Capítulo 13

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Lívia

Haviam se passado vários dias desde o quase beijo com Demétrio e desde então, eu não tinha mais o visto. Também não procurei por ele, tampouco perguntei ao meu pai, para que ele não desconfiasse que eu gostava do capataz.

Apesar disso, os dias estavam sendo muito felizes para mim, me divertia com meu pai fazendo alguns passeios, ele me contava histórias de sua juventude e me ensinava o básico do que sabia sobre os animais e a fazenda.

Embora meu pensamento estivesse na maioria do tempo em Demétrio, eu não sabia onde ele estava e nem por onde andava e nem queria saber.

Eu estava deitada na cama, terminando o último capítulo de um livro, quando ouvi alguém batendo na porta do meu quarto.

— Pode entrar. — falei.

— Com licença, Lívia. — ouvi a voz da Maria.

— Ei, Maria. — me levantei da cama.

— Seu pai quer te ver lá embaixo. — informou, séria.

— Lá embaixo? Por que ele não veio aqui? Aconteceu alguma coisa? — perguntei preocupada.

— Ele só me pediu para chamá-la.

— Estou indo. Vamos.

Do jeito que eu estava, toda largada, desci as escadas, aflita e com o coração martelando o peito. Quando o encontrei, estava de costas.

— Pai? Estou aqui. Aconteceu alguma coisa?

Ele então se virou para mim, com um bolo cheio de morangos em cima e uma vela de aniversário com o número 18.

— Feliz aniversário minha princesa. — meus olhos automaticamente se encheram de lágrimas e eu permiti que rolassem pelo meu rosto.

Ele se aproximou e me deu um beijo na testa.

— Papai... Que lindo. — solucei, emocionada — Muito obrigada pai, eu nem lembrava mais que fazia aniversário nessa data, há anos não comemoro isso. Eu te amo muito. — agradeci emocionada, retirei o bolo de suas mãos, coloquei em cima da mesa e o abracei forte.

— Eu também te amo filha. Eu perdi todos os seus aniversários, mas a partir de agora, quero te dar tudo que eu fui privado de fazer.

— Você é o melhor dos melhores. Estou tão feliz. — o abracei novamente, com lágrimas de felicidade inundando meus olhos.

Comemos o bolo juntos, rindo e felizes. Meu pai recebeu uma ligação e teve que sair para resolver algo, ele achou que eu iria ficar chateada mas só de passar com ele, esse já se tornou o dia mais feliz para mim.

Fui caminhar um pouco pela fazenda, dar uma olhada nos outros animais e quem sabe, encontrar o Frederic por aí. Era sábado, então talvez ele pudesse me levar a cachoeira.

Me assustei quando esbarrei em um corpo grande e sólido, olhei para cima e encontrei um par de olhos escuros que eu nunca tinha visto antes.

— Me desculpe. Eu estava distraída. — me afastei imediatamente.

— Está tudo bem, eu também estava distraído. — o homem respondeu.

Ele era alto, não tanto quanto Demétrio, também não era tão musculoso, mas era grande, sua pele era bronzeada e o chapéu escondia seus cabelos, fazendo-me saber que eram curtos, já que os de Demétrio caíam sobre os ombros mesmo quando ele estava de chapéu. E, era bonito.

Ele sorriu para mim, e tinha um sorriso bonito também.

— Você trabalha aqui? — indaguei.

— Sim, sou o Marcos. Estava de férias.

— Legal. Eu sou a Lívia.

— Filha do sr. Heitor.

— Como sabe, se voltou hoje? — eu sorri.

— Ele não para de falar de você, hoje cedo quando voltei, fez questão de me contar a novidade.

— Ah, sim... — assenti — O que você faz aqui?

— Cuido da saúde dos animais?

— Que legal, você é veterinário.

— Pode-se dizer que sim.

— Meu sonho é ser uma. Espero poder começar uma faculdade em breve.

— Está em um ótimo caminho, posso te mostrar algumas coisas que faço no dia a dia. Estou indo agora ver uma vaca que está tendo dificuldade no trabalho de parto.

— Sério que posso ir? — perguntei, empolgada.

— Claro, por que não?

— Ah, vai saber. Talvez você não me queira por perto. — dei de ombros e ele franziu as sombrancelhas, como se eu tivesse falado a coisa mais sem lógica do mundo.

— Por que te trataria desta forma se não me fez nada de mal, pelo contrário, está sendo gentil comigo?

Suas palavras me fizeram refletir.

— Tem razão, besteira minha.

— Vamos? — ele gesticulou para que começássemos a caminhar e assim fizemos.

Maldito Bruto (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora