Grace acordou de noite, seus olhos se abriram subitamente. Teve a sensação de estar em seu antigo quarto, no apartamento horrível que morava com o pai, prestes a enfrentar outro dia da sua rotina.
A visão borrada dos corredores de plantas ao seu redor, e o gosto intenso do sangue na boca, fizeram-na desejar que ainda estivesse presa naquela realidade. Se lembrou de como era desesperada pra fugir, o que no fim não adiantou nada, afinal se encontrava em outro tipo de prisão agora, talvez ainda pior.
Levantou-se fraca, cambaleou e apoiou com o braço na parede do labirinto. O cabelo estava bagunçado e sangue manchava no queixo e boca.
Caminhou apática e sem rumo. Gradativamente voltava a lembrança do jantar e ela pensou que fosse vomitar, mas não o fez. Enfrentaria seja lá o que mais iria aparecer na sua frente.
Se econtrava com o psicológico calejado após tanta tortura. Porém, para sua surpresa, o labirinto acabou. Ao virar a segunda esquina, viu no final do corredor um arco grande feito de pedras de tonalidade escura, cobertas por musgo, envelhecidas pela maresia. Mostravam o final. O coração saltou e ela correu, sem acreditar que chegou à saída.
Suas botas afundaram na areia. Estava na praia. Atras ficou a fortaleza de muros altos que pegavam o extremo do litoral. Fora dele, Grace se deu conta que a ilha completa era o labirinto.
A imponência das paredes causava um efeito assustador, e ela tratou de se afastar o mais rápido possível, correndo na direção oposta. Na sua frente estava o mar. Não tinha pra onde ir, então parou na beira para fitar a imensidão do oceano e o céu estrelado, a brisa salgada atingindo seu rosto.
A Lua minguante estava curvada pra cima, parecendo um sorriso. Distante viu uma ilha grande no meio do oceano, surgindo como um continente. Era a ilha central, onde ficava o acampamento de Peter. Queria voar pra lá e se abrigar longe do labirinto, mas sua energia carregada demais não permitia. Não teria como ir nadando. Pra completar, não encontrou nenhum barco.
Não sabia o que fazer, então retirou suas botas e as deixou na areia. Em seguida, entrou descalça no mar, até chegar onde pudesse lavar o sangue de suas mãos e rosto, sem se importar em molhar o vestido.
Enquanto limpava o sangue do jantar grudado na pele, ouviu um barulho estranho na água. Não era o simples som das ondas, parecia com uma presença. Amedrontada e traumatizada, fingiu que não escutou nada e continuou se lavando.
"Deve ser coisa da minha cabeça."
Alguns minutos depois, sentia olhos pousados nela. A sensação de que tinha alguém ali se tornou perceptível demais pra ignorar. Só então ela viu que escondido atrás de uma rocha à beira mar, havia uma menina.
Parecia jovem, provavelmente pouco mais nova que ela. Tinha o longo cabelo loiro, e seus ombros frágeis estavam nus. A água do mar cobria do busto para baixo. A pequena jogou um olhar malicioso para Grace e nadou pra longe. Confusa, desacreditando que fosse outra miragem, Grace caminhou contra a água, que atingia-lhe a altura dos joelhos e seguiu até perto da garota.
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Dark Paradise || Peter Pan • OUAT
Hayran KurguDARK/TABOO ROMANCE +18 Grace é uma garota perturbada, abusada pelo pai, procurando desesperadamente alguma válvula de escape. Em seus sonhos ela encontra refúgio, conseguindo ter acesso ao estranho paraíso de Neverland, onde vive um solitário garoto...