Capítulo 15

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Ano de 2006

Apesar de reconhecer a origem de todas as coisas, hoje sou uma viciada em drogas, e não tenho razões para parar. Ou talvez meu problema seja força de vontade. Será mesmo? Quando sua vida é uma merda sem escrúpulos, as reservas de força são as primeiras a serem esvaziadas. É mais fácil e menos doloroso deixar as coisas simplesmente acontecerem. Drogas são a minha morfina e eu me sinto muito bem com elas. Tudo se torna um pouco mais... divertido.

E eu adoro rir.

A Sra. Carver está aqui. Esperou o momento certo em que Jerome me deixaria sozinha, para me abordar. É uma discussão e tanto. Estou completamente sóbria quando recuso a oferta de deixar seu filho por uma boa quantia em dinheiro, mas, após ser xingada de todas as maneiras, receber uma bofetada por não aceitar seu dinheiro e testemunhar o aumento do repertório de apelidos carinhosos da Sra. Carver para mim, eu me tranco no quarto e começo minha própria festa. Uma em que eu não choro, apenas rio.

O meu evento anestésico para a dor só está começando.

— Senhoras e senhores, é hora de uma salva de palmas para mim! — Eu me levanto e faço uma reverência que quase promove um encontro entre a minha cara e o chão. Sou segurada pela cintura antes que o desastre aconteça. Olho por cima do ombro, já sabendo quem é meu herói. Inspiro o perfume dele, deleitada, e escoro a cabeça sobre seu ombro. — Adoro quando você me pega por trás, querido.

É nesse estado deplorável que Jerome me encontra quando chega em casa. Ele finalmente cedeu ao prometer me ajudar dando o que lhe pedi, mas não está achando minha brincadeira nada engraçada.

— Cheguei agora há pouco — comenta e me dá um beijo daqueles quando o agarro pela gola da camisa oferecendo os lábios. O homem sabe como acionar o fogo dentro de mim. — E eu vi a Sra. Carver descendo a escadaria do prédio — termina.

Faço uma careta de desgosto.

— Você tinha que me lembrar desse incidente horroroso.

Agacho no chão e começo a recolher as evidências de que estive me chapando. Jogo tudo na cesta de lixo do banheiro e deixo as coisas na mais perfeita ordem.

— O que aconteceu, afinal?

— A sogrinha veio me fazer uma visita. Ela foi legal, como sempre. Saiu tão apressada. Mas tenho certeza de que se não fosse a correria, a Mamãe Ganso teria deixado um beijo para o filhinho de ouro dela.

— Palavras ácidas, Ellie — repreende.

Finjo não escutar e o ouço me seguir até a sala, onde começo a arrumar as almofadas.

— Como foi a aula, querido? Se divertiu?

Jerome coloca as chaves da casa e do carro na mesinha de centro. Em seguida, desaba no sofá com um suspiro de cansaço, e cobre os olhos com a mão como se não aguentasse mais ver a luz do dia.

— Foi um saco — responde.

— Eu avisei que se ficasse aqui comigo seria muito melhor.

Ajoelho-me na frente dele e apoio as palmas da mão sobre suas coxas musculosas. Começo a esfregá-las com um sorriso indolente enquanto o assisto ficar perturbado com minhas carícias.

— Sabe que eu teria feito isso, se pudesse. — Ele cobre minhas mãos com as suas a fim de parar meus movimentos excitatórios. — Amanhã inicia o período de exames finais — diz, sério. — Isso significa, portanto, que minha noite vai ser uma porcaria que vou passar em claro.

Ás de Copas [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora