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Passaram três dias. Eu não falei mais absolutamente nada com Alan mesmo ele passando por mim varias vezes em um único dia. Não me deu vontade de falar nada. Voltei a frequentar as atividades do meu curso e a ter uma vida social estável. Só durante noite eu me encontrava com Melanie e Will pra tentar continuar nossos planos e nossa pesquisa. Se alguém me pergunta agora o porque eu estar fazendo tudo isso... não faço ideia. Essa história me deixa intrigada como se alguma coisa estivesse por trás de todas essas coincidências. Mais do que isso, quero saber porque justamente eu achei aquilo. O que eu e Micaelly poderíamos ter em comum pra sermos "escolhidas"?

-Achou mais alguma coisa? - Will perguntou pra mim avaliando a tela do notebook no meu colo, mas eu já não mexia em nada a tempo. Me distrai com pensamentos. - Você tá bem pra fazer isso hoje? Podemos parar um pouco.

-Tá tudo bem. - eu disse esfregando as mãos nos olhos. Me aproximei ainda mais de Will depois que ele percebeu que não rola mais nada entre mim e Alan. Apesar disso não discutimos nada sobre o outro dia. Eu sei que fazer isso por perto de Melanie não seria uma boa ideia, mas ultimamente só nos encontramos aqui, junto à ela e a Pedro. - vou pegar mais um café.

Levantei e quando cheguei ao balcão, Pedro que já sabia minhas preferências, já tinha preparado do jeito que eu gostava.

-Você tá se acostumando mal, tomando café a essa hora. - ele disse me entregando a xícara quentinha.

-Eu nem sei que horas são. - respondi bocejando.

-Quase três da manhã. Falando nisso, eu vou ter que fechar daqui a pouco...

-Ah que pena... - eu suspirei. Ele me observou com um sorriso no rosto. Saiu de trás do balcão com chaves na mão e foi até Will. Eu pude ver que Melanie passou as mãos no cabelo tentando se ajeitar pra aproximação de Pedro. Ainda não sei porque ela nem trocou uma palavra com ele ainda já que parece interessa. Talvez precise de um empurrão.

-Eu sei que o que vocês estão fazendo aqui é uma coisa importante. Então vou deixar as chaves com você Will. É só você deixar na caixa de chaves da sala dos funcionários quando sair. Eu sei que você tem acesso aquela área. - ele disse pondo as chaves sobre a mesa.

-Poxa cara, isso seria ótimo. Pode deixar que faço tudo direitinho. - Will respondeu estendendo a mão para Pedro que mais uma vez sorriu alegremente. Ele é um tanto simpático. Seria uma boa pra Melanie não ficar sozinha nesse Cruzeiro.

-Mel... - eu disse me aproximando. - se você quiser ir agora, pode ir dormir. Sei que está cansada. - eu disse dando varias piscadas pra ela tentar entender o que eu estava tentando fazer.

-Aaah... Claro. É. To cansada. Vou indo então. - ela se levantou rápido e calçou as sandálias.

-Aí Pedro, já que você tá indo também, podia fazer companhia pra ela até o quarto. Tem que ser cavaleiro que nem eu. - Will sorriu pra Pedro tentando passar a ideia pra ele, já que no outro dia ele não se incomodou de fazer isso.

-Aah- ele gargalhou alto. - Will... como se não soubéssemos suas intenções. Mas tudo bem... Só não se acostuma mal Melanie...

Assim os dois saíram meio sem graça, Melanie ainda tentando ter um pingo de coragem de falar qualquer coisa. Eu nem tinha me tocado, mas desse jeito finamente tínhamos uma situação a sós. Eu poderia falar de qualquer coisa com Will. Me sentei ao lado dele bebericando o café como quem não quer nada. Ele ainda estava sentado no chão com o cabelo mais bagunçado que o normal -mesmo assim bem arrumado- e os olhos verdes refletindo a tela. Will quase sempre usa uma calça jeans e uma polo. Seu crachá dessa vez estava longe.

Esperei pacientemente ele perceber meu olhar sobre ele, mas ele está mais desligado hoje. Deixei a xícara sobre a mesa com um barulho alto o suficiente pra fazer ele olhar pra mim. E quando ele virou os olhos me aproximei rápido passando os braços por sobre o pescoço dele. Will tirou o notebook do colo, pondo-o de lado. Ainda assim não se aproximou, mas também não recuou. Mas eu colei meu nariz ao dele e ele abriu a boca. Nesse momento eu quase selei nossos lábios... mas só quase mesmo.

-Você já fez o que devia? - ele perguntou me encarando.

-O que? - eu achei que ele falaria uma coisa mais romântica uma horas dessas. Aliás, achei que ele não diria nada.

-Alan. E toda aquela sua arrogância. Isso ainda está acontecendo? - ele segurou meu braço e me afastou com gentileza. Will estava falando sério. Ele não queria mesmo se meter comigo se Alan estivesse com o mínimo interesse.

-Eu não falo mais com ele.

-Isso não responde.

-Claro que responde. Se eu não falei mais com ele, quer dizer que também não rola mais nada entre a gente.

-Mas da última vez que ele esteve aqui, deixou claro que está esperando que você vá até ele.

-Mas Will... eu não tenho nada pra falar pra ele. Eu só queria...

-Não da pra fingir que não aconteceu nada, Serena. E se ele invoca que ainda tem algo e vem atrás de você, vai fazer o que? Eu não quero levar problemas pra fora desse navio. Muito pelo contrário, vim aqui por boas causas. Você poderia ser uma delas... - ele disse sem graça mas me fez sorrir. - Mas não se outro cara achar a mesma coisa.

-Eu não acho que ele ligue pra nada disso.

-Eu ligaria. - ele disse por fim. Levantou e pegou as chaves na mesa. - Eu acho que não foi uma boa ideia ficarmos aqui até mais tarde. Se alguém vier pra cá e ver que Pedro não fechou no horário ele vai acabar sendo prejudicado por nós. - recolheu suas coisas com a outra mão e foi em direção a porta, mas eu nem me mexi.

-Você vai mesmo fazer isso? - meus olhos estavam se enchendo de lagrimas e eu nem sabia porque. Eu só achei que ele seria mais compreensivo.

-Sabe, talvez fosse melhor nós deixarmos tudo isso pra lá. Tá te prejudicando demais.

-Mas depois de tudo que a gente fez? - eu peguei meu bloco na mesa - todas as coisas que formulamos... Agora eu vou mesmo ter que fazer essas perguntas aquela menina. - ele me encarou com dó. Isso machucou. - Não me olha assim... -Perceber que ele me olha do mesmo jeito que Alan estava fazendo a uns dias.

-Serena.. - ele fechou os olhos e respirou fundo. Colocou tudo que segurava no balcão e veio até mim me fazendo ficar em pé. Finalmente me beijou. Repentinamente assim mesmo. Primeiro foi bem devagar, encostando a boca na minha com certo receio. Segurou minha cintura com as duas mãos e eu fui direto a nuca quente dele. Mas depois tudo se aprofundou e eu perdi a noção do tempo. As respirações tensas e os corpos colados. - Eu juro que não vou desistir de você. - ele disse interrompendo o beijo. Eu não tenho ideia de porque, mas foi uma necessidade dele de por isso pra fora. Will tentava ser duro consigo mesmo, mas não conseguiria mentir pra mim.

-Eu sei que não. - Talvez a promessa de amor mais rápida que farei nessa vida. Ficou subentendido pra nós dois que estávamos juntos, mesmo que ainda não totalmente.

Pegamos tudo, trancamos o café e Will me deixou no meu quarto como sempre fazia. Amanhã realizaríamos a primeira missão.

Prisioneira MarítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora