7. A Pedra do Crânio

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Peter retornou pro acampamento, se enxugou e vestiu as roupas. Depois entrou em sua cabana de madeira e se deitou na cama. Relaxou apoiando as mãos na nuca, com os olhos fixos no teto. Sabia que tinha exagerado com Grace, foi cruel ao afundar a cabeça dela na água na hora do beijo, mas não podia segurar o sorriso de canto de lábio ao se lembrar da cara de pânico da garota.

Entre alguns devaneios, rapidamente adormeceu.

Enquanto isso, Grace se revirava na cama, sem conseguir dormir. Quando cochilou um pouco, logo acordou, transpirando. Estava tonta e sonolenta, com os nervos à flor da pele. Na mente voltava a sensação dos lábios de Peter rentes aos seus, quase prestes a beijá-la, seguido do susto. Socou o travesseiro e o virou, pronta pra outra tentativa de descanso. Não conseguiu. Sentou desistente, decidida a terminar o que Peter iniciou.

Levantou-se e saiu da casinha indo em direção ao acampamento, na clareira da floresta. Ao chegar, encontrou a fogueira apagada e uns restos de carne mal passada num espeto. Aparentemente ele tinha feito alguma refeição antes de deitar. Grace seguiu até a cabana do garoto. Parou na frente da entrada e ficou imóvel, quase mudando de ideia.

"Não desista, Grace, você precisa tomar alguma atitude. O que te garante que não vai morrer antes de Peter conseguir te acordar do coma? É agora ou nunca!"

Respirou fundo e abriu a porta. Entrou com cautela, pisando devagar. O interior era grande, de teto alto, com tecidos e rendas penduradas formando um efeito irreal e espectral no escuro. Alguns enfeites e mobílias rudimentares preenchiam o espaço. Haviam velas espalhadas, que projetavam suas luzes trêmulas pelo quarto. Ela se sentou num banquinho, ao lado da cama de Peter, e apoiou o queixo nas mãos. Ficou assim, observando ele dormir.

Peter estava largado no colchão. Grace sorriu ao perceber que ele repousava serenamente, como um menino travesso que bagunçou o dia inteiro e de noite descansa como um anjo.

Após alguns minutos, Peter piscou de leve. Acordava, e lentamente abriu os olhos. Tinha alguma coisa estranha por ali... uma presença. Sentiu que estava sendo observado. Virou o rosto e deparou-se com Grace.

Não contava com ela o assistindo dormir. Pulou na cama de repente, pondo-se sentado.

- Porra! Que... que raios você faz aqui?? - indagou confuso.

Grace sorriu. Mesmo sonolento, ele distinguiu que aquele sorriso era diferente. Sem nenhuma explicação, Grace se aproximou, sentando no leito. Ele franziu o cenho, com cara de desconfiado.

- Eu vim terminar o que você começou. - ela explicou.

- Termin...? - Peter tentou falar, mas foi interrompido.

Ágil, sem dar tempo de ele terminar a pergunta, Grace o agarrou pela roupa. Puxou com tudo, atacando com um beijo inesperado sobre os lábios. Ele perdeu o ar, arregalando os olhos, e em menos de um segundo seu cérebro explodiu em mil irrefreáveis ondas de espanto e desejo.

O semblante de chocado passou para malicioso ao fechar os olhos, entregando-se. Abriu a boca com os lábios grudados ao dela, e a atacou de volta num beijo ferino. Grace fechou os olhos também, cerrando-os com certa força, quando Peter segurou firme a sua face com as duas mãos, trazendo-a para mais perto. Ele virou o rosto, e sua língua invadiu sem cerimônias a boca dela, provando do beijo como se estivesse faminto.

A menina amoleceu ficando vulnerável, a medida que retribuía. Ele a mordiscava no lábio inferior, puxando; e invadia mais e mais com a língua procurando pela dela, sugando e a tomando pra junto dele. O beijo de Peter era apressado e imaturo, mas delicioso. Grace arquejava, com a adrenalina pulsando em cada fibra de seu corpo. Suas mãos suavam e mal conseguia pensar direito.

Dark Paradise || Peter Pan • OUATOnde histórias criam vida. Descubra agora