Capítulo 19

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Demétrio

Eu podia sentir o corpo de Lívia tremer, ela estava nervosa, mas eu tentei dar o melhor de mim para ela se sentir confortável, até tentei não soar tão intenso, mas aquela fora a única maneira que encontrei de pedir para que me permitisse conhecê-la melhor e que não saísse mais com o imbecil do Marcos.

Pensei ser tarde demais quando os vi juntos, me senti irado, furioso, quando ele beijou e tocou o que era meu, quando ele queria o beijo que eu senti mais cedo. Meu peito doeu como nunca antes. Mas saber que Lívia também me queria, trouxe esperança ao meu coração. Ela me daria uma chance.

Lívia era mais nova do que eu, isso era claro, muitas vezes parecia ser ingênua demais, mas... Espera, puta merda! Arregalei os olhos e quase engasguei com minha própria saliva.

— Demétrio, o que foi? — ela indagou.

— Você é maior de idade não é? Por favor, não me diga que...

— Eu estou fazendo dezoito hoje. — ela pareceu segurar uma gargalhada.

Fechei os olhos aliviado.

— Graças a Deus. — exclamei e ela deu uma risada — E meus parabéns, feliz aniversário!

— Obrigada.

A encarei, enquanto sorria, admirando a mulher que me encantou, com seu jeitinho doce e sua sensibilidade que a faz tão diferente das outras mulheres com as quais já tive algum tipo de relacionamento ou sentimento.

E isso me fazia querer protegê-la, pegá-la para mim e cuidar dela, afastar todos os homens que pudesse olhar desejando-a. Ela era minha. O arrependimento pela forma como eu a tratei me consumiria para sempre. Eu sabia que tinha que mudar minhas atitudes e isso seria muito difícil de conseguir depois de anos vivendo deixando a raiva me consumir e transparecer em minhas ações, mas por Lívia valeria a pena.

E se ela fosse como Kristen? As aparências enganavam. E se mais uma vez eu me enganasse com uma mulher? Eu me entregava rápido demais, esse era o meu maior defeito. Por que meu coração tinha que ser tão teimoso assim?

Ou eu era o pior dos babacas rudes, ou o maior bobo intenso de todos.

No entanto, eu sentia que com ela seria diferente, o sentimento não era parecido com nada que eu já havia experimentado.

— Então, eu tenho uma chance? — falei suavemente.

— Sim, você tem. — sorriu para mim — Eu também preciso dizer que estou muito feliz em estar aqui com você. Porém, tenho um medo. — desviou o olhar por alguns segundos e voltou a me encarar rapidamente em seguida.

— Não precisa ter medo de mim, posso ser o cara mais rude que já conheceu, mas nunca faria mal a ninguém, ainda mais a você Lívia. Me sinto atraído por você apesar de sermos de mundos totalmente diferentes.

— Não é isso Demétrio. — disse confiante e sussurrou — Eu gosto de você... — ficou com as bochechas vermelha — Eu quero você, sempre quis, desde o início. Parece até mentira que esteja aqui falando tudo isso para mim. Eu estou feito uma tonta que não sabe nem o que dizer em um momento como esses.

Meus olhos por algum motivo se encheram de lágrimas mas as pisquei de volta. Não pude conter, a peguei pela cintura, puxei-a para meu colo e tomei seus lábios, sedento. Suas coxas estavam abertas de cada lado dos meus quadris, nossos corpos tão colados enquanto eu a puxava cada vez mais para mim, até estarmos tão unidos como um só.

A excitação foi tão grande que rasguei sua blusa com tanta força que temi assustá-la, embora não consegui parar de beijá-la. Diminui a velocidade quando meus lábios traçaram o caminho do seu pescoço, descendo até o vale de seus seios, beijando a pele macia e cheirosa. Ela era minha, não do Marcos. Minha.

— Demétrio, não... — sussurrou ofegante.

Lívia

Parecia um sonho. O homem por quem eu estava apaixonada estava me beijando, despertando em meu corpo mais uma vez as sensações mais prazerosas que conheci, eu estava em seus braços e era diferente, não estávamos apenas nos beijando com paixão como na primeira vez, agora havia algo mais, Demétrio estava me tocando em lugares mais íntimos, me deixando molhada no meio das coxas.

Eu estava correndo um grande risco de me entregar a ele, ali mesmo, eu o queria, doía por ele. Mas de repente um medo me agarrou. Lembrei-me do dia em que Leonel tentou abusar de mim quando chegou bêbado em casa e eu só consegui escapar por incrível que pareça, porque Mariana tirou ele de cima de mim.

— Demétrio, não... — sussurrei ofegante e ele parou imediatamente.

— Parei. — afastou as mãos, levantando-as acima da cabeça — Está tudo bem... Você está bem? — perguntou, olhando profundamente dentro dos meus olhos e eu assenti — Eu te machuquei? Fui rápido demais, não fui? Eu sinto muito, por favor, Lívia.

A culpa que vi em seus olhos, partiu meu coração.

— Eu que peço desculpas. Não pense que não te desejo, tá? Eu quero você, mas as lembranças da única vez que um homem tocou em mim, me assombra. Eu sempre quis saber como seria me apaixonar, mas nunca chegou a acontecer e agora isso é real, você está realmente me tocando e uma lembrança que tento esquecer apareceu em minha mente. Não quero que pare de me tocar, foi só uma maldita lembrança. Eu sinto muito por ter estragado tudo. — falei, deixando que algumas lágrimas rolassem pelo meu rosto.

Seus olhos se tornaram em pura raiva.

— Algum homem te machucou? Abusou de você? — meus lábios tremeram e seu olhar suavizou — Lívia, eu sinto muito, por favor, eu passei dos limites. Eu fiquei com muita vontade de ter você, eu... Só me perdoa. — seus braços contornaram minha cintura e ele me puxou em um abraço forte.

— Ele não conseguiu fazer nada comigo e o meu pai não sabe disso, se ele souber o matará e irá para a cadeia, não quero isso.

— Então é disso que tem medo, não é? Eu vou cuidar de você, Lívia, nunca irei forçar nada. Eu prometo. — prometeu, acariciando minhas costas e encostei minha cabeça em seu peito, respirando seu maravilhoso perfume.

— Obrigada, Demétrio.

— Não me agradeça, não faço mais que minha obrigação e você é especial para mim.

Meu coração se aqueceu, tornando-me ciente de que eu estava me apaixonando cada vez mais por ele.

— Agora posso confessar uma coisa? — assentiu com a cabeça — Essas sensações maravilhosas eu nunca havia sentido. — confidenciei, envergonhada.

— Você me deseja Lívia? — perguntou. 

— Sim, muito. Eu não queria ter que sair dos seus braços, parece que a qualquer momento eu vou acordar de um sonho incrível. Tenho medo disso acontecer. — aconcheguei-me mais em seus braços fortes.

— Não é um sonho, linda. E você pode estar em meus braços sempre que quiser.  — sorriu.

Demétrio passou levemente as mãos em meu rosto e beijou-me delicadamente. Eu estava tão feliz, mas no fundo ainda havia um resquício de medo de que aquilo fosse um sonho e que logo eu acordaria.

Maldito Bruto (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora