43. Meu Refúgio

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Peter saiu do banheiro com a toalha enrolada ao redor da cintura e apareceu no quarto. Tirou Grace de seus pensamentos, e ela virou para vê-lo, conservando a face emburrada. Ele seguiu com aspecto abatido em direção ao criado-mudo. Pegou o lanche que havia ali.

- Vou comer.

- É seu. - ela respondeu sem emoção.

Ele sentou no colchão, desembrulhou o sanduíche e começou a devorar com fome. Grace se aproximou e sentou também ao lado dele. Observou-o comendo.

Decidiu que perguntaria o que fosse preciso. Se ele recusasse responder, significava que não era digno de perdão ou confiança. Quer dizer, obviamente Peter não era confiável, mas na atual condição, Grace precisava se agarrar a qualquer minima esperança por Alex. Analisava as possibilidades de aceitar a ideia de voltar para Neverland pelo assassino colegial. Isso ainda parecia absurdo demais.

- Me fala sobre o Felix. - mandou com dureza e estreitou suas pálpebras, atenta pra capturar sinais de expressão suspeita em Peter.

Ele arqueou uma sobrancelha em direção à ela, e falou com a boca cheia.

- Por que quer saber?

- Termina de mastigar, engole e me responde. Não importa o motivo, apenas me diga. E fale a verdade, se não, vou descobrir que tá mentindo e nunca mais vou te dar ouvidos.

Peter revirou os olhos e terminou de engolir o lanche.

- Eu sacrifiquei ele pra jogar uma maldição em Storybrooke. Depois que Henry foi resgatado pela família, eu fui pra cidade me vingar. Essa maldição, pra ser realizada, precisa do coração daquele que mais ama. E eu peguei o coração do Felix.

- Você amava ele...

- Sim.

- Ele te deu o coração? Assim como eu pretendia fazer?

- Não. Pra essa maldição, basta arrancar o coração da pessoa mesmo.

- Ele deve ter ficado muito assustado e decepcionado com você.

Peter desviou o olhar e pegou o suco do criado-mudo, abriu e virou grandes goles. Não respondeu.

- Quando você diz que arrancaria meu coração, se pudesse, não duvido que faria.

- De qualquer forma, não deu certo. - respondeu após terminar o suco, ignorando o comentário. - Meu filho me destruiu e o sacrifício foi em vão. Ele morreu a toa.

- Filho?!

Os olhos de Peter brilharam de surpresa. Aparentemente, devido à exaustão e recente bebedeira, ainda não se dava conta do que fazia ou falava.

- Você falou "filho", Peter?? - perguntou ela, devolvendo o mesmo olhar.

- Parece que sim. - ele confirmou e fitou o chão. - Agora vou te dizer tudo. Espero que confie em mim, pra valer. Não tenho o que esconder. Quando acordou do coma, fomos para aquela casa nos refugiar, e eu te falei que tive um filho chamado Rumplestiltskin.

- Eu lembro disso. Mas ele ainda tá vivo? Quantos anos seu filho tem?!

- Pouco menos que eu.

- Ele é...

- Ele é imortal, também. Ele se tornou imortal.

Grace ficou perplexa, mal sabia o que dizer. De queixo caído, examinou o rosto de Peter. Ser destruído pelo próprio filho... que outrora foi abandonado. A vida dele era mais conturbada do que imaginava, não o conhecia nem a metade.

- E quem é a mãe dele??

- Uma mulher chamada Fiona. Não quero falar dela.

- Ela tá viva também?!

Dark Paradise || Peter Pan • OUATOnde histórias criam vida. Descubra agora