O sabor do pecado

O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Glinda e Fiona sentiram os seus corações acelerarem e deram um pulo de onde estavam. Não esperavam por ninguém ali, muito menos por Zelena. A ruiva estava possessa e parecia estar fora de si, suas pupilas estavam dilatadas e a raiva era a sua maior aliada naquele instante. Uma das mulheres flagradas, estava desconfiada e olhaou para Zelena com certo receio, Fiona encheu o peito e tratou logo de defender-se.
- Qual é o problema, Zelena? Vai querer me cobrar algo que você não tem direito algum? - perguntou Fiona sem temer.
- Direito? Ninguém tem direito sobre ninguém! O que você não tem é respeito e muito menos vergonha na cara! - disse Zelena apontando o dedo na cara de Fiona.
- Zel, calma! - disse Glinda desconfiada.
- VOCÊ CALE A BOCA! - gritou Zelena empurrando a amiga. - VOCÊ É UMA FALSA!
- Não me chame assim! Vocês não tem nada sério e não vejo problema em ficar com ela! Não seja ciumenta por algo que não é seu! - justificou-se Glinda.
Zelena soltou o ar dos pulmões, virou as costas e depois olhou para o rosto das duas mulheres que pareciam não sentirem culpa.
- Fiona não é nada minha, mas você sabe que eu sou apaixonada por ela, sabe que eu sempre quis conquistá-la e você faz isso comigo? E ainda diz que é minha amiga? Por favor, né! - disse Zelena nervosa.
- Você quer falar sobre respeito? Ela é casada e você insiste em algo que sabe que não dará em nada! - disse Glinda ainda desconfiada.
Enquanto acontecia toda aquela tensão entre as três, Emma e Regina estavam rindo de uma conversa aleatória entre elas. A morena mostrava um vídeo que chamou a sua atenção e o seu conteúdo as faziam gargalhar.
- Quem é que fica parada enquanto essa mulher está te beijando? - perguntou Regina com uma voz sexy.
- Essa Kate Mckinno é muito burra! Onde já se viu ser beijada por Gal Gagot, vulgo mulher maravilha… - disse Emma sendo interrompida.
- E que maravilha! - completou Regina.
A loira assentiu.
- E a idiota fica parada feito uma pedra? Meu Deus! - indignou-se Emma.
- É só uma brincadeira, mas as pessoas precisam aprender a agarrarem as oportunidades que a vida oferece! - disse Regina.
- E como! Ela é muito sexy! - disse Emma admirando a beleza da mulher.
- Aquele sorriso lindo! Nossa… - disse Regina quase babando.
Emma a fitou.
- Agora eu estou começando a ficar com ciúmes… - brincou.
Regina gargalhou.
- Eu prefiro você, amor! - sussurrou Regina.
- Mentirosa! Quem em sã consciência preferiria eu, mera mortal, do que quela deusa? - brincou Emma.
- Mas é essa mera mortal que eu quero! - sussurrou Regina cheia de vontade de beijar a sua loira.
- Ah, que fofa! - sussurrou olhando nos olhos de Regina.
- Eu quero muito que a Mulher Maravilha tenha uma namoradinha no próximo filme! - afirmou Regina.
Emma concordou.
No quarto, as coisas continuavam tensas entre as mulheres. Fiona não tinha papas na língua e falava aquilo que lhe dava na telha, sem importar-se com a consequência daquilo. Zelena já estava louca de ciúmes, sentia-se traída pela mulher que achava que fosse a sua amiga e também por Fiona por ter feito aquilo com ela justo em sua festa de aniversário.
- Você nos interrompeu para dizer isso? Já acabou? - perguntou Fiona com uma expressão cínica.
Ouvir aquilo foi como um tapa na cara da ruiva. Zelena sentiu um espírito ruim possuí-la e partiu para cima das duas e as expulsou de dentro da casa aos pontas pés. A gritaria da mulher anunciava uma confusão sem fim, todos assustaram-se e olharam em direção a briga. Zelena as xingava com palavrões e ofensas absurdas, estava disposta a expulsá-las naquele momento.
- Sua safada! Queria dar na minha cama! - disse Zelena nervosa partindo para cima de Fiona.
- A cama nem era sua! - disse Fiona defendendo-se;
- NÃO INTERESSA! VOCÊS VÃO EMBORA DAQUI AGORA! - gritou Zelena empurrando-as.
Regina lembrou-se da palavra que Emma usou para referir-se a Ruby e não resistiu em comentar.
- Ih, olha lá as rampeiras! - gargalhou.
Emma não aguentou e começou a ter uma crise de risos sem fim, estava sem ar e Regina gargalhava com a risada da loira. August as olhava torto e estava incomodado por achar que elas estavam zombando da situação de Zelena. Aproximou-se e tentou dar uma lição de moral, coisa que ele não tinha.
- O caso é sério e vocês ficam rindo igual a duas loucas? Imagine se fosse com vocês? Não teria graça nenhuma! - disse August repreendendo-as.
Regira revirou os olhos.
- Você é bilíngue né? Fala português e várias bostas! Por favor, Augusto!  - provocou Regina.
O rapaz irritou-se.
- Emma, você não era assim quanto te conheci. Virou uma perturbada, rindo da desgraça alheia! - disse Augusto nervoso.
Regina soltou o ar dos pulmões.
- Me respeita que você não sabe nem do que a gente está rindo para ficar julgando! - disse franzindo o cenho.
- Emma, vou levá-la para uma sessão do descarrego para tirar esse espírito lésbico que está dentro de você! - disse August esquecendo-se do senso do ridículo.
- Ah, vai transar! Vai ver assim tira o espírito de chatice que está dentro de você! - disse Emma desdenhando.
Zelena estava grudada no cabelo de Glinda e Ruby tentava separar a briga. Segurou a ruiva com força e Killian puxava Fiona para que não brigassem mais. Cora e Ingrid direcionaram-se ao lado de Emma e Regina para comentarem sobre o fato.
- Elas são namoradas? - perguntou Cora.
- Até onde eu saiba, não! - respondeu Regina.
- Zelena é apaixonada por Fiona, mas ela é casada. - explicou Emma.
- Até onde eu sei, elas nunca tiveram nada. - disse Regina esperando a gritaria acabar.
- Pelo visto, tiveram algo. - observou Ingrid.
Regina assentiu.
Zelena continuava histérica e esperneava enquanto Ruby usava toda a sua força para contê-la. Emma, apesar de tonta, levantou-se para ajudar a moça a segurar a ruiva que gritava incessantemente.
- Eu quero que você saia do meu apartamento imediatamente! Nunca mais quero vê-la! - disse Zelena a Glinda, tentando recuperar o fôlego. - SAIAM AS DUAS DAQUI… AGORA!
- Como nós vamos? Viemos todos juntos! - perguntou Glinda já arrependida do que havia feito.
- Se vire, pegue um Uber! - disse Zelena debatendo-se.
Killian tirou Fiona e Glinda da visão de Zelena e as levou para dar uma volta pelo lado de fora da chácara. Ruby adentrou na casa com Zelena acompanhadas de Emma e Regina. A ruiva estava arrasada, nunca imaginou que fosse sentir-se assim, tão frágil e tão apaixonada por alguém tão ruim. Ruby a abraçou e acariciava os seus cabelos na tentativa de tranquilizá-la.
- Calma, Zel… Eu estou com você. - disse Ruby.
- A Fiona não presta, Zel. Você merece alguém que esteja com você por inteiro e não fique mendigando migalhas de amor. - aconselhou Regina segurando as mãos da ruiva.
Emma sentiu-se mal de alguma forma com aquelas palavras de sua amada. Fixou o olhar no chão, pensando no quanto Regina poderia incomodar-se com o pedido de sigilo, que havia feito, relacionado ao namoro das duas.
Naquele momento, a festa havia ido para o ralo. Não existia mais clima e Zelena queria ir embora daquele lugar imediatamente. Cora e Ingrid preparam-se para a viagem antecipada. Glinda e Fiona foram mantidas longe da ruiva para não acontecer mais nenhuma briga e Ruby ofereceu-se para ficar com ela em sua casa. Não havia melhor companhia naquele momento.
Algum tempo se passou. O clima entre Zelena e Fiona ainda era tenso, estranhavam-se na loja e isso atrapalhava no desempenho de ambas. Regina discutia seriamente com Fiona quase todos os dias, definitivamente elas eram como água e óleo, não se misturavam de forma alguma.
Emma estava fechando uma venda com uma cliente que gostava de coisas inusitadas. Mulan procurava por brinquedos de grande utilidade, não importava-se com o valor. A loira sabia perfeitamente o que indicar para a moça.
- Esse brinquedo é novíssimo, chegou ontem e ele estimula tudo o que você quiser. Não existem limites, você é quem dita a regra.  - disse Emma com o aparelho em mãos.
A mulher arqueou uma sobrancelha e observou o objeto.
- Você já usou? - perguntou.
Emma deu um sorriso malicioso.
- Geralmente experimentamos todos os brinquedos antes de indicá-los. - mentiu, pois aquele especificamente ainda não havia usado.
- E o que ele faz? Parece uma raquete! - disse Mulan fazendo bico.
- Você pode estimular o clítoris, todas adoramos… O ponto G, até o ânus se você gostar… É digo de passagem que é maravilhoso nesta região e você pode massagear o quiser. Não existe uma regra quando trata-se de prazer, desde que você sinta-se à vontade, é claro! - explicou Emma convencendo a moça.
- Hum… Você deve se divertir muito com essa infinidade de coisas. - disse Mulan arqueando uma sobrancelha, observando tudo que havia naquele local. - Qual o nome deste?
- Buck Dich Paddle Dildo. Tem essas ondulações maravilhosas e você pode levar para o banho, é a prova d’água… - explicou Emma.
- E a pergunta que não quer calar… Quanto custa? Não deve ser nada barato. - perguntou Mulan a título de informação.
- É um preço razoável, mas imagine que vale o orgasmo com o seu amor ou sozinha, é claro! Ele custa seiscentos e noventa e nove. - respondeu Emma sem fraquejar.
A moça fez um gesto com os lábios e concordou mesmo assim.
- Preciso de um anestésico anal e quero levar um estimulador de próstata. - disse Mulan fazendo Emma estranhar.
- De próstata? - perguntou.
A moça riu.
- Adoro ser ativa com Philip. - respondeu sem pudor algum.
- Uau! - disse Emma surpresa. - Tenho o P2 que é bastante flexível e macio…
Mulan olhou para o brinquedo o achando perfeito. Havia um encaixe para mãos que lembrava o símbolo do infinito. A música ambiente, os aromas e o a luz da Sex Shop, a fazia querer comprar mais. Disse a Emma que voltaria em breve em busca de mais coisas eróticas.
Regina estava organizando os contracheques de todos funcionários, assim como organizava as finanças para enviar a Gold em forma de relatórios. Emma a foi visitar como sempre, pois adorava conversar com a sua amada.
- Eu não queria voltar pra casa hoje… - disse a loira abraçada com Regina por trás.
A morena tocou em uma das suas mãos e a acariciou.
- Vamos sair um pouco, depois você dorme na minha casa… Não precisa voltar pra sua. - afirmou Regina.
Emma ficou pensativa por alguns instantes depois de ter concordado, mas sentia a necessidade de desabafar.
- Eu me sinto tão sozinha naquela casa… Eu sei que é a minha família, mas me sinto tão diferente de todos... - explicou Emma com a voz embargada.
Regina virou-se em direção a loira, parando com tudo que estava fazendo, para abraçá-la;
- Ah, Em… Sempre que sentir-se sozinha, lembre-se que eu estou com você. - disse com voz doce, apertando-a carinhosamente.
Emma emocionou-se.
- Com você eu não me sinto só… - respondeu sorrindo.
Regina acariciou o rosto da loira a olhando nos olhos, selando os seus lábios nos dela, abraçando-a novamente. A morena finalizou o seu trabalho e desceram juntas. Regina estava tranquila, pensando em como agradar a sua amada no dia dos namorados que estava próximo, mas uma voz desagradável interrompeu os seus devaneios.
- Regina, onde está o seu filho? - perguntou Fiona cruzando os braços.
Emma ficou sem reação diante aquela pergunta. A expressão diabólica da mulher era um prenúncio de que algo ruim viria.
- Do que está falando? - perguntou Regina sentindo as suas pernas trêmulas.
Sua expressão mudou no mesmo instante, o seu sorriso foi desmanchado e sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Não esperava por algo do tipo. Ficou pensando em como aquela mulher havia descoberto sobre o seu filho, pois nunca havia tocado naquele assunto na loja desde que começou a trabalhar ali.
- Não se faça de idiota! Você o deixou… - disse Fiona na intenção de deixar Regina sem chão.
A mulher havia conhecido uma colega antiga de Regina, que era amiga de Daniel e havia contado que a gerente era uma mulher impulsiva e que havia abandonado o filho há algum tempo. Fiona viu ali a oportunidade perfeita para deixá-la mal vista diante de todos.
- VOCÊ NÃO SE ATREVA A FALAR DO MEU FILHO! - gritou Regina nervosa.
- Henry Daniel Mills, você mesma o entregou para o pai dizendo que não queria este peso para si, por ser jovem e querer aproveitar a vida! - disse Fiona com um sorriso amarelo.