havia sido perfeito, andamos a cavalo, fomos até o lago juntos, ele me ensinou a tirar leite das vacas, me mostrou a maioria dos animais da fazenda menos o resto dos cavalos, comemos muitas frutas, subimos em alguns pés de árvores e demos muitas risadas, nunca na minha vida havia me sentido tão feliz assim.
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Maldito Bruto (Concluído)
RomanceEle é rude e ela um amor. Será que a doçura de uma moça conquistará o coração de um bruto? "Quando olhei para trás, avistei um homem alto e de ombros largos, uma muralha de músculos. Era muito bonito e forte. Sua camisa de botões entreaberta não co...