Ás de Copas [COMPLETO]

Capítulo 21

Respiro fundo. Uma, duas vezes. Resolvo fazer pela terceira vez por uma questão de necessidade. Assinto com a cabeça. Ok, está na hora. Faço uma careta. Essa merda está pinicando de novo. Estou me contorcendo, curvada para frente. Toco a campainha e endireito a coluna quando a porta é imediatamente aberta.

Ignorando toda a dor, faço o meu melhor para oferecer o meu sorriso mais fácil para Jameson.

Ao contar para Tracy o que aconteceu entre nós, no lago, e o convite para jantar na casa dele, minha amiga conseguiu me convencer a fazer uma segunda depilação íntima na minha vida. Ela justificou o meu terror na experiência anterior dizendo que a primeira vez realmente é um pouco dolorosa, mas que vou me acostumando com o tempo.

Então o que eu fiz? Aceitei a ideia.

Que esperta sou, não?

Tracy conseguiu um horário de última hora para mim. Vi Denise de novo. E... a maca. A maldita maca. Meu terror. Mas depois teve a cera. As puxadas. O momento quase-morte. Os desfibriladores. A ressuscitação. Felizmente sobrevivi pela segunda vez. O resultado sempre é bom, se desconsiderar toda a dor, a irritação e a lesão provocada na própria pele, claro.

Estou preocupada com a possibilidade de Xena perder a fama de mulher mais durona, forte e guerreira que já existiu. Ela está com sérios problemas e pode ser desbancada facilmente por mim, se ainda não sabe o que é fazer depilação íntima brasileira.

- Ellie. - Há admiração em seus olhos quando percorrem meu corpo dos pés à cabeça.

- Jameson. - Sorrio de novo.

- Você está linda. Tem certeza de que veio só para um jantar comigo?

Rio e sai tão ofegante que me deixa corada. Ah, meu Deus, eu pareço uma menininha.

Calço sandálias pretas de salto alto e estou usando um vestido solto na cor branca. Ele é de alcinhas, curto e rendado. Uso-o com um cinto marrom em volta de minha cintura e um casaco preto de lã me aquece na noite fria.

Jameson está deslumbrantemente sexy. Reparo na calça preta, a gola da camisa social branca por baixo do suéter azul-marinho, os sapatos pretos, os cabelos despenteados que lhe conferem um ar descontraído e aquela enlouquecedora barba por fazer. Na maioria das vezes em que o encontrei, Jameson se mostrou primorosamente barbeado. Entrar em contato com mais de suas facetas me era estarrecedor.

Os olhos nublados param em meus cabelos soltos e espalhados charmosamente pelos meus ombros.

- Você está uma gracinha. - Pisca seus longos cílios pretos para mim, seus lábios dando um meio sorriso enquanto os olhos passeiam pelo meu corpo mais uma vez. Em seguida, faz um gesto para mim. - Vamos, entre.

Eu entro com o coração quase explodindo. E quase realmente explode quando Jameson se posiciona atrás de mim para me ajudar a tirar o casaco, seus dedos deliberadamente acariciando meus braços por mais tempo do que o necessário. Uma deliciosa eletricidade e tensão invadem o espaço. Um suspiro escapa de meus lábios. Ele está muito perto, sinto seus implacáveis olhos pretos, sua presença perturbadora atrás de mim que causa o arrepio de todos os pelos de minha nuca.

Inclina-se e beija meu ombro com a fina alça do vestido. Fico com a respiração presa e não posso me mover. Observo-o, hipnotizada, quando se coloca na minha frente, seus dedos acarinhando meus cabelos até colocá-los para o lado, em seguida rodeando minha orelha e muito suavemente acariciando o lóbulo. Isso é muito erótico.

- O jantar já está pronto - anuncia com voz baixa e melodiosa. - Estava apenas esperando por você.

- Oh. - Luto para articular algo coerente. - Estava esperando que fosse ajudar você a preparar a comida ou algo do tipo. Tem certeza de que não quer eu faça algo por você?