O cemitério não era grande e pouco tempo de caminhada colocou Regina, Grace e Henry frente à imensa lápide do pai de Regina. Era de pedra cinzenta, na mesma tonalidade que um céu carregado de nuvens tempestuosas. Duas colunas grandes seguravam o teto longo. A porta era de madeira marrom avermelhada. Regina antecipou-se à fronte da cripta, com seu terninho feminino. Levantou a mão e a porta da lápide brilhou numa luz breve, como se algo relampejasse.
- Agora podemos entrar. - Regina disse e virou-se para Grace, que a olhou. - Faremos uma poção poderosa. Pra não perder tempo, antes preciso ter certeza de que você realmente se importa com esse tal Alex.
- Sim, eu tenho sentimentos verdadeiros por ele. - explicou.
- Não vi nem um pingo de determinação. - criticou Regina, arqueando as sobrancelhas. - Saiba que, se não adiantar, a culpa não será minha; e sim sua, por usar esse pobre coitado para esquecer de Pan.
Grace sentiu um gosto amargo.
Regina subiu os dois degraus que davam entrada para a lápide e graciosamente abriu as portas com magia, num gesto da mão. Grace foi deixada com cara de tacho. O sangue ebuliu em rancor. Henry a segurou no ombro num toque consolador. As íris castanhas amendoadas dele, em conjunto com o rosto complacente, acalmaram seus ânimos.- Peço desculpas por minha mãe. - disse ele, com a voz calma. - Ela é assim mas no fundo tem bom coração. Regina sofreu muito e as vezes não percebe o quanto é capaz de machucar, mesmo sem querer.
Grace sorriu para Henry, admirada com a serenidade dele.
- Obrigada. - disse e sua onda de raiva dissipou. - Gostaria que ela entendesse que gosto mesmo de Alex.
- Você não precisa provar isso pra ninguém. - explicou Henry e se adiantou para dentro da lápide. Grace o seguiu. - Apenas acredite, e a poção vai funcionar.
Ela assentiu e se deixou ser envolvida pelo interior do mausoléu. Desceram um lance de escadas. O espaço era gelado e inteiramente de pedra bruta. Inúmeras entradas nas paredes guardavam potes de formatos estranhos, ingredientes e substâncias mágicas, além de velas com chamas trêmulas. A energia era funesta. Grace, sendo muito sensitiva, percebeu a atividade enfeitiçada.
Regina separou os componentes em cima de uma pequena mesa. Um caldeirão transbordava fumaça branca, ao lado dela.
- Venha aqui, garota. Preciso de seu sangue.
- Sangue?? - perguntou Grace, se aproximando de Regina. Henry ficou parado para assistir.
- Claro. - falou a morena revirando os olhos, como se isso fosse óbvio. - Você espera só olhar, e não ajudar?? Somente você poderá trazer as memórias de Alex de volta.
Regina esticou a palma, pouco acima do caldeirão, e esperou receber a mão de Grace. Ao recebê-la, pegou um punhal de lâmina fina. Tocou a ponta afiada na palma da jovem e desferiu um corte rápido e longo. Grace castigou o lábio inferior com uma mordida e suportou a dor. O sangue correu para dentro do caldeirão. Assim que pingou, denso e em boa quantidade, a fumaça borbulhante mudou de cor, tornando-se rubra.
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Dark Paradise || Peter Pan • OUAT
FanficDARK/TABOO ROMANCE +18 Grace é uma garota perturbada, abusada pelo pai, procurando desesperadamente alguma válvula de escape. Em seus sonhos ela encontra refúgio, conseguindo ter acesso ao estranho paraíso de Neverland, onde vive um solitário garoto...