68. I'm the Voice in Your Head

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O abismo se estendia perante Grace, feito um oceano escuro e tranquilo, parado e silencioso. Lenta, a maré se moveu e se aproximou, primeiro com ondas calmas, banhando os pés descalços. E então, as ondas cresceram de proporção, ganhando altura e densidade. A consistência do abismo veio para cima dela, cobrindo e afogando.

Grace não se desesperou. As trevas a banhavam por inteiro, tragando a alma para o desconhecido. Eram quentes, aqueciam com um sentimento nunca explorado. Preenchiam o coração, arrancavam a insegurança, evaporavam o medo, davam espaço para uma espécie de glória que ela nunca alcançou antes.

Abriu os olhos e se viu numa floresta. Os filetes de vultos se desgrudavam do corpo úmido pela maré de sombras, que já se espalhavam para o chão como água, escorrendo de volta para o poço de onde veio. Sentia-se vestindo uma armadura, um tipo de carapaça que a protegia, como se nada pudesse feri-la. Porém, olhou pra si mesma, e encontrou um longo vestido de couro negro. Os seios carregados de leite, inchados e rijos, destacavam-se por debaixo da vestimenta.

Os cabelos longos estavam mais escuros e presos num penteado sóbrio. A mudança ocorreu exteriormente também. Deu um passo adiante e notou que tinha acabado de sair de uma espécie de buraco no chão, coberto de metais com gravuras excêntricas.

Não estava assustada ou confusa. Reconhecia uma coragem singular em si, algo incomum e confortável. Levantou a cabeça e os olhos azuis refletiram o céu. Era uma floresta de árvores com troncos finos, longos. Observou o ambiente e percebeu uma figura diferente. Alguém a observava de volta.

A pessoa saiu de trás das árvores do bosque, e avançou para perto. Era Rumplestiltskin. Porém, estava diferente. O homem de impecáveis ternos usava agora uma roupa inteira de couro de crocodilo, com detalhes e adornos. Faziam dele mais imponente que o costume, mesmo sendo de baixa estatura.

No entanto, a parte chamativa estava na face. A pele ganhou um aspecto grosseiro. Os olhos, maiores, tinham pupilas dilatadas e íris amareladas como um réptil. Grace identificou o filho de Peter Pan por detrás daquele ser que parecia uma criatura tirada dos livros dos contos de fadas. Ele sorriu exibindo os dentes pequenos e sujos.

- Olá, queridinha. - falou com a testa franzida, num humor notável.

- O que aconteceu com você? - perguntou ela intrigada e preocupada.

- O mesmo que aconteceu com você. - ele respondeu, gesticulando de maneira rápida, com suas mãos cobertas de uma camada espessa de pele dura. As unhas estavam compridas, feito garras. A voz era de timbre rouco, meio agudo e meio áspera ao mesmo tempo. - As trevas, estão em mim. - pousou a ponta dos dedos sobre o peito. - Me corromperam, e me salvaram. Vê?? Agora, é a sua vez. - finalizou e apontou o indicador pra ela, sem deixar de mostrar o sorriso perverso e intenso.

 - finalizou e apontou o indicador pra ela, sem deixar de mostrar o sorriso perverso e intenso

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Era como se os pensamentos de Grace fossem lidos. Ela sorriu, doce e receptiva para aquele indivíduo bestial. Ele se adiantou um passo.

- Como se sente?? - indagou Rumple, parecendo muito animado.

Dark Paradise || Peter Pan • OUATOnde histórias criam vida. Descubra agora