Capítulo 31

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Otávio

Há dias que eu escuto fragmentos do que a Alice me fala, mas quando eu tento dizer que também a amo uma escuridão me consome. Tento gritar, só que minha voz não sai e o desespero me devora. Meu Deus até quando eu ficarei assim? Por que meus pais, meus amigos e a Alice não conseguem me ouvir?

Estou em um mundo paralelo e não sei mais o que é realidade ou o que é fantasia. Às vezes estou em um jardim com flores de vários tipos e Alice está com um vestido branco sorrindo para mim enquanto brinca com duas criança. Ela faz sinal para que eu me aproxime. Sigo em sua direção, ouvindo a risada gostosa dela e das crianças, mas quando estou chegando as flores começam a morrer e uma escuridão me absorve. Quero acordar, mas não consigo. De repente escuto uma voz ao fundo, me trazendo de volta a luz, consigo distinguir é o meu amigo Rafa.

- Oi meu amigo. Como você está hoje? Você faz uma falta da porra. Passou da hora de você voltar para nós. Sinto sua falta. Eu nunca te disse, mas eu te amo cara. Você é mais do que um amigo para mim. Você é meu irmão. É minha família. A única família que tenho além da Duda – Rafa diz com a voz falhando.

Grito para ele que também o amo como um irmão, mas minha voz não sai. Droga!

Deus, eu te imploro, me faça voltar logo para os meus entes queridos. Eles precisam de mim e eu preciso deles. Meu coração dói com a possibilidade de nunca mais poder voltar para eles. Tenho medo de ficar para sempre nesse estado. Sem poder falar o que sinto e de vê-los novamente. Com esses pensamentos caio novamente na escuridão e só volto para a luz quando ao fundo escuto uma voz diferente que aos poucos eu reconheço. É o meu amor. É a Alice. Meu coração bate acelerado.

Meu amor, eu estou aqui. Eu posso te ouvir – tento em vão falar para ela.

- Bom dia. Como ele está? – Ela pergunta para alguém.

- Oi Alice, ele está bem. Acabei de olhar seus sinais vitais e estão ótimos. E como vocês estão? – A mulher pergunta. Não entendi o porquê dela falar ‘vocês’.

- Estamos bem sim. Obrigada. Tchau.

A pessoa parece que já se foi, pois escuto a Alice arrastando uma cadeira para perto da minha cama.

- Bom dia meu amor. Como se sente hoje? – Ela pergunta e me dá um beijo casto.

Como eu queria dizer a ela que eu me sinto melhor. Que posso ouvi-la, que posso sentir seu toque, só não consigo falar e nem abrir meus olhos.

Alice me conta algumas amenidades do dia a dia. Que sua mãe voltou para Campinas, pois seu pai já estava surtando sem ela lá.

De repente ela para de falar. Fico com medo dela ter ido embora, mas aí sinto seu corpo sobre o meu e escuto seus soluços. Meu coração se parte no mesmo instante.

Peço a Deus com todas as minhas forças para que me tire desse mundo irreal, de fantasias e me deixe voltar para a Alice.

Mais uma vez tento abrir os meus olhos. E dessa vez meu corpo responde. Aos poucos minhas pálpebras vão respondendo, e vou me adaptando à luz. Uma lágrima solitária escorre por minha face. Obrigado meu Deus.

Tento me mexer, mas com o peso do corpo da Alice e a minha fraqueza não consigo me mover. Passo a mão em seus cabelos e sussurro não reconhecendo a minha própria voz rouca.

-Shiii, não chore baby! Não gosto de te ver chorando – ela levanta o rosto e me olha com uma mistura de alegria e surpresa, e chora ainda mais.

Magnetismo do Amor - Série Artimanhas do Destino # 1Onde histórias criam vida. Descubra agora