Prisioneira Marítima

31

Os dois dias seguintes foram tranquilos e melhores. Passei quase o tempo todo transando com Will ou visitando alguns lugares perto do hotel com Melanie e Micaelly. Nós três acabamos nos aproximando de um jeito bom, onde nenhuma falava de problemas nem ficávamos voltando em assuntos do passado. É só aquela amizade boa onde compartilhamos fotos de viagem e planos pro futuro. Micaelly acabou se revelando uma pessoa boa, onde até agora ela não desanimou ou deixou de fazer algo pra querer ficar sozinha como sempre fazia antes. Ela parece mesmo estar se esforçando pra não voltar ao estado inicial. Ainda não fala muito mas pelo menos não é uma companhia desagradável como ou achei que poderia ser. Acabou que na última noite no hotel, todos nós iremos jantar juntos. Eu, Will, Melanie, Micaelly, Pedro, Gusta e até mesmo Alan foi convidado. Eu não sei quem o chamou, mas o clima ficaria bem estranho. Eu não falei com ele depois daquela noite, e sei exatamente porque ele não falou comigo. Assim que eu sai da suíte depois de fazer sexo com Will, Alan apareceu no corredor. Pegou o mesmo elevador que eu mas eu não sabia o que falar e ele não parecia querer conversa. Só olhou pra mim durante um segundo antes de sair pela porta do hotel pra rua, sozinho. E seus olhos azuis pesaram e muito no meu coração quando ele me encarou. Um mísero segundo e eu poderia explodir pela frieza em seus olhos. Aquele azul já não era mais o mesmo, parecia que morria toda a luz em Alan quando ele se virava pra mim. Mas assim que as coisas devem ser. Claro que eu não queria que ele me odiasse, mas se as minhas escolhas deixam o nosso relacionamento assim, não posso fazer nada.

Amanhã de manhã, eu partia em um voo com Will pra Roma. Eu estava feliz e nervosa por conhecer a família dele, e nem sei como ele iria me apresentar. Que palavra usar pra descrever esse relacionamento? "Amiga" seria apropriado o suficiente? Também não tenho certeza que "namorada" seria o certo. Não da pra me chamar de "peguete" ou "transa" pra os próprios pais. Mas era isso que éramos um pro outro. Talvez um pouco mais próximos do que uma simples transa, mas o que dizer? Já tínhamos passado bastante tempo juntos mas não conversamos em nenhum momento sobre evoluir o relacionamento na volta da viagem. E eu não o culpo. Era cedo demais pra qualquer pensamento assim, mas talvez fosse necessário.

-Sabe o que é isso? - ele apareceu do meu lado me pegando de surpresa balançando vários tickets na mão. Eu estava de frente pro espelho de corpo inteiro no closet, checando o caimento perfeito do meu vestido marfim, com um decote em V e a saia rodada, que seria a última coisa usada nessa cidade. Quando percebeu parou e soltou um suspiro me admirando pelo espelho. Eu fiquei sem graça, mas me mantive na melhor posse. - você é linda. - Will passou os braços pela minha cintura olhando nós dois em frente ao espelho. Ele soltou um suspiro quente entre meu pescoço e meu cabelo o que me fez arrepiar. - e esse é um belo casal. - eu assenti, encostando a cabeça do ombro dele, me sentindo super protegida.

-E o que seria isso? - eu puxei os tickets da não dele ao mesmo tempo que ele começou a falar.

-Eu fiz um convite aos nossos amigos... ir conosco até a casa dos meus pais.

-É sério? - não contive a emoção. É demais o que ele fez por mim. Vai abrir a porta da casa dos pais pra me ver feliz perto dos meus amigos. Tínhamos conversado sobre eu não querer deixar Melanie seguir um caminho diferente na viagem porque planejamos tudo juntas. E não me sentia bem deixando Micaelly também. Eram 6 passagens contando com a minha e a de Will.

-Claro que é. Eu estou disposto a tornar essa viagem a melhor da sua vida. - ele sorriu, eu devolvi o sorriso logo com um beijo demorado. - esses sobrando, um é de Pedro e o outro sera de Gusta se ele aceitar. Ele disse que vai pensar, mas não sabe se quer deixar Alan sozinho. Mas algo me diz que ele vai.

Nessa hora me senti meio mal. Will definitivamente acabou de se tornar a pessoa que tirou todos de Alan. Ele não tem mais a atenção das meninas que se espalharam pela Europa, eu já não estou mais com ele, e até mesmo Gusta está disposto a deixar o amigo. Tudo pode até ser temporário, mas nunca se sabe o que Alan pode fazer. Eu tenho quase certeza que ele deve enxergar tudo desse jeito. Um pouco distorcido, mas não chega a ser uma mentira. Will deve ter percebido minha preocupação repentina mas a interpretou errado.