18. Morrer Seria uma Grande Aventura

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Grace acordou de noite, seus olhos se abriram subitamente. Teve a sensação de estar em seu antigo quarto, no apartamento horrível que morava com o pai, prestes a enfrentar outro dia da sua rotina.

A visão borrada dos corredores de plantas ao seu redor, e o gosto intenso do sangue na boca, fizeram-na desejar que ainda estivesse presa naquela realidade. Se lembrou de como era desesperada pra fugir, o que no fim não adiantou nada, afinal se encontrava em outro tipo de prisão agora, talvez ainda pior.

Levantou-se fraca, cambaleou e apoiou com o braço na parede do labirinto. O cabelo estava bagunçado e sangue manchava no queixo e boca.

 O cabelo estava bagunçado e sangue manchava no queixo e boca

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Caminhou apática e sem rumo. Gradativamente voltava a lembrança do jantar e ela pensou que fosse vomitar, mas não o fez. Enfrentaria seja lá o que mais iria aparecer na sua frente.

Se econtrava com o psicológico calejado após tanta tortura. Porém, para sua surpresa, o labirinto acabou. Ao virar a segunda esquina, viu no final do corredor um arco grande feito de pedras de tonalidade escura, cobertas por musgo, envelhecidas pela maresia. Mostravam o final. O coração saltou e ela correu, sem acreditar que chegou à saída.

Suas botas afundaram na areia. Estava na praia. Atras ficou a fortaleza de muros altos que pegavam o extremo do litoral. Fora dele, Grace se deu conta que a ilha completa era o labirinto.

A imponência das paredes causava um efeito assustador, e ela tratou de se afastar o mais rápido possível, correndo na direção oposta. Na sua frente estava o mar. Não tinha pra onde ir, então parou na beira para fitar a imensidão do oceano e o céu estrelado, a brisa salgada atingindo seu rosto.

A Lua minguante estava curvada pra cima, parecendo um sorriso. Distante viu uma ilha grande no meio do oceano, surgindo como um continente. Era a ilha central, onde ficava o acampamento de Peter. Queria voar pra lá e se abrigar longe do labirinto, mas sua energia carregada demais não permitia. Não teria como ir nadando. Pra completar, não encontrou nenhum barco.

Não sabia o que fazer, então retirou suas botas e as deixou na areia. Em seguida, entrou descalça no mar, até chegar onde pudesse lavar o sangue de suas mãos e rosto, sem se importar em molhar o vestido.

Enquanto limpava o sangue do jantar grudado na pele, ouviu um barulho estranho na água. Não era o simples som das ondas, parecia com uma presença. Amedrontada e traumatizada, fingiu que não escutou nada e continuou se lavando.

"Deve ser coisa da minha cabeça."

Alguns minutos depois, sentia olhos pousados nela. A sensação de que tinha alguém ali se tornou perceptível demais pra ignorar. Só então ela viu que escondido atrás de uma rocha à beira mar, havia uma menina.

Parecia jovem, provavelmente pouco mais nova que ela. Tinha o longo cabelo loiro, e seus ombros frágeis estavam nus. A água do mar cobria do busto para baixo. A pequena jogou um olhar malicioso para Grace e nadou pra longe. Confusa, desacreditando que fosse outra miragem, Grace caminhou contra a água, que atingia-lhe a altura dos joelhos e seguiu até perto da garota.

Dark Paradise || Peter Pan • OUATOnde histórias criam vida. Descubra agora